Cidades

Obras serão prioridade de Ibaneis em 2020

Ibaneis acredita que terá condições de investir cerca de R$ 4 bilhões em 2020. São mais de 50 obras e projetos de PPPs. Há previsão de reajuste salarial, mas valerá a meritrocracia: servidores que trabalharem mais e melhor levarão um aumento maior

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 26/12/2019 04:14

Chegou ao fim aquele clima de paralisação de obras públicas e medo do setor produtivo de investir na cidade pelo risco de faltar dinheiro até para a folha de pagamentos. O governador Ibaneis Rocha (MDB) não esbanja, segura como pode os reajustes, mas promete um ano novo com investimentos na casa dos R$ 4 bilhões. Nunca se chegou a tanto.

Ibaneis promete mais de 50 obras importantes na cidade, entre as quais construção de viadutos, revitalização de pistas, construção do Museu da Bíblia, apesar das polêmicas, e lançamento de concurso para o projeto de um novo cartão-postal no Eixo Monumental: o Museu de Artes Sacras. Com tantos projetos, o governador já fala em reeleição. Ele afirma que um único mandato, de quatro anos, não é tempo suficiente para a retomada do desenvolvimento econômico da capital do país.

Para o governador, servidores devem ser avaliados e remunerados pela meritocracia, com reajustes diferenciados de acordo com a importância e qualidade do trabalho. Quanto ao aumento das forças de segurança, Ibaneis afirma que a negociação está avançada --- na tarde da véspera de Natal, o presidente Jair Bolsonaro assinou a Medida Provisória que reajuste salários da Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, além da que prestigia o GDF, repassando para cá a gestão do Fundo Constitucional do DF.

Ibaneis elogia Bolsonaro, diz que votou no presidente e não se arrepende. Mas faz críticas ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, com quem já teve algumas trombadas políticas.


Que balanço o senhor faz do primeiro ano de mandato?
Foi um ano positivo. As pessoas pensam nos seus problemas diários e esquecem a situação em que recebemos o governo. Em primeiro lugar, viemos de uma eleição que foi surpreendente. Fizemos um trabalho importante, mas ainda existia por parte da população uma dúvida sobre o que ia acontecer. Tínhamos que vencer a questão da credibilidade. Eu trabalhei muito durante a transição, não tive nenhum dia de folga. Aquele momento foi um dos mais importantes para que pudéssemos avançar em 2019. Porque fizemos uma montagem técnica do secretariado. O fato de termos saído fortalecidos das urnas, possibilitou que montássemos uma equipe muito técnica. Não tem aquele histórico loteamento como era feito no passado entre os políticos em que cada um era uma ilha.

Mas vieram vários do governo Temer;
O Temer também fez um governo muito técnico. Bolsonaro só está conseguindo avançar porque encontrou uma estrutura bem azeitada. Conseguimos montar uma equipe coesa e conseguimos enfrentar os problemas da cidade com força. Por exemplo, o viaduto de Taguatinga estava parado há não sei quanto tempo. Conseguimos destravar. O viaduto da Asa Sul, na Galeria dos Estados. A obra era para ser entregue num prazo bem alongado. Chamamos as empresas, aceleramos as obras e conseguimos entregar. O Trevo de Triagem Norte, não andava a obra. Agilizamos tudo. Fizemos o pagamento e a dificuldade e hoje os técnicos tanto do Tribunal de Contas, quanto de quem paga os recursos, não estão conseguindo acompanhar a velocidade da obra.

Por que essas obras nas tesourinhas justo agora?
Temos um estudo, feito em parceria com o CREA e as nossas secretarias apontando quais eram os maiores riscos. Então, não temos que esperar para começar a fazer.

Qual a expectativa de investimento em 2020?
A gente espera investir R$ 3 a R$ 4 bilhões. No início do ano, nós temos várias licitações para soltar. Estão todas prontas. Existem vários projetos que não existiam, nós fomos lá e mandamos fazer os projetos, muitos já concluíram e já foram feito os orçamentos. Tem recurso já separado no início do ano para fazer todas as licitações. Eu acho que nós vamos colocar pelo menos umas 50 obras importantes na cidade, como o viaduto do Paranoá e Itapoã, o viaduto do Recanto das Emas, o viaduto do Riacho Fundo, a entrada de Sobradinho, a duplicação da BR 020 entre Sobradinho e Planaltina, o viaduto da Epig, duplicação da DF 140, revitalização da DF001, Pistão Sul... Nós vamos fazer todo ele... a Hélio Prates, o túnel de Taguatinga, o hospital oncológico... Tudo isso nós conseguimos destravar esse ano. Várias escolas, 14 creches. São coisas que não estavam nem no papel ou estavam paradas havia muitos anos.

Esse dinheiro é todo do orçamento do DF?
O orçamento do DF é muito engessado. Os governos de esquerda que passaram por aqui pegaram o orçamento e colocaram tudo no serviço público. A capacidade nossa é de torno de 5%. Então, calculo que a gente consiga uns R$2 bi de orçamento próprio, uns R$ 500 milhões da Terracap, devo ter mais uns R$200 milhões do BRB, na Caesb tinha R$7 milhões da Caixa. Quando juntar tudo, mais o orçamento da União, mais as coisas que estamos destravando, acredito que deve atingir de R$3 a R$4 bilhões podendo até ser mais um pouco. Tem muita coisa que tava travada na União que nós estamos conseguindo destravar, como é o caso da expansão do metrô. Eu tenho um compromisso de liberar a expansão do metrô de Samambaia e Ceilândia. Se entrar realmente, a gente passa dos 4 bilhões.

