Cidades

Secretário: conclusões de estudos sobre feminicídio ''preocupam bastante''

Em entrevista ao CB.Poder, Anderson Torres, titular da pasta da Segurança Pública, afirmou que ''o Estado tem uma dificuldade muito grande'' de prevenir esse tipo de crime. DF registrou 26 casos em 2019

Correio Braziliense
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postado em 21/10/2019 16:34
[FOTO1] O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, afirmou que a pasta tem feito estudos sobre o crime de feminicídio e chegou a conclusões que, segundo ele, "preocupam bastante". A afirmação foi feita na tarde desta segunda-feira (21/10), em entrevista ao programa CB.Poder ; parceria do Correio com a TV Brasília (assista à íntegra no fim desta reportagem).

"É um crime cometido dentro de casa, (com) arma branca. Um crime doméstico que o Estado tem uma dificuldade muito grande em chegar para poder preveni-lo. Neste ano, não há uma explosão do número de feminicídios. Não é isso. Temos alguns casos a mais. Acho que são cinco casos a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Mas nossa ideia não é ter casos a mais, é ter casos a menos", explicou o secretário.
Torres ainda elencou algumas medidas que a pasta tem adota para atingir o objetivo de reduzir o número de ocorrências desse tipo de cirme: "Temos trazido uma campanha às ruas. Precisamos que essas informações cheguem à polícia, que essas denúncias ocorram. Em 100% dos casos, no inquérito, na apuração, quando vai-se ouvir as pessoas, as testemunhas, elas dizem ;Eu sabia que ela apanhava. Ele bate nela há muitos anos. Ele grita com ela há muito tempo.; E ninguém faz nada. Aquela coisa de que em ;briga de marido e mulher, ninguém mete a colher;. E é esse ditado que queremos quebrar. A Secretaria de Segurança começou o ano ; depois de mapear e entender esse crime e como ele ocorre ; com uma campanha que chamamos de ;Meta a Colher;, que é isso: denuncie".
;Também estamos buscando (oferecer) atendimento especializado em todas as delegacias do DF. Minha ideia é exatamente essa: criar uma nova delegacia de atendimento específico à mulher na área de Ceilândia (...) e tentar ter núcleos eficazes, que funcionem 24 horas por dia em todas as delegacias;, acrescentou.
Só em 2019, o DF já registrou 26 casos de feminicídio. Na madrugada desta segunda, foi registrado mais um caso, no Entorno. Uma mulher de 31 anos foi morta a tiros depois de uma discussão com o companheiro.

O secretário comentou que o assunto tem sido analisado e que a Secretaria de Segurança Pública (SSP/DF) avalia se haveria um ;fenômeno de incentivo; à prática desse crime motivado pela publicização dos casos. ;Assim como foi feito na questão do suicídio, precisamos de muito estudo em cima disso para saber se há um fenômeno de incentivo com a divulgação. Ainda é uma coisa a se amadurecer bastante;, ressaltou.

Assaltos a motoristas

A onda de assaltos contra motoristas de transporte individual por aplicativo também foi tema da conversa com o chefe da SSP/DF. No entanto, o secretário comentou que aguarda uma reunião com as empresas do ramo para a discussão de medidas que possam garantir a segurança de condutores e passageiros.

Anderson atribuiu o aumento dos casos de roubo ao fato de, agora, haver dinheiro nos carros dos motoristas: ;Até pouco tempo atrás, (o dinheiro) não circulava;. ;Estamos trabalhando pensando nisso. Não há uma quadrilha específica. São várias pessoas. (...) É um crime que realmente precisa ser estudado, e as empresas têm de vir à responsabilidade também. Precisamos ouvi-las;, completou.

Superlotação em presídios

O secretário também posicionou-se a favor de medidas para trabalhar com apenados do sistema prisional a fim de esvaziar as penitenciárias brasileiras. Torres afirmou que as prisões da capital federal estão superlotadas e que é a saída para enfrentar o problema da criminalidade não é ;só prender; criminosos.

;Essa é uma questão que o país precisa responder. (...) Montei uma câmara técnica de estudo do sistema penitenciário do DF. Quero entender com detalhes o que está acontecendo lá dentro, saber se meu número de funcionários está bom, se o número de presos não está alto demais. Na primeira leva que tivemos, vi que temos um dos maiores déficits carcerários de vagas do país. A média é 68% e tenho 126% de aumento, de superlotação aqui em Brasília;, disse.
Assista à entrevista na íntegra:


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