Cidades

Ranulfo do Carmo, acusado de feminicídio, tem pedido de HC negado

A decisão foi tomada pela 3ª Turma Criminal e publicada na segunda-feira (2/12). Filha afirma sentir-se ameaçada e se disse aliviada com a manutenção da prisão

Deborah Fortuna
postado em 03/12/2019 18:36
[FOTO1]Onze meses após ter assassinado a esposa Diva Maria Maia da Silva, 69 anos, e atirado no filho, Régis do Carmo, 46 anos, o aposentado Ranulfo do Carmo Silva, 74 anos, teve o pedido de habeas corpus negado. Ele está preso preventivamente desde janeiro, acusado de feminicídio e tentativa de homicídio.
A decisão foi tomada pela 3; Turma Criminal e publicada na segunda-feira (2/12) pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). Ao Correio, a filha do casal, Rejane do Carmo Frota e Cysne, 42 anos, contou sentir-se ameaçada pelo pai e, por isso, disse estar aliviada com a decisão. "Eu fico mais tranquila, porque o que ele fez tenho medo de fazer o mesmo comigo. É um caso de outro mundo. Qualquer pessoa no meu lugar, ficaria assim", afirmou.
Desde que houve a possibilidade de soltura, Rejane tem temido represálias e perseguições. "Sempre tive medo dele mandar alguém para fazer algo com a gente", contou. "Em audiência de custódia, ele [Ranulfo] disse para nós [filhos] repensarmos a nossa vida. Eu estou com medo, não vou me calar. Eu fui vítima e isso é imperdoável. Eu não posso pagar para ver ele fazer isso comigo", completou.
Conforme o Correio adiantou em janeiro, caso Ranulfo seja colocado em liberdade, Régis e Rejane poderão receber medidas protetivas. O aposentado ficará proibido de manter contato com familiares por qualquer meio de comunicação e deverá manter distância até de 500m deles.
Ranulfo irá recorrer da decisão do habeas corpus ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A expectativa é de que o órgão julgue o caso a partir de março ; quando o recesso do Judiciário será encerrado.
A defesa alega há condições favoráveis para que Ranulfo possa responder o processo em liberdade. Além da renda lícita e endereço fixo, o aposentado é réu primário e tem idade avançada. Outro argumento é de que, antes de cometer o assassinato, Ranulfo teria brigado com o filho Régis dentro de casa. "A defesa sempre é ciente da gravidade e de que houve perda de vida. Mas, queremos aplicar a Constituição. E houve uma situação que está turva nesse dia do crime", defendeu o advogado Marcelo Elmokdisi Dimatteu. "Enquanto não sair a sentença, o acusado é inocente. Não interessa a acusação", acrescentou.
Ranulfo deve ir a júri popular no próximo ano, porém, ainda não há data para o julgamento.

Lembre o caso

Em 28 de janeiro deste ano, Régis e Diva voltaram para a casa da mãe após passarem um fim de semana em Goiânia, onde ele fez prova de um concurso. Os dois chegaram ao apartamento, na 316 Norte, por volta das 10h. Ranulfo chegou poucos minutos depois, discutiu com o filho e realizou os disparos.
Os peritos constataram que Ranulfo contra Régis, sendo que três disparos atingiram a região torácica do servidor. Em seguida, Ranulfo teria voltado ao quarto, recarregado a arma e voltado para matar Diva. Cerca de seis tiros atingiram a mulher, segundo o Corpo de Bombeiros, a maioria na cabeça. Os dois estavam casados havia quase 50 anos.
Após o crime, Ranulfo saiu calmamente do prédio, entrou no carro e tentou fugir. Policiais militares o prenderam enquanto ele passava pela Epia Sul, na altura da Quadra 8 do Park Way, sentido Gama. Ele não resistiu à prisão e foi conduzido à 2; Delegacia de Polícia (Asa Norte). Após prestar depoimento, foi recolhido à carceragem do Departamento de Polícia Especializado (DPE), próximo ao Parque da Cidade.
Régis foi socorrido e passou cerca de 15 dias internado. Diva morreu no apartamento.

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