Cidades

''Muito difícil não saber quem fez essa maldade'', diz irmão de Noélia

Noélia Rodrigues foi encontrada morta na sexta-feira (18/10). Ela estava desaparecida desde a saída do trabalho na noite de quinta (17/10). Crime é investigado como feminicídio

Emilly Behnke
postado em 20/10/2019 14:05
[FOTO1]Com emoção e incredulidade, familiares, amigos e colegas de trabalho de Noélia Rodrigues de Oliveira, 38 anos, se reuniram para a despedida da vendedora. O velório de Noélia ocorre neste domingo (20/10) no Cemitério Campo da Esperança, em Taguatinga. O enterro está previsto para 15h30.
"Tem sido muito difícil a ansiedade, não saber quem fez essa maldade", afirmou José Egídio de Oliveira, irmão de Noélia.

Descrita como mãe exemplar e trabalhadora dedicada, a lojista deixa três filhos: uma menina de 9 anos, um menino de 5 e um adolescente de 16 anos. Fica também a saudade de uma amiga e familiar querida.

Parte da família de Noélia, que é cearense, não pôde comparecer por viver em outros estados. Os pais dela vivem no estado e não conseguiram vir. A vendedora é a mais nova de uma família de 14 irmãos.

"A família é muito grande tem gente que mora no Acre. Mas veio um pessoal do Tocantins, de Goiânia e os daqui de Brasília", disse o irmão. "Mas veio muita gente e ainda vai vir mais. A família é muito grande e ela tinha muitos amigos. Trabalhava na área de comércio e conhecia muita gente, era muito simpática", completou.
Também irmão de Noélia, José Guedes, 41, disse que eles foram pegos completamente de surpresa com o crime. "Muito triste, é um abalo muito grande, jamais imaginamos que isso ia acontecer com a nossa familia", lamentou. "Temos agora que abraçar e dar todo o apoio para essas crianças. Eles não ficar desamparados", acrescentou.
O sentimento de inconformidade e o desejo de justiça também se fez presente. O responsável pelo assassino de Noélia ainda não foi detido. A polícia segue com as investigações. "Espero que a justiça seja feita. Ela não merecia passar por tudo isso", disse o irmão José Guedes.
"Era uma pessoa maravilhosa cativante. Foi muita crueldade. Virou algo banal matar mulheres", disse uma amiga, que preferiu não se identificar. "Ela era alegre, tinha um sorriso lindo e muita vontade de viver", completou.

Entenda o caso

Noélia foi encontrada morta na Colônia Agrícola 26 de Setembro na sexta-feira (18/10). A lojista apresentava uma marca de tiro no rosto e sinais de luta corporal, apesar de estar com as vestes completas. Se confirmado, o caso de Noélia será 27; crime de feminicídio no Distrito Federal em 2019. A moradora do Sol Nascente havia desaparecido na quinta-feira (17/10) por volta das 22h, após sair do shopping onde trabalhava, na Asa Norte.

O marido de Noélia, com quem era casado há mais de dez anos, chegou a registrar ocorrência do desaparecimento da esposa na 5; Delegacia de Polícia (Área Central). Na noite do desaparecimento, Marcos Paulo conversou por vídeo com a vendedora pouco antes dela não ser mais vista. Ele relata que a partir da 22h23 de quinta-feira (17/10) a esposa não retornou mais ligações ou mensagens. Foi Marcos quem realizou o reconhecimento do corpo de Noélia. Neste sábado (19/10), o corpo passou por exames no Instituto Médico Legal (IML).
Na sexta-feira, os investigadores recolheram as roupas do marido da vendedora. Carro e moto dele também foram apreendidos para análise. "Estamos investigando isso, mas também estamos investigando outras hipóteses", afirmou a delegada-chefe Adriana Romana, da 38a Delegacia de Polícia (Vicente Pires), que apura o caso.
No sábado, Geraldo Madureira, advogado de Marcos Paulo, disse que o cliente colabora com a polícia, pois foi "tratado como suspeito". O advogado completa que foi o próprio Marcos que sugeriu a ida da polícia até a casa em que morava com Noélia e os dois filhos, localizada no Sol Nascente. O marido mostrou aos investigadores o trajeto que costumava fazer com Noélia quando a buscava na parada de ônibus, após ela sair do trabalho. ;Ele autorizou tudo e colabora para tirar essa nuvem de dúvida;, disse Madureira.
Violência contra a mulher - Onde procurar ajuda
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência ; Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Telefone: 180 (disque-denúncia)

Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
; De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h
; Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
; Entrequadra 204/205 Sul - Asa Sul
(61) 3207-6172

Disque 100 ; Ministério dos Direitos Humanos
Telefone: 100

Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Telefones: (61) 3910-1349 / (61) 3910-1350

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