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Regional de Ensino do Recanto das Emas proporciona seminário destinado a professores da região para desenvolver práticas pedagógicas sobre a história negra em sala de aula

Correio Braziliense
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postado em 01/11/2019 04:08
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Quase não se encontrava lugar para sentar no auditório da Regional de Ensino do Recanto das Emas. Todos queriam acompanhar o seminário ;Tecendo diálogos de práticas pedagógicas sobre a história e a cultura afro-brasileira e africana em sala de aula;. Organizado pela coordenadora da unidade, Elna Dias, 47 anos, o encontro teve como objetivo debater junto aos professores a importância dos docentes no combate ao preconceito e a construção da negritude com os alunos.

Cerca de 280 profissionais se inscreveram para participar do evento, que ocorreu na última quarta-feira. A programação foi composta de palestras e apresentações culturais, como recitação de poesias, contação de histórias e roda de capoeira. A ação procura incrementar o cumprimento da Lei n; 10.639/03, que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas.

;Queria que essa discussão fosse realizada antes do mês de novembro, porque é o que geralmente acontece dentro das escolas, então classifico como uma conquista por termos conseguido;, destaca Elna Dias. Ela teve o apoio de Leandro Freire, coordenador da regional de ensino, que ressalta a relevância do evento. ;É de suma importância, porque a gente está enaltecendo a questão da consciência negra, para que possamos ter culminâncias nas escolas, não apenas no mês de novembro, e, sim, todos os dias;, diz.

Janaína Almeida Sérgio, 43, é professora da rede pública há 23 anos. Hoje ela ocupa o cargo de assessora especial na Secretaria de Educação. Ela esteve no seminário e defendeu uma abordagem mais aprofundada sobre a questão da negritude. ;É preciso que os professores trabalhem de forma reflexiva e problematizadora.;

Entre as atividades propostas pelo evento, a palestra da professora Pollyana dos Santos Silva Costa, 39 anos, foi uma das mais procuradas. De modo assertivo e direto, ela abordou como é desenvolvida a literatura afro-brasileira e africana nas escolas. ;Há um apagamento de autores negros dentro da sala de aula, eles nunca são estudados.; Durante a apresentação, ela trouxe diversos nomes de escritores que podem ser trabalhados, como Cristiane Sobral, Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus e Djamila Ribeiro, entre outros.



Conexão

A professora Renata Keila dos Santos, 31 anos, foi a responsável por encerrar as atividades do seminário. Ela apresentou o projeto Conexão Brasil e África, que consiste em apresentar para alunos de 5 a 10 anos a relação entre o país e o continente, a partir de metodologias interativas, como encenação de peças de teatro, musicais e presença de pessoas negras que repassem agregar conhecimento para os estudantes.

Sissi Daniel, 27 anos, é um desses casos. Angolana, mora desde os 12 anos no Distrito Federal em virtude do trabalho do pai na embaixada. Ela esteve no evento para falar do trabalho que faz há um ano, no qual apresenta para alunos o continente africano. ;Muitos não sabem que o Egito fica na África ou que na Angola se fala português. São vários exemplos que mostram o quanto os jovens estão desinformados;.

Ela acha que essa falta de conhecimento está atrelada aos professores, que não ensinam corretamente. ;Quando falam da África, sempre associam a guerras, fome e pobreza. Nunca são apresentadas riquezas e diferenças entre os países. Existem várias maneiras de apresentar o continente africano, não precisa ser só sobre a escravidão;, pontua.

*Estagiário sob supervisão de José Carlos Vieira

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