Cidades

Campeões em alto e bom som

Banda marcial do CEF 11, no Gama, coleciona prêmios de torneios de bandas de fanfarras do DF e de Goiás. Projeto do centro de ensino que estimula o gosto pela música completa duas décadas neste ano. Nesse tempo, 1 mil crianças e jovens participaram da iniciativa

postado em 13/11/2019 04:07
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O que era para ser apenas uma atividade lúdica e proporcionar conhecimento musical se transformou em um projeto com muitas premiações. A banda marcial Cláudia Martins de Carvalho, criada em 1999 no Centro de Ensino Fundamental 11 (CEF11) do Gama, é a vencedora atual do Campeonato Brasiliense de Bandas de Fanfarras e ganhou as edições de 2017 e 2018. O grupo também levou a melhor na versão goiana do torneio nos últimos quatro anos. ;Estamos pensando em disputar o nacional de bandas em dezembro e queremos ganhar;, avisa o diretor da escola, Luiz Antônio Fermiano, 59 anos.
Cem alunos integram a banda, cujo nome homenageia uma professora do projeto falecida em 2004. Cerca de 75 estudantes atuam no corpo musical, e os outros são balizas ou fazem parte do corpo coreográfico e do pelotão de bandeiras. Desde 1999, passaram pela banda 1 mil crianças e adolescentes. ;Uns já são profissionais; outros, bem avaliados na Escola de Música de Brasília;, conta Fermiano.

A professora de música Débora Duarte, 53 anos, explica que as aulas com instrumentos ocorrem no contraturno. ;É muito legal encontrar uma escola pública que dá esse valor. Foi aqui onde consegui mais espaço para trabalhar a nível profissional.; Débora relata que, além de concorrer a prêmios, a banda faz várias apresentações, inclusive fora do Gama. ;Já nos apresentamos em tribunais, no Palácio da Justiça, no Desfile de 7 de Setembro e em eventos de aniversários de Brasília;, lembra.

Ainda segundo a professora, manter o projeto funcionando sem apoio é uma tarefa difícil, por isso ela enfatiza a importância da ajuda voluntária da população para lavar, consertar uniformes e transportar alunos para apresentações.

Outra dificuldade enfrentada pelo grupo no Gama é a limitação de espaços para aulas coletivas e individuais. ;Muitas vezes, temos que ensaiar embaixo de uma árvore, numa sala do depósito. Mesmo assim, devolvemos à sociedade uma escola musical, jovens engajados, com visão de mundo, que sonham morar fora do Brasil e seguir a carreira como músicos. Temos pais envolvidos, a comunidade;, afirma o professor de música Thiago Francis, 38 anos.Thiago destaca que o ensino de música é obrigatório a todos do sexto e do sétimo anos do ensino integral. Porém, no CEF 11, está disponível a todos os alunos do fundamental. O professor diz ser realizado por proporcionar conhecimento por meio do projeto.;É mais que provado que a música faz a diferença na vida de uma pessoa. Um jovem fica menos ocioso quando está envolvido com as artes. Sou ex-aluno de escola pública, músico de orquestra violinista, maestro de uma orquestra em Brasília. Ensino no Gama pela paixão de ensinar, de dar a esses estudantes a oportunidade que eu tive;, finaliza.

Instrumentistas
Aluna do nono ano, Dálete Siqueira, 15 anos, entrou na banda com 11 anos e hoje estuda também na Escola de Música de Brasília. ;Eu pretendo ser neurocientista. Tenho a música como hobbie. Pode ser que, daqui a algum tempo, eu decida levar isso como profissão;, diz. Dálete toca violino, tem o instrumento em casa e usa o da escola na banda. ;Eu sempre achei violino bonito, sempre quis tocar. Quando cheguei aqui e descobri que tinha, fui correndo atrás de uma vaga.;Erick Vieira Lima, 12 anos, está no sexto ano do ensino fundamental. Ele conta que conheceu o projeto por meio da prima, que tinha entrado na escola e já tocava saxofone desde os 4 anos. Erick começou a tocar clarinete e já fez apresentações no Gama e em Goianira (GO).;Depois que eu entrei para a banda, eu comecei a querer ser musicista;, diz, satisfeito.Integrante da banda há três anos e meio, Alisson Silva, 14, toca trombone. ;Comecei a tocar no sexto ano. Eu vou ser músico, quero fazer faculdade na Universidade de Brasília e estudar na Escola de Música de Brasília;, afirma o aluno do nono ano.De acordo com os professores Débora e Thiago, o projeto do centro de ensino também atende à comunidade. Há aulas para os pais, e é permitido aos alunos continuar fazendo parte mesmo no ensino médio.

*Estagiária sob supervisão de Marina Mercante

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