postado em 07/11/2019 04:16
Como se sabe, sou ainda um garotão e tenho dois netos maravilhosos: Judá, de 2 anos, e Aurora, de 6. Pois bem, na semana passada, vivi um drama. A médica da Aurora pediu que ela fizesse exame de sangue. Tremi nas bases quando soube da notícia. Claro que a sensatez recomenda que a gente dê a dimensão justa e real dos fatos.
Mas não é assim para todos. Tenho um amigo que já contabiliza: se tira sangue, com certeza de 100%, em algum momento, desmaiará. Sempre ou quase sempre é assim. Já avisa para a enfermeira sobre a dificuldade. Ele tem pressão baixa, sente que ela desce ainda mais e, de repente, apaga.
Admiro a destreza das enfermeiras, lapidada em muitos anos de ofício. Confio nelas. De minha parte, suporto razoavelmente o exame, mas não gosto quando perguntam como estou me sentindo. Ofereci o braço, suporto a tarefa, é desnecessário entrar em detalhes. É imperativo fazer; que se faça.
Só quero que tudo termine o mais rápido possível. Não crio um monstro. Diria apenas que não é das melhores coisas da vida. Se vejo adultos amarelarem diante da perspectiva do exame, o que dizer das crianças?
Ah, lembrei de uma história. Certo dia, fui a um laboratório para fazer exame, e o caos estava instalado. Parecia a polarização política que divide o país, as famílias e os amigos. Todos reclamavam, e o clima começava a ficar tenso. Logo, soube a causa. A máquina de emitir senhas enguiçou, não havia respeito à ordem de chegada, e a bagunça se instaurou no recinto.
Quando percebi o entrevero, procurei um líder na sala, mas ele não apareceu e decidi assumir o comando da situação. Banquei a solução e ordenei: ninguém precisa se estressar, porque eu resolvo. Examinei a máquina e, rapidamente, descobri que estava sem papel. Chamei uma funcionária, ela colocou papel, redistribuiu as senhas e desfez a confusão.
Sei que o Brasil precisa de líderes. Entretanto, não contem comigo, a não ser em situações de emergência. Tenho preguiça de mandar nas pessoas e, além disso, outros projetos me tomam o tempo e a atenção.
Mas voltemos ao exame da Aurora. Ela é dramática, resistiu e ensaiou um chilique. Fiquei preocupado com o desfecho da história. No entanto, à noite, me encontrei com ela. Estava tranquila, satisfeita e muito orgulhosa. Tudo correu muito bem.
Disse-me que havia se tornado perita em fazer exames. Com júbilo, exibiu um certificado que recebeu do laboratório. O diploma ostenta uma assinatura que confere credibilidade indubitável: ;Certifico que Aurora fez o exame de sangue com coragem e sem chorar nem um pouquinho. Parabéns! Assinado: Scooby-Doo;.