postado em 19/10/2019 04:06
[FOTO1]Motoristas de aplicativos fizerem um protesto na manhã de ontem para pedir mais segurança. Cerca de 30 condutores participaram de uma carreata que saiu do Mané Garrincha e seguiu até o aeroporto. Alguns escreveram mensagens nos vidros traseiros dos carros. Os trabalhadores também buzinavam para os demais veículos que passavam pela pista. Foi o segundo protesto da categoria em uma semana.
Douglas de Freitas, 29 anos, trabalha como motorista por aplicativos há três anos e participou de parte do protesto. Ele afirma que muitos outros condutores não puderam comparecer ao ato, mas pararam de trabalhar durante o dia como forma de manifestação. ;Não dá para trabalhar dessa forma. Nós estamos sendo mortos, saímos sempre sem saber se voltamos para casa. Queremos que o governador e a Câmara Legislativa nos escutem, e obriguem as empresas a tomar uma medida sobre isso;, diz.
A onda de violência contra motoristas de aplicativo tem alarmado a categoria. Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que os roubos com restrição de liberdade têm como principais vítimas condutores desse tipo. Em comparação com o ano passado, o número de casos aumentou cinco vezes. De janeiro a junho, foram 71 casos, enquanto no mesmo período de 2018, foram registradas 14 ocorrências.
O caso mais recente aconteceu na noite de quinta-feira, em Santa Maria. Três adolescentes, de 16 e 17 anos, roubaram o carro de um motorista, 32, que trabalhava na região. O trio solicitou uma viagem em um condomínio e, poucos minutos após entrar no carro, anunciou o assalto. Com uma arma nas costas da vítima, eles o abandonaram em uma rua. Assim que saiu do veículo, o motorista de aplicativo acenou para o condutor de um VW Fox, que passava na via, e pediu que o ajudasse a seguir o carro roubado pela BR-040, sentido Valparaíso. Durante o caminho passava todas as informações à polícia.
Policiais militares de Santa Maria avistaram adolescentes que dirigiam em alta velocidade e deram início a uma perseguição policial. Durante a fuga, ao entrar na via comercial entre as quadras 202/203 de Santa Maria, o trio colidiu com uma caminhonete Toyota Hillux estacionada na via e, em seguida, foi preso. Com eles, os policiais militares encontraram uma arma de fabricação caseira, dois comprimidos de rohypnol e uma pequena porção de maconha.
Com ferimentos leves, os adolescentes foram levados para o Hospital de Base e, em seguida, encaminhados para a Delegacia da Criança e do Adolescentes 2 (DCA 2). Na unidade, os policiais verificaram que um dos envolvidos estava com mandado de busca e apreensão em aberto.
Violência
Na semana passada, dois motoristas foram mortos enquanto trabalhavam. O corpo de Henrique Fabiano Dias, 25, foi encontrado morto com sinais de estrangulamento, na madrugada do último domingo, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Dois dias antes, Tiego Cavalcante, 28, foi encontrado morto em uma estrada de chão em Samambaia.
Uber e 99, empresas mais populares no DF, foram procuradas para comentar as manifestações e dizer se há algum projeto para trazer mais segurança aos motoristas. Até o fechamento desta edição, a Uber não havia respondido. Em nota, a 99 afirma que tem uma política aberta ao diálogo com os motoristas e que coloca a segurança como prioridade, com o aplicativo colhendo informações antes, durante e depois das corridas.
*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão