Cidades

Exame confirma identidade

Amostra genética foi trazida da Bahia ontem, e Instituto de Pesquisa de DNA Forense da PCDF concluiu a análise em menos de seis horas. Pai do garoto é o assassino confesso

postado em 08/12/2019 04:16
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A Polícia Civil do Distrito Federal confirmou que o corpo encontrado na Bahia, na última quinta-feira, é do menino Bernardo da Silva Marques Osório, de 1 ano e 11 meses, assassinado pelo próprio pai, Paulo Roberto Osório, 45. A identidade foi confirmada por meio de exames feitos ontem à noite pelo Instituto de Pesquisa de DNA Forense (IPDNA). Amostras biológicas do cadáver, que estava no município de Palmeiras, foram trazidas pela equipe da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), chefiada pelo delegado Leandro Ritt.

O material veio em uma aeronave até o Aeroporto Internacional de Brasília, onde foi entregue ao médico-legista, geneticista forense e diretor do IPDNA, Samuel Ferreira. Assim que chegou, no início da tarde de ontem, a amostra foi encaminhada para os exames periciais. De acordo com a Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom), a equipe usou técnicas avançadas de genética forense para concluir o exame em menos de seis horas. Esse foi um tempo recorde para a corporação, segundo nota oficial.

Assim que o cadáver foi encontrado, no povoado de Campos de São João, a equipe da DRS viajou até a região, distante 1.033 quilômetros de Brasília, na sexta-feira. A avó de Bernardo, a advogada Juciane Mascarenhas Nascimento, 57, também se deslocou ao local para reconhecer o neto. No entanto, não foi possível fazer a identificação visual, e o confronto de digitais teve resultados inconclusivos. Por isso, a Polícia Civil decidiu realizar os exames de DNA em Brasília.

Com a confirmação, o corpo de Bernardo será transferido do Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Itaberaba (BA) para o DF, onde será enterrado.

Paulo Osório sequestrou o filho em 29 de novembro, quando o buscou na creche, na 906 Sul. No carro, entregou um copo com suco de uva ao menino. A bebida estava envenenada com três comprimidos de uma medicação para insônia, que era consumida pelo servidor público. Quando pai e filho chegaram à residência, na 712 Sul, começaram os preparativos para a fuga.

Bernardo passou mal ao menos duas vezes, dentro da casa. Paulo deu banho na criança e, pouco depois, o colocou na cadeirinha de segurança, no veículo dele. Em depoimento aos investigadores da DRS, o homem afirmou que o menino estava dormindo e que a intenção dele era seguir até a Bahia e ficar alguns dias com o filho para dar um ;susto; na mãe dele, a advogada Tatiana da Silva Marques, 30.

Paulo relatou que pegou a BR-020, para seguir até ao estado nordestino. No caminho, ao parar num posto para abastecer, notou que Bernardo estava morto. Ele continuou viagem e, após o ponto de divisa entre Goiás e Bahia, deixou o filho e a cadeirinha em um ponto de mata. Policiais civis realizaram buscas na área indicada pelo acusado, na quinta-feira, mas não encontraram o corpo. Tudo indica que o servidor tinha mentido sobre a localidade para que os agentes não chegassem até o corpo do menino.
Desarquivamento

Ao mesmo tempo em que a polícia tentava descobrir se o corpo encontrado na Bahia era de Bernardo, a Justiça desarquivava o processo sobre o assassinato de Neuza Maria Alves. Em 1992, a mulher foi morta com cinco facadas pelo filho, Paulo ; pai de Bernardo. O caso estava concluído desde 2004, quando o servidor público do Metrô-DF terminou de cumprir a pena de 10 anos na ala psiquiátrica do Complexo Penitenciário da Papuda.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) não informou o motivo de o processo ter sido aberto novamente. No entanto, informações preliminares de fontes do Correio indicam que o objetivo é a revisão de todos os autos do caso, inclusive o laudo de imputabilidade de Paulo Osório ; que, por conta do documento, não pôde ser responsabilizado penalmente pelo homicídio da mãe.

O crime ocorreu há 27 anos na mesma casa em que o servidor público morava atualmente. Ele esfaqueou a mãe, asfixiou-a com uma corda de náilon e, em seguida, colocou fogo no corpo. Em depoimento aos investigadores na época, o acusado afirmou ter confundido a mãe com um assaltante, mesmo após ela ter dito ;filho, não faz isso, eu sou sua mãe;. Ainda à época do caso, uma amiga de Neuza chegou a solicitar aos investigadores da Polícia Civil que Paulo Osório fosse liberado do presídio para comparecer ao velório da mãe. O delegado responsável pelo caso negou o pedido. Além disso, enquanto cumpria a pena pelo assassinato da mãe, o servidor teve habeas corpus rejeitado pela Justiça: laudo psiquiátrico desfavorável ;;à cessação da periculosidade;;.


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