Cidades

Moda negra em destaque: desfile em metrô propõe combate contra o racismo

Estação de metrô na Asa Sul recebeu 12ª edição do desfile que celebra a identidade dos negros e alerta para a necessidade de combater o racismo velado

Marcella Freitas*, Manuela Ferraz*
postado em 21/12/2019 07:00
Modelos desfilaram em horário de movimento intenso com o objetivo de chamar a atenção para a diversidadeModa, identidade e visibilidade da cultura negra. Tendo esses pilares como força motriz, o Desfile Beleza Negra parou a estação de metrô da 112 Sul nesta sexta-feira (20/12). O projeto, que teve início em 2012, provoca uma reflexão sobre a carência de espaço para artistas e estilistas negros no segmento da moda em Brasília.

Desde o escopo, a idealizadora do evento e produtora de moda Dai Schmidt pensou no evento como uma plataforma de divulgação de talentos que atuam desde os croquis até as passarelas. Tendo como palco a estação de metrô em horário estratégico ; por volta das 17h ;, os holofotes para a exibição foram ainda mais intensos.

;Realizar o evento em uma estação de metrô é uma oportunidade de tornar visível e acessível a nossa luta. Queremos que as pessoas entendam a importância de combater o racismo velado e, principalmente, sua forma estrutural. Ainda há muitos espaços para se conquistar, mas acredito sempre em um futuro melhor;, disse Dai.

Para celebrar a diversidade e o colorismo, o casting foi composto apenas por modelos negros. Para Nicolly Primo, 20 anos, um dos destaques do desfile, o evento contribuiu para colocar a causa do movimento em evidência. ;Desde sempre, a moda vem sendo usada como uma ferramenta de comunicação, referência cultural e influência. Por isso, é importante ocuparmos esse espaço;, destacou.

O evento reuniu públicos de diferentes idades: de crianças encantadas com as peças estampadas a adultos emocionados. Curiosos que passavam pelo local voltaram sua atenção para a novidade e todo o discurso atribuído.

Uma das pioneiras do movimento negro no Distrito Federal, Lydia Garcia, 82, aplaudia e incentivava cada modelo que riscava a passarela. ;Sou militante e fui a primeira mulher negra a criar um bazar de peças étnicas aqui, então, vendo essas roupas, a sensação que tenho é de empoderamento;, avaliou.

Outra espectadora que ressaltou a relevância da iniciativa foi Natalya Luane da Silva, 23 anos. ;Infelizmente, ainda são raros os eventos que exaltam a beleza negra;, refletiu.

Empreendedorismo

Cada uma a seu estilo, oito marcas foram selecionadas para representar o nicho de microempreendedores negros da capital. Para a estilista Lia Maria, da Diáspora009, esse foi mais um grande passo em direção ao reconhecimento. ;Temos construído ações afirmativas e estamos galgando espaço de protagonismo para ecoar que somos uma maioria representativa e plena de direitos. E vamos a cada dia nutrir o nosso autoconceito positivo também na moda;, observou.

* Estagiárias sob supervisão de Marina Mercante

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