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Indústria cresce em 2019 e atrai investimentos para a capital federal

Últimas pesquisas de 2019 mostram crescimento da produção e intensificação do parque fabril da capital federal. Índices de confiança e de expectativa do empresário brasiliense se destacam

Alan Rios
postado em 21/12/2019 07:00
Hoje, cerca de 6,9% do emprego formal de Brasília vem do setor industrialA indústria fecha 2019 com bons índices no Distrito Federal. O setor ; que representa um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 8,4 bilhões na capital ; impulsionou a economia com uma recuperação ainda inicial, mas otimista. É isso que apontam pesquisas divulgadas pela Federação das Indústrias do DF (Fibra), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei-DF) de dezembro, por exemplo, chegou a 63,4 pontos. Isso representa um aumento de 2,2 pontos em relação a novembro e um dos melhores resultados do mês na série histórica iniciada em 2010. Outro dado importante é o que mostra a intenção de investimentos para os próximos seis meses. O índice cresceu 17,8 pontos na passagem de novembro para dezembro: o melhor resultado desde 2013. As avaliações mostram boas perspectivas para 2020, pois podem fomentar a atividade e o mercado de trabalho no ano seguinte.

Presidente da Fibra, Jamal Jorge Bittar explica que esse aumento é bom para a sociedade como um todo. ;Esses números se refletem no DF de maneira geral, porque costumo dizer que tudo o que atinge a indústria acaba influenciando a sociedade. Temos uma capacidade muito grande de gerar empregos, então, os movimentos desse setor acabam abrindo um guarda-chuva de retornos para os brasilienses;, avalia. Hoje, cerca de 6,9% do emprego formal da capital vem do setor industrial.

Grande parte dessas vagas surge da construção civil, segmento que ganhou destaque no ano. ;Esse é um campo que teve números melhores do que a média, e isso é muito positivo. Principalmente porque o tipo de serviço gerado é muito importante. É aquele emprego que dá oportunidade para classes mais pobres, é um gerador primário da economia;, detalha Jamal.

O cenário positivo ainda não é visto com facilidade pela população. A taxa de desocupados no DF é maior do que a média nacional, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O representante da Fibra admite que tal realidade preocupa. ;A questão do emprego ainda não teve uma melhora significativa. Está tímida, mas compreensível para o momento. O que temos de lembrar é que as mudanças não são instantâneas. Precisamos incentivar a indústria local com ações continuadas. Muitas melhorias de 2019 só vão ser refletidas em 2020;, ressalta.

Para Jamal, o Governo do Distrito Federal (GDF) está percebendo a importância do investimento. ;Ações locais ajudaram mais as indústrias do que as nacionais. O GDF tem honrado os compromissos e ouvido o setor produtivo. Essa mudança de ambiente ajuda, porque o empresário vê efetividade e se sente mais seguro para investir;, acredita. O presidente diz ainda que a expectativa para o ano seguinte é boa, mas pondera: ;Não podemos esperar nada excepcional, isso também já seria excesso de otimismo;, ressalta.

Resultados e barreiras

Quem mais observa na prática as mudanças desses números são os brasilienses à frente de indústrias. As últimas pesquisas da CNI mostram que o DF tem 5.093 empresas industriais. Uma delas é a Teletron, que atua comercializando e prestando serviços de assistência técnica nas áreas de telecomunicações e informática há mais de 20 anos na capital. O sócio-proprietário Abraão Belém conta que 2019 foi um ano diferente. ;Tivemos resultados melhores do que na última década. Isso é muito bom, percebemos uma melhora significativa. Para se ter ideia, já temos propostas de negócios para janeiro;, comenta.

O empresário diz que as maiores dificuldades dos negócios do setor estão na qualificação de funcionários e nos impostos pagos ao Estado. ;Quando vamos fazer uma seleçãopara a equipe, percebemos que não é simples encontrar pessoas com as qualificações necessárias, então, surgem barreiras na hora de filtrar os currículos. Outro problema é que os tributos são altos, e isso eleva custos e inviabiliza negócios. Temos que trazer muita matéria-prima de fora do DF, principalmente do Sudeste do país, e isso pesa;, lamenta. Abraão também afirma que incentivar o setor industrial é benéfico para todos os estados. ;Crescendo a indústria, crescem os números de empregos. Vejo, de modo geral, que a economia de um local depende da circulação de dinheiro. Quando isso acontece, todos ganham.;

Projeções

Outra avaliação do empresário é que, em 2020, a expectativa é mais positiva do que negativa. ;Neste ano, os governos federal e local reduziram alguns impostos na área da tecnologia, mas não sentimos tanto porque o dólar subiu, então, ficou ;elas por elas;. Esperamos que, no próximo ano, isso mude. Estamos confiantes principalmente porque nossa demanda tem sido maior em 2019.; Embora reconheça os avanços dos últimos 12 meses, o economista Roberto Piscitelli pede reflexões para análise dos dados. ;Temos que ter muita cautela, porque ainda estamos longe de um desempenho satisfatório;, opina.

Na visão do especialista, é inegável que a construção civil, por exemplo, fomente o mercado de trabalho, mas é preciso detalhar como são essas vagas. ;Esse é um segmento com capacidade para dar uma maior quantidade de empregos do que outros, mas, às vezes, são serviços temporários, de baixa remuneração;, explica. A pesquisa da Fibra também mostra cautela em alguns pontos. O indicador de expectativa para contratações, por exemplo, diminuiu de 54,6 pontos em novembro para 53,5 pontos em dezembro. Por outro lado, a Federação avalia em documento: ;Apesar dos indicadores terem sido revistos, as expectativas ainda são de crescimento para a demanda e para o emprego;.

Construção

É um segmento que sinaliza a intenção de novas contratações em 2020. O indicador de expectativas para número de empregados avançou de 61,9 pontos em novembro para 64 pontos em dezembro. Em relação a dezembro de 2018, também houve aumento: 15,5 pontos.

Números

; Emprega mais de 82 mil trabalhadores

; PIB de R$ 8,4 bilhões (equivalente a 0,7% da indústria nacional)

; 3,9% de participação no PIB (último dado de 2017)

; Índice de Confiança do Empresário Industrial do DF

63,4 pontos em dezembro ; aumento de 2,2 pontos em relação a novembro

; Indicador de Expectativas

66,7 pontos em dezembro ; aumento de 2,5 pontos em relação a novembro

; Indicador de Condições Atuais

56,9 pontos em dezembro ; aumento de 1,7 ponto em relação a novembro

; Indicador de Intenção de Investimento

51,4 pontos em dezembro ; aumento de 17,8 pontos em relação a novembro

; Utilização da Capacidade Instalada

70% ; melhor desempenho desde dezembro de 2014

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