postado em 06/12/2019 04:07
[FOTO1]Uma série de dúvidas ainda cerca a morte do médico Luiz Augusto Rodrigues, 45 anos, atingido por um policial militar, na 314/315 Sul há uma semana, após sair de um bar. Enquanto aguarda o laudo pericial do Instituto de Criminalística (IC), a Polícia Civil ouve envolvidos e testemunhas para esclarecer os motivos que teriam levado o PM a matar o endocrinologista.
Na manhã de ontem (5), os investigadores interrogaram o policial militar da reserva Ringre Pires Alves, 51, amigo do médico. Ringre acompanhava Luiz Augusto no momento em que os policiais realizaram a abordagem que resultou em sua morte.
O interrogatório durou mais de três horas. O homem manteve a versão de que não apontou a arma durante a abordagem. ;Ringre tem 30 anos servindo a corporação. Ele jamais faria uma dinâmica dessas. Infelizmente, houve uma fatalidade;, disse Marcos Venício Fernandes, advogado do amigo do médico.
A esposa de Ringre, presente no momento em que Luiz Augusto foi morto, também será interrogada. O depoimento está previsto para a próxima semana. Ela já foi ouvida pela Corregedoria da Polícia Militar. Ao contrário do afirmado anteriormente, a mulher teria visto tudo o que aconteceu. ;A situação é muito difícil. Ela está indo à psicóloga e tomando remédio pra dormir porque ela presenciou tudo. A gente está até pedindo adiamento do depoimento, porque ela não consegue nem falar. Quando começa, chora;, informou Marcos Venício.
Viviane Rodrigues, 44, esposa da vítima, também esteve na 1; DP ontem, acompanhada do enteado do médico, Victor Hugo Correia, 22. O rapaz, que morava com o casal, foi intimado. ;Eles queriam saber sobre o Ringre (amigo do médico). Como somos da família, os policiais perguntaram como era a convivência com ele;, contou Victor Hugo. ;Ele (Ringre Pires) era uma pessoa muito inconveniente. A gente suportava ele;, completou o rapaz.
Ao comparecem à delegacia, a esposa e o enteado de Luiz Augusto levaram o carro em que o médico foi morto, uma Ford Ranger branca, para uma nova perícia, a pedido dos investigadores.
Laudos
Além de interrogar os envolvidos, a PCDF aguarda o resultado dos laudos do Instituto de Criminalística (IC) para concluir o inquérito. ;Os laudos que vão apontar se alguém está mentindo ou se estão falando a verdade. A gente nem sabe se foi um tiro ou dois que acertaram o médico, nem mesmo onde ele foi alvejado. Mas sabemos que quem era pra receber o tiro era o Ringre, não o médico. Foi erro de execução. Ele (o policial) errou e acertou o Luiz;, disse Gerson Sales, delegado-chefe da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul).
A PCDF ouvirá novamente os profissionais que abordaram o carro da vítima ; entre eles, o autor do disparo que matou o médico. Segundo os militares, eles decidiram abordar os dois amigos por desconfiar de atividades suspeita. No entanto, ao se aproximarem do veículo, um dos PMs teria visto Ringre com uma arma apontada para o grupo. O objetivo dos investigadores é esclarecer as versões divergentes dos envolvidos no caso. Até o momento, sete pessoas prestaram depoimento.