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''O que a gente quer é essa cidade renovada'', diz secretário de Governo

Em entrevista ao CB.Poder, José Humberto aposta em infraestrutura para conter os transtornos causados pelas chuvas. Em Vicente Pires, a expectativa é de que até o fim do ano 70% das obras estejam concluídas. Emprego e saúde também são desafios

Correio Braziliense
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postado em 25/10/2019 06:00
[FOTO1]O GDF está pronto para as chuvas no Distrito Federal. O Executivo local avalia que, em 10 meses de gestão, fez avanços, com a implementação de obras em pontos complicados da capital, como Vicente Pires, Sol Nascente e as tesourinhas do Plano Piloto. De acordo com o secretário de Governo, José Humberto Pires, ;mesmo com o período de chuvas, as obras não vão parar;.
As declarações foram feitas nesta quinta-feira (24/10) em entrevista ao programa CB.Poder, parceria do Correio com a TV Brasília. Segundo o secretário, até o fim do ano, 70% das obras de Vicente Pires devem ser concluídas. A previsão é de que as ruas 3 e 8 fiquem prontas nos próximos 15 dias. Neste momento, o GDF está na fase final de conclusão da obra de drenagem e esgoto do local.
Além disso, José Humberto detalhou os desafios do governo, como o desemprego e a regularização de lotes. Também fez uma avaliação sobre a Saúde, após a implementação do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges/DF).

O que mudou do ano passado para cá? Estamos preparados para enfrentar a chuva?

Todo mundo está preparado. A chuva chegou com vontade na região de Taguatinga, principalmente, em Vicente Pires. É a região oeste de Brasília. Mas o governo está preparado, a Defesa Civil está preparada para qualquer momento em que houver necessidade de atuar.

Algumas vias de Vicente Pires ainda têm lama. Há prazo para essas obras?

A Rua 10, em março, era intrafegável, e o governo decidiu fazer dela um modelo do que queremos que seja Vicente Pires. Levamos para a Novacap a empresa contratada e, desde então, vemos a trafegabilidade em uma via de 12 metros, com calçadas totalmente estruturadas. Agora, para a nossa felicidade, a chuva caiu, as bocas de lobo funcionaram, a lagoa de contenção está funcionando muito bem, o que nos projeta um futuro muito melhor. Hoje, o que há de intimidação ainda, e é até uma incomodação compreensível, é que, quando você faz obra de infraestrutura, tem de primeiro fazer a parte de drenagem pluvial e esgoto. Esse passo agora está na Rua 8 e na Rua 3 e, ali naquela região, ainda há lama. Mas a boa notícia é que o nosso secretário de Obras, Izidio (Santos), nos diz que, nos próximos 15 dias, essa drenagem será concluída, e nós não teremos mais essa água correndo pela rua.

Dá pra dizer que a Rua 10 passou no teste das chuvas? Em quanto tempo as demais estarão na mesma situação?

Como são nove empresas e 11 contratos e todas estão trabalhando, a nossa meta é de que, neste ano, a gente conclua 70% de todas as obras projetadas. Os outros 30% ficarão para o ano que vem. O que significa o seguinte: nem toda Vicente Pires estará completa, porque a cidade, no passado, quando esses projetos foram feitos, em 2009 e 2010, tinha 40 mil habitantes. Hoje, tem mais de 100 mil. É uma cidade que cresce, que é dinâmica, e esses projetos complementares também serão feitos, mas serão executados até o fim do governo

Quais seriam os três grandes desafios de Brasília?

O primeiro desafio de Brasília, hoje, eu diria que é o desemprego. Nós temos uma taxa de desemprego na faixa de 311 mil pessoas desempregadas e, para isso, o governador Ibaneis colocou como ponto fundamental, como política de governo, criar um ambiente de negócio favorável, de segurança jurídica favorável, para incentivar os empresários a investir novamente em Brasília, porque vários tinham saído daqui por falta de condições de trabalho e investimento. Isso é um dos primeiros problemas que foi enfrentado. A curva está mudando, e a tendência é de que ela vá caindo gradativamente. Sobre essa questão, é fundamental dois projetos: o Destrava DF, que é conduzido pelo secretário (de Desenvolvimento Urbano e Habitação) Mateus (de Oliveira), facilitando a liberação dos alvarás, dos Habite-se, para que destrave a cidade. O segundo é esse novo Pró-DF, que é o Desenvolve DF. Nós queremos que esses empresários possam se reabilitar e colocar de novo no mercado as suas empresas com segurança jurídica e com incentivo fiscal. Aqueles que não tiverem essa condição, certamente darão lugar a quem precisa fazer.

A Saúde está no meio desses desafios?