E o Museu da Bíblia? Vai sair? Estão dizendo que esse projeto não é do Niemeyer;
Não tenho nenhum problema do projeto ser ou não ser do Niemeyer. Quem está tocando é o representante do escritório deles. Então, isso é uma discussão que está fora da minha esfera. No início, nem sabia da existência desse projeto. Cheguei ao ponto de dizer que eu ia doar o projeto. Eu ainda chamei a minha arquiteta e mandei ela fazer quando surgiu essa questão dos desenhos do Niemeyer que estariam catalogados, mas essa é uma discussão que eu acho que não interessa para a cidade. Ser do Niemeyer ou não tem uma importância grande para Brasília, é um significado muito grande, mas se eles entenderem que não é, vou tocar o projeto do mesmo jeito e arrumo outro arquiteto para assinar. Então, eu não tenho esse tipo de problema, mas eu vou fazer, sendo ou não do Niemeyer.

Achou bonito o desenho?
Achei um desenho interessante. Não sou muito de entrar nesses detalhes. Sou mais das obras funcionais, mas acho que o significado daquilo para a cidade, e a localização que nós escolhemos para colocar, que é ali na entrada da cauda do avião, é interessante. Ter um avião guiado por Deus pela bíblia tem um significado muito forte para Brasília. Estou pedindo para o Instituto dos Arquitetos fazer um concurso que eu quero já deixar pronto esse ano para a gente começar no ano que vem, um Museu de Arte Sacra, ali naquela mesma região. Seria um segundo lote. É um pedido de Dom Sérgio e do dom Marconi. Eles queriam fazer no subsolo da Catedral, mas acho que é uma obra muito mais difícil de se fazer ali, com grandes problemas em relação ao Iphan.

A questão do Centrad está resolvida? Vai ter uma mudança mesmo?
Por minha vontade, eu já estava lá, mas tenho que respeitar o órgão de controle. Cumpri a minha parte fazendo o plano de ocupação, entreguei para o TCDF que já liberou para a gente. Segundo passo que eu fiz foi ter uma reunião com o presidente da Caixa que veio aqui nos visitar. Vamos partir pra compra do prédio. Eu até digo que a obra do Centrad não é uma obra do governo, ela é um projeto de Estado. Se você pega uma região daquela, agora fazendo um túnel, fazendo avenida Hélio Prates, pega toda aquela área que circunda o Centrad, que é do governo, nós vamos ter uma valorização imobiliária, uma valorização daquela região como um todo, que é a maior região de Brasília. Temos Samambaia, Ceilândia, Taguatinga e Sol Nascente. Tem mais de um 1,2 milhão de habitantes que vão ser valorizado nessa região. A gente quer fazer um grande projeto de desenvolvimento para essas famílias.

É uma questão estratégica que vai muito além da mudança?
Vai muito além. Se você pega. Várias pessoas me procuraram falando por que eu não abria mão disso, não vendia para uma universidade internacional, que queria ocupar, mas uma universidade internacional vai fazer um projeto de valorização? Não vai. Tenho uma visão diferenciada. Quero um polo de desenvolvimento que vai ser criado dentro de uma região administrativa muito importante

Essa questão da burocracia do governo o desestimula?
A turma que trabalha comigo entendeu que eu sou meio trator. Dou uma determinação e fico acompanhado, é demorado, tenho convicção de fazer projeto, cuidar da execução. O dinheiro, às vezes, você consegue se tiver o projeto. A cidade não tinha projeto para quase nada. Você tem que ter o projeto, ver qual a necessidade e depois vai atrás do dinheiro. Isso demorou um pouco para pegar. Hoje nós temos projetos em andamento para quase todas as áreas. Por exemplo, a gente gasta quase R$200 milhões com transporte de alunos, uma escola de bom porte, custa R$14 milhões, então eu tenho que mobilizar. Parte desse dinheiro do transporte devemos colocar em locais onde as crianças estão sendo transportadas, como Estrutural, Itapoã, Paranoá.

Em vez de levar o aluno para a escola, levar a escola para o aluno?
Isso. Estamos fazendo uma licitação na Novacap para fazer módulos de escola. Nesses locais mais carentes, estou fazendo a licitação para 500 módulos. Cada módulo pega em torno de 34 alunos, um módulo pequeno e você faz a licitação para no mínimo seis módulos em cada local. Vou usar o mesmo dinheiro que estou usando no orçamento do transporte para construir escola. É um pouco de engenharia que você tem que ter financeira para poder cuidar dessas situações.

Com tantos projetos, o reajuste dos servidores sai?
Nós temos uma previsão de crescimento muito importante. Talvez ja está calculado 1.8 de crescimento do PIB. Cada 1 ponto percentual que você cresce, você aumenta um bilhão de reais na sua arrecadação. Então, eu vou ter uma quantidade de recurso para cuidar de reajuste. O que eu pedi para a Secretaria de Economia é para me colocar o que eu vou ter de valor. Com o valor, vou chamar as categorias. Acho que algumas não precisam de muita coisa, ganham bem já, conseguiram ser bem remuneradas pelo nível de trabalho que fazem e é um nível muito bom. Mas tem certos serviços que não são serviços de ponta, que estão na frente dos servidores, então quero pegar esse grupo de categorias e dar um reajuste geral. Uma correção de inflação. Uma inflação de 2.4 que nós temos aqui não é difícil dar uma correção da inflação. E tem um outro grupo que merece ser mais bem remunerado, a saúde e educação. Então nessas áreas eu quero criar uma gratificação de produtividade.



Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação