postado em 18/10/2019 04:08
[FOTO1]Da quebra do barro com a marreta, a matéria é triturada na máquina de grãos. Depois, é hora de passar pela peneira e pela hidratação na maromba. Assim nasce a cerâmica que, após ganhar forma pelas mãos de um artista, chega à mesa como prato, caneca, xícara ou, em outros ambientes da casa, compõe a decoração como vaso de planta e escultura. Exemplares desse tipo de arte poderão ser vistos de quinta (23) a domingo (27), em evento a 100 quilômetros de Brasília. O 1; Encontro de Ceramistas do Estado de Goiás reunirá dezenas de artesãos no povoado de Olhos D;Água.
Além da exposição de obras e artefatos feitos de cerâmica, a programação contará com palestras e oficinas gratuitas sobre técnicas; mercados físico e virtual; novas tecnologias; tipos de forno para queima de argila; e montagem de tornos (máquinas usadas para moldar o barro), entre outros temas. Também haverá exibição de vídeos para a comunidade e uma mostra mirim de peças em barro feitas por crianças de 5 a 12 anos.
A transformação do barro em arte e em objetos utilitários é um ofício e, ao mesmo tempo, um processo de descoberta. Pessoas conhecem seus dons enquanto manipulam a argila. Um dos participantes do encontro de Olhos D;Água, o ex-policial militar Paulo de Paula, 51 anos, teve seu primeiro contato com a cerâmica em 1990, em um curso aberto à comunidade no Museu Vivo da Memória Candanga. A partir dali, ele decidiu dar outra forma à própria vida.
;Eu era funcionário público e larguei o emprego pra fazer o que tanto amava. No começo, isso me assustou um pouco. Pensei que ficaria apreensivo em relação à instabilidade da ausência de um contracheque, mas isso foi vencido. Rapidamente, atingi um público de uma forma muito gratificante. Com o apoio da minha esposa, que sempre acreditou no meu potencial e me deu suporte pra que eu alcançasse esse domínio dentro da cerâmica, a transição foi tranquila;, conta.
;Eu era funcionário público e larguei o emprego pra fazer o que tanto amava. No começo, isso me assustou um pouco. Pensei que ficaria apreensivo em relação à instabilidade da ausência de um contracheque, mas isso foi vencido. Rapidamente, atingi um público de uma forma muito gratificante. Com o apoio da minha esposa, que sempre acreditou no meu potencial e me deu suporte pra que eu alcançasse esse domínio dentro da cerâmica, a transição foi tranquila;, conta.
Depois de optar pelo ofício de ceramista, Paulo de Paula formou-se em artes visuais pela Faculdade Dulcina de Moraes. Como um bom filho, voltou ao projeto que o despertou para o caminho da cerâmica, no Museu Vivo da Memória Candanga. Desta vez, como professor. Ele vê nos alunos as perspectivas que o universo da arte oferecem.
;Como já trabalhei com todas as faixas etárias, percebo que a cerâmica traz a pessoa, de uma forma terapêutica e também objetiva, para o centro de si. Adultos e idosos, por exemplo, passaram a vida inteira trabalhando, estudando, cuidando da família e, muitas vezes, se esqueceram deles próprios. Quando passam a trabalhar com a cerâmica, se reencontram;, avalia Paulo.
O ex-funcionário público mantém um ateliê na Quadra 112 da Asa Norte, expõe e vende suas peças em um site e em eventos como a CasaCor e feiras de artesanato. Ele faz esculturas de até dois metros de altura. Sobre o campo de atuação, Paulo destaca: ;Você consegue transformar um pouco de barro, que aparentemente não é nada, em um objeto utilitário ou artístico. Meu trabalho pode estar em uma feira de artesanato ou dentro de uma galeria, como muitas vezes esteve. Brinco que sou artistão. Um híbrido entre artesão e artista;.
Feminilidade
Hilda da Costa Freire, 42 anos, também vai expor no 1; Encontro de Ceramistas de Goiás. Ela faz esculturas que destacam a feminilidade, com referência a figuras marcantes como a pintora mexicana Frida Kahlo.
Natural do próprio povoado de Olhos D;Água, Hilda tem em sua obra um resgate da infância que não conseguiu viver. ;Sempre falo que, pequena, sonhava em ter bonecas. Nasci na roça e não tinha brinquedos. Acho que hoje, quando faço uma peça, busco essa época perdida. Brinco com elas (as esculturas de bonecas) como eu gostaria quando era criança. Nelas posso fazer o vestido que quiser, colocar lenço. Posso fazer da forma que eu imaginar;, afirma.
A artista, que trabalha com artesanato desde 2014, começou com fibras naturais como palha de milho. Na cerâmica, encontrou sua realização profissional e pessoal. Além do amor pela arte, é ela (a cerâmica) que proporciona o meu sustento e o da minha família.;
"Você consegue transformar um pouco de barro, que aparentemente não é nada,
em um objeto utilitário ou artístico. Meu trabalho pode estar em uma feira de artesanato
ou dentro de uma galeria. Brinco que sou artistão. Um híbrido entre artesão e artista;
em um objeto utilitário ou artístico. Meu trabalho pode estar em uma feira de artesanato
ou dentro de uma galeria. Brinco que sou artistão. Um híbrido entre artesão e artista;
Paulo de Paula,
brasiliense que vai expor no evento goiano
Participe
brasiliense que vai expor no evento goiano
Participe
; De 23 a 27 de outubro
; Das 9h às 20h de quinta a sábado e das 9h às 12h no domingo
; Povoado de Olhos D;Água, Alexânia (GO)
; Entrada gratuita
; Informações: (61) 98271-6181
; Como chegar: de Brasília a Alexânia são 85km pela BR-060. Na principal avenida comercial da cidade, ir até o último balão, onde começa a GO-139. Seguir 10km pela rodovia estadual até um trevo onde a placa indica Olhos D;água. Dali ao povoado são mais 5km.