postado em 31/10/2019 04:17
[FOTO1]A Polícia Civil do Distrito Federal procura Kleilson Sales Araújo, 37 anos, indicado pelo latrocínio (roubo seguido de morte) do cadeirante Marcilio Pereira da Silva Neto, 57. O suspeito é procurado pelo crime, cometido na terça-feira, e por fugir do Centro de Progressão Penitenciária (CPP), onde cumpre pena no semiaberto por receptação. A 13; Delegacia de Polícia (Sobradinho) apura a participação de, ao menos, mais um envolvido, também foragido do semiaberto.
Peritos do Instituto de Identificação conseguiram as impressões digitais de Kleilson durante análise de um dos celulares roubados pelo suspeito. Os 11 aparelhos telefônicos foram encontrados ainda na tarde de terça, enterrados na Quadra 11 de Sobradinho. ;Com o resultado preliminar, levantamos a ficha criminal do criminoso. Descobrimos que, no dia do assassinato, ele saiu às 6h30 do CPP, para trabalhar. Contudo, ele nunca foi ao serviço, mas sim, para o local do crime;, explicou o delegado Hudson Maldonado, chefe da 13; DP.
Cinco vítimas de Kleilson fizeram o reconhecimento fotográfico dele. O homem é morador do Sol Nascente. De acordo com o investigador, Kleilson teria recebido ajuda de um comparsa, que cumpre pena com ele no CPP. ;Nos chamou a atenção o fato de o autor residir longe do local do crime. Em apuração, soubemos que um amigo dele, morador de Sobradinho, também não retornou;, analisou.
;Com a nova informação, ligamos os pontos. Este homem mora próximo à quadra onde estavam os celulares. Além disso, uma das testemunhas nos disse que, após Kleilson ter descido do ônibus e atravessado a BR-020 a pé, ele teria subido na garupa de uma motocicleta. Ou seja, acreditamos que o comparsa deu todas as dicas para o crime, assim como a fuga;, acrescentou. ;Há outros dois foragidos do CPP e, sem dúvidas, vamos apurar se eles participaram do latrocínio .;
Inconformados
Ao menos 50 pessoas reuniram-se no Cemitério Municipal Redenção, em Planaltina de Goiás, para se despedir de Marcilio Neto. O enterro do cadeirante começou às 16h de ontem. Familiares e amigos da vítima se mostraram inconformados com o assassinato brutal do homem e, a cada momento, pediam justiça pelo crime.
A cerimônia fúnebre foi realizada pelo frei Rogério Soares, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês. O religioso rezou, com os presentes, o Pai-Nosso e o Ave-Maria, orações prediletas de Marcilio. ;O conhecia há pelo menos 20 anos. Éramos amigos de longa data e, quando soube da morte dele, senti como se alguém da minha família tivesse partido. Marcilio era católico devoto e, mesmo com todas as dificuldades físicas, não perdia uma missa. Era um anjo entre nós;, relatou.
Antes de morrer, Marcilio preparava uma festa surpresa para a irmã caçula, Francisca da Chagas, que completou 39 anos ontem. A mulher lembra do cadeirante como uma pessoa do bem, que fazia de tudo para manter a família próxima e unida. ;Meu irmão era devoto à palavra de Deus e não merecia esse fim. Ele não apresentava risco nenhum, mesmo tendo segurado esse bandido. É lamentável falar e viver tudo isso. Tudo o que eu quero é justiça e que Deus me dê forças para seguir em frente e superar o vazio de uma perda tão grande;, lamentou Francisca.
Memória
Reagiu a assalto
Na manhã de ontem, Kleilson Araújo entrou em um ônibus da Piracicabana, da linha 640.2 (Rodoviária de Planaltina ; W3 Norte e Sul), e anunciou o assalto. Armado, o homem rendeu o motorista, o cobrador e cerca de 70 passageiros. Depois de exigir os celulares das vítimas, ele foi para o meio do veículo, onde há espaço para pessoas com deficiência. Na ação, Marcilio Neto agarrou as pernas do suspeito, que deu um tiro para o alto. Mesmo assim, o cadeirante não soltou o criminoso. O homem disparou uma vez contra o peito esquerdo do passageiro, que morreu na hora. Kleilson fugiu com 11 celulares e R$ 419.