postado em 20/10/2019 04:07
O aniversário de Raquel Fagundes não será mais o mesmo. Raquel completa 39 anos no dia 23 e a mãe, Veiguima Fagundes, 56, faria mais um ano de vida no próximo dia 24. Veiguima foi assassinada a facadas e, em seguida, carbonizada, em 30 de janeiro de 2019, na própria casa na 310 Norte, pelo companheiro, José Bandeira da Silva, com quem mantinha um relacionamento há 10 anos. Ele também morreu devido a uma parada cardiorrespiratória. A mãe é descrita pela filha como uma pessoa extremamente querida que ajudava a todos. ;Os amigos da adolescência dela, lá de Planaltina, o pessoal lá da roça, ninguém até hoje acredita;. As dificuldades de lidar com a dor da perda parecem não ter fim, pois tudo lembra a mãe.
Após oito meses do ocorrido, Raquel retornou ao trabalho de farmacêutica, mas desde o falecimento da mãe, não conseguiu ter forças para voltar à igreja e pedir ajuda médica. Ela conta que o refúgio que tem é em casa fazendo devocionais bíblicas. ;A ficha demora a cair, tem dias que não são fáceis, mas eu me apego em Deus;.
As lembranças do relacionamento abusivo da mãe ainda estão bastante afloradas na cabeça de Raquel. A filha diz que Veiguima era muito preocupada com José. ;Ela estava com dó (do marido). No começo, minha mãe gostava dele, passaram 10 anos juntos, eles viveram muito bem. Quando ele começou a adoecer, começou a ficar ignorante. Ela pensou várias vezes em uma separação. Raquel perdeu as contas de quantas vezes ela tentou se separar. ;Ela ia e voltava, ia e voltava;. Mas o companheiro sempre ligava para ela a fim de convencê-la a voltar. Ameaçava que morreria sozinho, e então Veiguima decidia ficar.
A pesquisadora Lia Zanotta Machado, do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), analisa que normalmente as vítimas de feminicídio já haviam sofrido casos de violências antes e que os homens que cometem esse tipo de crime apresentam características de controle abusivo e posse sobre a mulher. ;Se a mulher diz alguma coisa que ele não quer, ou faz algo que ele não aprova, o resultado é a violência. Em alguns casos, são inúmeras as ocorrências policiais. Outros, estão relacionados à ameaças verbais graves ou as que deixam as mulheres atemorizadas;. A antropóloga aponta para a necessidade de que toda denúncia seja investigada a fundo. ;Esses homens devem passar por um encaminhamento psicossocial, pois não sabem lidar com as emoções;, alerta.
Onde procurar ajuda
Onde procurar ajuda
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência ;
Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)
Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
Locais: 102 Sul (Estação do Metrô),
Ceilândia, Planaltina
Delegacia Especial de
Atendimento à Mulher (Deam)
Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
(61) 3207-6172
Disque 100 ; Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100
Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
(61) 3910-1349 / (61) 3910-1350