Cidades

Crônica da Cidade

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 06/11/2019 04:17
Sinalização precária

Os forasteiros, os não brasilienses, costumam reduzir ou colar a imagem ao que acontece na Praça dos Três Poderes a Brasília. É uma caricatura brutal, pois Brasília é, hoje, a terceira maior capital do país, com feição de metrópole e uma população de mais de 3 milhões de habitantes. Brasília ultrapassou Salvador e só fica atrás de São Paulo e do Rio de Janeiro, segundo o último Censo Demográfico do IBGE.

Nas férias fiquei em Brasília e fui resolver vários problemas em cidades nos arredores do Plano Piloto. As cidades do DF e Entorno vão se emendando uma nas outras. Procurei peças de carro no Setor H Norte, comprei peixe na Feira do Guará, visitei uma creche em São Sebastião, vi gente jogando pelada na terra vermelha, adquiri um carro em Taguatinga, visitei o mercado do Núcleo Bandeirante, almocei em uma feira e acompanhei minha filha a um concurso na Cidade Ocidental.

Ser uma cidade de 3 milhões de habitantes não deve ser motivo de ufanismo. Uma metrópole tão desigual apresenta muitos problemas e desafios de planejamento para os governantes. Mas, de outra parte, a cidade revela um grande dinamismo econômico, social e cultural. Com ou sem crise, as pessoas continuam batalhando pela vida.

As cidades parecem iguais e, de fato, têm alguns aspectos semelhantes. No entanto, se a gente começa a mergulhar nelas, percebe que Taguatinga, Guará, Núcleo Bandeirante ou São Sebastião são distintas e apresentam uma série de singularidades.

Mas um aspecto que me chamou a atenção em Brasília é a precariedade da sinalização em alguns pontos. Se você se equivocar em uma placa ou entrada pode bater em outra cidade. Ou, então, se envolver em um acidente.

Mesmo descontada a minha desorientação espacial, está difícil se mover no Plano Piloto e adjacências se você não conhece previamente o caminho ou não circulou por ele em período recente. Já fui parar várias vezes no Guará ao sair do ParkShopping porque as placas indicam os roteiros em cima das entradas, muitas vezes, em pistas perigosas, de grande fluxo e alta velocidade.

Um amigo ponderou: ;É, mas existem os aplicativos;. Está certo, mas e se faltar bateria, o que fazer? A cidade precisa ser sinalizada por placas acessíveis a qualquer mortal. Não existe nenhuma capital do mundo em que os caminhos sejam indicados pela seguinte orientação: ;Consulte o aplicativo para chegar a tal lugar;. O aplicativo é um recurso individual, não de uso público coletivo.

Parece que começaram a restaurar também a sinalização das faixas. As chuvas começaram. É outro perigo. Isso toca nossa segurança e nossa vida. Que me desculpe o leitor, mas, hoje, saiu uma crônica de utilidade pública, com cara de Grita Geral.



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