Cidades

Novo secretário promete diálogo

Depois de enfrentar polêmicas, como o corte de recursos do FAC e a nomeação de um universitário para a Biblioteca Nacional, Adão Cândido deixa a Cultura e será substituído pelo jornalista Bartolomeu Rodrigues

Correio Braziliense
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postado em 20/12/2019 04:07
Amigo do governador Ibaneis Rocha, Bartô, como é conhecido, chega com discurso de conciliação com a classe artística
Para o governador Ibaneis Rocha (MDB), era preciso mudar. A poucos dias da virada do ano, o chefe do Executivo exonerou o secretário de Cultura e Economia Criativa, Adão Cândido. A informação foi publicada ontem no Diário Oficial do DF. Quem assume a pasta é o jornalista e escritor Bartolomeu Rodrigues, conhecido como Bartô.

Ibaneis, de acordo com a assessoria de imprensa do Palácio do Buriti, reconheceu o bom trabalho de Adão e destacou a atuação do sociólogo como fundamental para arrecadar a verba da reforma do Teatro Nacional e para que Brasília fosse escolhida como tema do samba-enredo da escola de samba carioca Vila Isabel para o carnaval do próximo ano. Contudo, a cidade precisa de um outro olhar para o setor cultural.

O governador entende que a área cultural é uma das grandes atrações da cidade, que deve ser explorada como capital turístico. Portanto, Ibaneis quer um secretário com um perfil mais voltado para este viés.

Amigo de longa data do emedebista, Bartolomeu Rodrigues aceitou, ainda na noite de ontem, o convite para comandar a pasta. ;Pela minha relação e pela proximidade com ele (Ibaneis), não tive chance de fugir da luta. Chego com humildade, mas com vontade de trabalhar. Me identifico muito com a cidade e espero dar minha contribuição e fazer um trabalho em sintonia com os movimentos artísticos. Estarei pronto para colaborar no que for necessário;, afirmou ao Correio.

Nova gestão
Com espírito conciliador e uma vontade de conversar com a classe artística, o pernambucano de Serra Talhada acompanhou Ibaneis no decorrer da campanha e colaborou com o plano de governo. ;Sei o que ele pensa para a cultura;, ressaltou. Antes de assumir o desafio, Bartolomeu prestava consultorias de comunicação e estava concluindo um livro infantojuvenil.

O jornalista quer aproveitar a fase de fim de ano para imergir na área e entender as necessidades e as prioridades da pasta. Ele assume o cargo sabendo que, em 2020, Brasília completa 60 anos e o momento é de resgatar a cultura local. ;Brasília tem uma vida cultural pulsante, que precisa da intervenção estatal para estimular e não alimentar disputas. Temos que trabalhar olhando para o futuro. Brasília tem alma e está precisando de reconhecimento e estímulo que o Estado, dentro das suas limitações, tem o dever de contribuir;, analisou.

Exoneração
Sociólogo por formação, Adão Cândido chegou a ser candidato a vice-governador do DF, em 2014, na chapa com o ex-deputado Luiz Pitiman. Depois de perder nas urnas, assumiu como secretário de Articulação e Desenvolvimento Institucional do Ministério da Cultura, o primeiro cargo público da carreira, em 2016.

No governo de Ibaneis Rocha, Cândido foi nomeado secretário de Cultura e, logo no início da gestão, mudou a nomenclatura da pasta para Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF. Com poucos meses no cargo, o sociólogo viveu uma das primeiras crises. O motivo foi a determinação do órgão de suspender dois editais do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), lançados no ano passado: o FAC Áreas Culturais e o FAC Audiovisual. A intenção do então secretário era destinar os recursos para a reforma do Teatro Nacional ; investida proibida pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF).

A decisão levou a classe artística às ruas e às redes sociais em protesto. O Conselho de Cultura do Distrito Federal solicitou formalmente a substituição de Adão e pediu uma reunião com Ibaneis para falar das insatisfações perante a política adotada pelo então secretário.

Em novembro, durante a cerimônia de abertura do 52; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Cândido passou, mais uma vez, por momentos tensos. Ele enfrentou uma plateia inconformada, que entoou vaias e questionou a tentativa de corte de recursos do FAC. Por fim, o sociólogo foi criticado por nomear um universitário para a diretoria da Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), local que passou por reformas para abrigar o gabinete de secretário e de assessores.

Por meio de comunicado enviado à imprensa,Cândido agradeceu a oportunidade e a confiança dadas pelo governador durante a gestão. ;Acredito que realizamos grandes ações em defesa das políticas públicas culturais e do patrimônio neste período, e tenho a certeza de que a população do Distrito Federal irá colher os frutos deste trabalho;, finalizou.



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