Cidades

Motoboys do crime vigiavam vítimas em casas, lojas e bancos

Líder comandava esquema de dentro de presídio e articulava os assaltos, que ocorriam, sobretudo, em Brazlândia e Ceilândia. Suspeitos são investigados por pelo menos sete crimes. Em um deles, os homens se passaram por policiais civis

Sarah Peres
postado em 10/12/2019 22:15
[FOTO1]A Polícia Civil desarticulou um grupo criminoso especializado no roubo de casas, joalherias e saídas de bancos. Para escolher as vítimas, os acusados, que trabalhavam como motoboys, passavam até três semanas estudando a rotina de uma pessoa ou da família. Eles são indicados como os responsáveis por pelo menos sete assaltos pelo Distrito Federal. O líder da quadrilha comandava todo o esquema de dentro do presídio de Águas Lindas de Goiás.

Segundo o delegado André Leite, chefe da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri), as investigações sobre a associação criminosa começaram há três meses. O pontapé inicial foi um assalto a residência, em que os bandidos fingiram ser policiais civis. Um deles se passou, inclusive, por delegado da corporação.

;Essa ocorrência nos chamou a atenção. Assim, apuramos mais a fundo a atuação desse grupo. Confirmamos que se trata de um grupo especializado, que tem três núcleos de ação muito bem definidos. O primeiro, formado pelos motoboys, era responsável pelo levantamento de locais e pessoas a serem alvos das empreitadas criminosas. O segundo executava o roubo. Por último, tinha os receptadores, que vendiam os produtos dos assaltos;, explica o investigador.

Ainda conforme apuração da Corpatri, os motoboys passavam até três semanas observando um possível alvo, levantando a rotina e as melhores formas de atuação. Esses criminosos utilizavam a profissão, como entregadores de pedidos alimentícios, e aproveitavam para conseguir informações. Os planos eram orquestrados pelo líder, que está preso. ;O líder esteve em plena atuação, mesmo após ser preso em flagrante no mês passado e ser levado ao presídio de Águas Lindas. Isso não impediu que, do interior da cadeia, ele mantivesse contato com os comparsas.

;Além disso, vale salientar que o grupo tendia, sim, a ser violento (veja vídeo de uma das ações abaixo). Em pelo menos duas das ocorrências, as vítimas relatam agressões físicas, como coronhadas na cabeça;, acrescenta. Depois dos assaltos, os produtos roubados eram entregues para os receptadores. Um deles mantinha loja no Shopping Popular, onde revendia os celulares das vítimas.

;Esta era a terceira parte. Esse suspeito, por exemplo, conseguia desbloquear os aparelhos e, então, alterar o e-mail e dados do dono original. Em seguida, vendia os celulares a um preço bem abaixo do mercado. Assim, se fomentava uma atividade bastante lucrativa, tanto para ele (vendedor), quanto para os executores dos crimes, que tinham este receptador certo;, afirma André Leite.

Com as provas iniciais, os agentes da Corpatri representaram pela prisão temporária de cinco dias dos acusados. Doze estão detidos, e três estão foragidos ; um homem e duas mulheres. ;Agora, temos mais cinco dias para apresentarmos provas mais robustas quanto aos crimes, para assim, pedirmos a mudança de temporária para preventiva;, finaliza o delegado.

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