Cidades

Assaltos em ônibus crescem 42% em setembro em relação ao ano passado

Em setembro, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) registrou 125 assaltos em coletivos no Distrito Federal, número 42% maior que o do ano passado. Nesta quinta-feira (24/10), rodoviários da São José cruzaram os braços em protesto, depois de uma tentativa de latrocínio

Geovana Oliveira*, Walder Galvão
postado em 25/10/2019 06:00
[FOTO1]Por dia, ao menos quatro veículos do transporte público do Distrito Federal são alvos de assalto. Levantamento da Secretaria de Segurança Pública (SSP) mostra que apenas em setembro deste ano, ocorreram 125 crimes dessa natureza. O número é 42% maior do que a quantidade de ocorrências do mesmo período do ano passado, quando foram registrados 88 casos. Na quarta-feira, criminosos invadiram um ônibus em Ceilândia e atiraram no rosto do motorista Welton Souza Ferreira, 29 anos, que sobreviveu. O crime aconteceu durante a tarde e revoltou trabalhadores da categoria, que reclamam de insegurança.

Apesar do aumento de roubos em coletivo registrado em setembro, a estatística demonstra queda no comparativo anual. Nos nove primeiros meses de 2019, ocorreram 1.209 crimes dessa natureza. Em igual período do ano passado, houve 1.292 registros, uma redução de 6,4%. Entretanto, motoristas e cobradores seguem trabalhando com medo. ;Ser rodoviário não é perigoso, mas em certas áreas do Distrito Federal, se torna uma profissão de risco;, ressalta o secretário-geral do Sindicato dos Rodoviários, José Wilson Cabral Filho.

De acordo com ele, os trabalhadores discutem entre si e com a chefia para não fazer determinadas linhas apontadas como perigosas. ;Consideramos áreas de risco as linhas que passam pela Estrutural, Samambaia Norte, Expansão do Setor O, em Ceilândia, e Sol Nascente. Com medo, motoristas e cobradores se recusam a trabalhar nesses lugares, porque não há segurança;, reclama. José Wilson afirma que as reclamações dos rodoviários sobre as linhas são constantes. ;Eles recorrem a empresa, que os trocam de posto. Entretanto, ninguém quer fazer esses trechos;, diz.

Quem precisa se arriscar durante o expediente de trabalho, encara uma rotina rodeada pelo medo. Um cobrador de 32 anos, que não quis ser identificado, exerce a profissão há seis anos. ;Já pensei em desistir várias vezes, por causa da insegurança. No mês passado, fui assaltado por dois adolescentes que entraram no ônibus armados;, relata. O homem ainda reclama que há falta de policiamento e que a ronda ostensiva da Polícia Militar é ineficiente. ;O poder público precisa investir em segurança;, frisa.

A situação também afeta os passageiros. A lojista Ivanize Conceição Santos, 60, moradora de Samambaia Norte, conta que já foi assaltada três vezes no percurso para casa, que dura 40 minutos. ;Sempre é muito ruim, uma sensação horrível. Assaltantes sempre armados e agressivos;, lamenta. Apesar de nunca ter sofrido agressões durante os roubos, ela afirma que já presenciou cenas em que pessoas saíram feridas. ;A polícia vem quando o ladrão já assaltou. A fiscalização deveria ser mais presente;, reforça.

Vigilância


A frota do Distrito Federal é composta por 2.822 veículos. De acordo com a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), todos os ônibus têm câmeras de vigilância em funcionamento. ;O equipamento, que é exigido nas vistorias dos veículos e no edital de licitação 001/2011, dá suporte aos órgãos de segurança nas investigações;, destaca a pasta, por meio de nota oficial. Além disso, a Secretaria afirma que discute soluções imediatas para proporcionar mais segurança para os operadores e usuários do transporte público da capital.

Também em nota, a SSP ressalta que a Polícia Militar realiza ;inúmeras operações a fim de evitar o cometimento desse tipo de crime (roubo em transporte coletivo) no DF;. Além disso, a pasta informa que a corporação organiza blitzes rotineiras nas principais rodovias da capital, o que tem contribuído para redução dos crimes. A PM ainda acrescenta que troca informações com os rodoviários por grupo de mensagens, o que tem sido uma ;estratégia fundamental;.

Paralisação

Revoltados com a insegurança e com a tentativa de latrocínio contra o colega de profissão, rodoviários da empresa São José paralisaram as atividades durante três horas.
A paralisação dos funcionários aconteceu das 4h às 7h desta quinta-feira (24/10).
A região mais afetada
foi Ceilândia.

Entenda o caso


Motorista baleado segue internado

Por volta das 15h, na Avenida Central do Condomínio Novo Horizonte, em Sol Nascente, dois homens e um adolescente participaram de um assalto a ônibus e dispararam contra o rosto do motorista Wendel Souza Ferreira. Profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) socorreram a vítima e a encaminharam ao Hospital Regional de Ceilândia. Wendel passou por cirurgia, mas continua internado na unidade de saúde. O estado dele é considerado estável.

Após o crime, policiais civis conseguiram deter dois acusados de participar do assalto: um jovem de 20 anos e um adolescente de 15. O outro suspeito, Rafael de Souza Pereira, 20, foi encontrado na tarde desta quinta-feira (24/10), no P Norte, em Ceilândia. De acordo com os investigadores, ele é apontado como autor dos disparos contra o motorista.

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