Sem dúvida, mas eu queria partir para outro antes, que é a questão da organização urbana. Brasília tem hoje em torno de 3 milhões de habitantes, mas por volta de 45% dessa região ocupada é irregular. Nós temos 23% da população vivendo em áreas irregulares. Então, reorganizar a cidade dentro da legalidade. Nesse ponto, nós estamos avançando muito em relação ao planejamento urbano, da vigilância do solo e, principalmente, da implementação da infraestrutura. Agora, nas políticas públicas, aquela que mais salta aos olhos é a saúde. A primeira vitória foi da implementação do Instituto (de Gestão Estratégica de Saúde do DF). Nos hospitais onde está operando, que é o de Base e o de Santa Maria, funciona bem, assim como nas UPAs. Além disso, o governador autorizou fazer mais seis UPAs, várias UBs pela cidade. Tem aí o projeto do Hospital Oncológico, que nós estamos acabando de destravar na Caixa Econômica Federal para começar essa obra também. Há outro projeto do Hospital da Região Centro-Sul, ali no Guará, que também está bem adiantado. E também um hospital novo na área de Ceilândia, que está em fase de elaboração de projeto.

Nós tivemos várias reclamações de pacientes sobre a falta de medicamentos e insumos médicos. Essa fase foi superada?

Eu sou dessa área, porque eu tive supermercado durante 37 anos da minha vida. Eu sei bem como é essa história de comprar, vender e essa logística. Quando tem uma complexidade dessas, sobretudo na área pública, que depende de licitação, processo etc., quando falta alguma coisa na ponta, é demorado demais para suprir. Mas essa questão, do ponto de vista do Iges/DF, está resolvido, e a rede também está totalmente abastecida. A inovação é no sentido de fazer chegar o remédio, sobretudo aqueles de alto custo, lá na residência do paciente que precisa. Esse é um ponto que estamos estudando. E a questão da logística, a mesma coisa, porque você não tem como distribuir esse medicamento para todas as unidades, realmente, tem de ter um local centralizado.

Voltando ao tema obras, na quarta-feira o GDF lançou o programa de vistoria de pontes e viadutos, com universidades, e, no último ano, tivemos a queda do viaduto do Eixão Sul. Como serão essas vistorias? Tem algum ponto que preocupa o GDF?

Eu estive nesse evento e fiquei realmente impressionado, porque ali é uma operação de ganha-ganha. São o aluno, o professor, as instituições, o governo e todos os envolvidos ali para fazer um diagnóstico correto da situação das pontes, dos viadutos e das obras de arte em geral. A surpresa que aconteceu neste ano foi a Rodoviária. Tinha ali uma possibilidade real de desabamento, e o governo agiu rapidamente, fazendo o emergencial. Nós entregamos a obra de recuperação com 14 dias de antecedência, liberamos o trânsito e essa questão está resolvida. Os viadutos todos estão sendo inspecionados. Esse trabalho será fundamental, porque são oito instituições. Ontem nós assinamos com seis, e mais duas aderiram.

As tesourinhas também passarão por reformas?

Nós temos 96 tesourinhas nos eixos W e L e vamos investir R$ 7 milhões para fazer essa recuperação. Vamos começar de quatro em quatro quadras, exatamente para não atrapalhar tanto o trânsito, ajudando as pessoas, sinalizando de forma correta, porque, sem tesourinha, ninguém vive em Brasília.

Então, em um futuro próximo, não teremos mais aquela imagem de carros boiando?

Esse é um outro projeto, o Drena DF, que também estava parado e que nós resgatamos para fazer uma intervenção maior na Asa Norte, onde é gravíssima a questão, e também em Taguatinga. O que o governador Ibaneis fez? Desde a transição, todo o dinheiro que era possível ser resgatado, restabelecido, como o caso do FNDE, nós fomos atrás, assim como o Hospital Oncológico. Então, nós estamos destravando as coisas no governo.

Brasília vai completar 60 anos. Que notícias boas o GDF tem para dar para o brasiliense nessa data?

Eu cheguei aqui com 13 anos de idade. Tenho 51 anos de Brasília; então, tudo o que a gente quer ver é essa jovem cidade renovada sempre. Nós estamos trabalhando muito na questão do Teatro Nacional, nos equipamentos da cultura. O governador Ibaneis procura fontes de financiamento, tanto que fizemos com a Fecomércio (Federação do Comércio, Bens e Serviços) e a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) um trabalho para ver se eles assumem o Teatro Nacional.

Outra região que também sofre muito nessa época de chuva é o Sol Nascente. O que está sendo feito nessa área?

No Sol Nascente, também estão acontecendo obras. Foram paralisadas agora nos últimos 15 dias por uma questão contratual. Uma das empresas que estava no consórcio veio à falência. Assim, é preciso restabelecer o consórcio. Juridicamente, isso é um trabalho que precisa ser feito; então, as obras voltarão, possivelmente, na próxima semana. Assim como em Vicente Pires, nós também colocamos uma equipe do GDF lá dentro, e estamos cuidando da cidade. Ela não está abandonada, não está parada, nós estamos cuidando.

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