Cidades

Problemas são recorrentes

Sistema registrou 63 falhas neste ano, média de uma interrupção a cada 5,5 dias. Desde segunda, trens circulam com velocidade reduzida e companhia não tem previsão de quando o serviço será normalizado

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 18/12/2019 04:40
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De 1; janeiro até ontem, a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) registrou 63 falhas que provocaram a paralisação do sistema por tempo superior a 15 minutos. A média é de uma interrupção a cada 5,5 dias. Em todo o ano de 2018, foram 50 incidentes, sendo 38 por causas internas e 12 por causas externas.

Os resultados são atrasos, vagões lotados e incerteza sobre o funcionamento do metrô. Situações que se repetiram nos últimos dois dias, apesar de a falha atual não entrar na conta, uma vez que o sistema não foi paralisado. Desde a manhã de segunda-feira, os trens passaram a circular em velocidade reduzida entre as estações Asa Sul e 108 Sul ; de 80km/h para 20km/h. De acordo com a companhia, até o fechamento desta edição, ainda não era possível estimar quando o problema seria corrigido. Ou seja, a lentidão deve permanecer hoje.

A diminuição da velocidade impacta diretamente o tempo do trajeto e, por vezes, o horário em que os trens devem chegar às plataformas. A analista fiscal Soraya Furtado, 29 anos, embarcou durante a manhã de ontem na estação Samambaia Sul, e conta que o trem chegou a ficar parado por oito minutos na estação da 112. ;Quando estava próximo à estação, o metrô parou e ficou. Depois disso, ele começou a andar lento, e ficou assim até chegar à estação 102;, afirma.
De acordo com o pesquisador em mobilidade urbana e coordenador do Metrô-DF entre 1998 e 2009, Carlos Penna, a redução da velocidade pode estar relacionada a um equipamento chamado Wee-Z Bond ; dispositivo entre os trilhos que se comunica com os computadores do centro de controle para avisar quando cada trem passa por um ponto. Se o aparelho não estiver funcionando, a recomendação é de que os trens circulem a uma velocidade que possa ser interrompida em caso de encontro com outro comboio.

Segundo o especialista, a recorrência deste tipo de problema está diretamente ligada à falta de manutenção preventiva. ;O que acontece é que ao longo dos anos tem havido uma queda gritante em manutenção. A recomendação deveria ser para que todos os equipamentos utilizados passassem por uma vistoria no mesmo dia. Ao longo de uma semana tivessem uma manutenção mais profunda, e, de ano e ano, ainda avaliar o tempo de uso, porque as coisas se desgastam naturalmente. Se essa manutenção não for feita, o sistema para.;

O Metrô-DF informou que o problema atual foi identificado no Posto de Controle de Tráfego (PCT) da estação 110 Sul, equipamento que integra o sistema de sinalização. Em relação à recorrência dos casos, a companhia disse que teve ;ocorrências pontuais em 2019;. ;Tais ocorrências são oriundas de falhas em equipamentos essenciais, as quais interferiram na circulação de trens e geraram atrasos na prestação de serviços. A empresa vem trabalhando na aquisição de peças sobressalentes, realizando treinamentos e buscando melhorias internas dos serviços de manutenção, com o intuito de diminuir consideravelmente estas falhas.;

Transtorno

Karen Rocha, 32, pegou o metrô em Samambaia e conta que se atrasou para o trabalho devido à demora do trem. ;No trajeto, vai ficando lento e parando muito;, relata a assistente administrativa e comercial, que chegou à Rodoviária do Plano Piloto ontem com 23 minutos de atraso.

Além dos atrasos, a demora no transporte causou incômodos para os passageiros no interior dos trens. Luciana Medrado, 28, afirma que pessoas passaram mal dentro dos vagões devido à superlotação. ;Peguei na estação Águas Claras e, de lá para cá (Estação Central), quatro pessoas passaram mal. Em um momento, o metrô parou para que pudessem descer. Acho que estava muito cheio e demorou mais ainda para retirarem as pessoas do vagão;, narra. A auxiliar administrativa ainda conta ter ficado surpresa pelo problema ter persistindo por dois dias. ;Ontem estava lotado do mesmo jeito. Achei que hoje iria voltar ao normal, mas não voltou.;

A cuidadora Mirian Marques, 39, embarcou a caminho de Águas Claras preparada para enfrentar um tempo maior de viagem. Segundo ela, os problemas com atrasos são constantes, mesmo quando não há falhas. ;Os trens estão sempre atrasados, e eu chego sempre atrasada. Acho que por ser metrô, tinha que ser mais ágil, não tem engarrafamento;, opina.

Para tentar amenizar os transtornos para os usuários, o Metrô-DF informou, em nota, que, desde segunda-feira, solicitou à Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob-DF) ;o reforço nas linhas de ônibus que cobrem as regiões de Ceilândia e Samambaia durante o horário de pico;. Ao Correio, a Semob informou, também em nota oficial, que reforçou todas as linhas de ônibus de Samambaia, Ceilândia e Águas Claras com destino ao Plano Piloto, e que ;motoristas e veículos estão de prontidão para realizar o transporte de passageiros;, caso seja necessário.

Na manhã de segunda-feira, o Metrô-DF compartilhou uma mensagem nas redes sociais em que afirmava que o problema com a sinalização havia sido solucionado, e que a circulação estava em processo de normalização. Horas mais tarde, voltou a dizer que o problema persistia, e que seria resolvido na madrugada de terça-feira. No início da manhã de ontem, no entanto, a Companhia informou que as falhas não puderam ser corrigidas pela equipe técnica, e que por isso, a mudança de velocidade do trem continuaria.

*Estagiária sob supervisão de
Fernando Jordão

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