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Setor imobiliário do DF projeta aumento de 3% nas vendas em 2020

A previsão para 2020 é de alta de 3% nas vendas de casas, apartamentos e lojas no Distrito Federal. Em 2019, o reaquecimento da área ficou comprovado pelo crescimento no total de empreendimentos inaugurados

Darcianne Diogo
postado em 29/12/2019 07:53
Vista geral do Noroeste, o mais novo bairro de Brasília: de imóveis de dois quartos às cobertur as de alto padrãoO mercado imobiliário do Distrito Federal fechou 2019 aquecido e segue em alta para 2020. Pesquisa do Sindicato de Habitação do DF (Secovi) confirma a retomada do setor e a estimativa de aumento de 3% no próximo ano com vendas de casas, apartamentos e lojas. Além disso, segundo o estudo, em todo 2019, houve crescimento de 120% na quantidade de prédios residenciais inaugurados na capital e de 61% nos negócios em comparação com 2018. Para especialistas, este é o momento para quem deseja sair do aluguel e realizar o sonho da casa própria, trocar o imóvel e até investir. Motivos: juros mais baixos e facilidade nas linhas de financiamento.

De acordo com o Secovi, foram lançados 34 empreendimentos neste ano, totalizando 3.389 unidades. A perspectiva é de que, até o fim de dezembro deste ano, de três a cinco edifícios sejam inaugurados no DF. ;Nos últimos cinco anos, o mercado imobiliário estava ruim por causa do alto índice de desemprego no país e pelas altas taxas de juros. A partir de 2018, começamos a ver o setor deslanchar. Os bancos facilitaram os meios de financiamento e reduziram os juros. É importante salientar que, há três anos, a taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) estava em 14,25% e, neste mês, fechamos em 4,5%. Isso estimula os empresários a tirar os projetos da gaveta e iniciar as construções. Consequentemente, as pessoas se encorajaram a tomar crédito e a comprar;, explica o presidente do Secovi, Odívio Maia.

Pedro Henrique Cidade, 26 anos, administra uma imobiliária com o pai. ;Em 2018, não conseguimos vender nenhum imóvel. Muitas pessoas queriam trocá-los, mas esse tipo de negócio não agradava os vendedores. No começo do ano, vimos o cenário mudar. Conseguimos vender cinco casas e um apartamento, todos em Santa Maria. Isso gerou um lucro de R$ 100 mil para a empresa;, destacou. Segundo ele, para 2020, a expectativa é vender 10 unidades. ;Quanto mais se constrói, mais se comercializa. Muitas pessoas nos procuram com a intenção de comprar um apartamento de dois quartos, com suíte;, contou.

Destaque

Dados do Indicador de Velocidade de Vendas (IVV) revelam que o mercado imobiliário no DF disparou em novembro. No segmento residencial, o índice alcançou 10,9%, crescimento de 37% em relação a outubro. ;Só neste mês de novembro, tivemos cerca de 30 lançamentos residenciais contra 14 do mesmo mês do ano passado, ou seja, mais do que o dobro. Este é um momento em que, ao mesmo tempo em que inauguramos os prédios, fomos vendendo as unidades rapidamente;, ressaltou o presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do DF (Ademi), Eduardo Aroeira. ;Fechamos várias vendas, fazendo com que haja diminuição na oferta e, consequentemente, a valorização do imóvel. Para 2020, esperamos que os empreendedores continuem lançando unidades em velocidade maior para tentar suprir essa demanda;, disse.

Segundo Eduardo, a estabilidade econômica, a redução da taxa de juros e as opções de financiamento dos bancos contribuíram para o cenário. ;No início do ano, a média de juros foi entre 9,5% e 11% ao ano. Atualmente, estamos trabalhando com taxas de até 6,5%, para a compra de imóveis novos. Trata-se da retomada do setor;, frisou. De acordo com a Ademi, os dados do mercado de lançamento comprovam que o Noroeste é a região com o maior volume de ofertas, totalizando 1,6 bilhão, principalmente, para os apartamentos de três e quatro quartos. ;É um local que tem se destacado. Mas, se falarmos de regiões com o maior quantidade de vendas, as cidades de Santa Maria e Planaltina saem na frente, pois se enquadram no Minha Casa Minha Vida e se tornam mais acessíveis para a população;, ponderou.

O administrador de empresas Márcio Matos, 46, reside há 20 anos no Condomínio Residencial Santos Dumont, em Santa Maria. Ele e a mulher, Adriana Oliveira, moravam em uma casa de 156 metros quadrados, mas compraram outra maior, com 250m;. Ambas foram financiadas pela Caixa Econômica Federal. ;No primeiro imóvel, fiz o financiamento de 30 anos e paguei por quatro anos e meio. Depois, consegui quitá-la com um dinheiro extra. Quando me mudei, vendi por R$ 500 mil e comprei a outra por R$ 650 mil. Os R$ 150 mil que faltavam, financiei novamente;, detalhou. Para ele, o financiamento facilitou o negócio.

A empresária Samanta dos Santos, 21, busca o sonho da casa própria. A jovem e o namorado, Igor Thiago, 24, pagam R$ 600 de aluguel em um apartamento no Guará 2 há um mês. ;Antes, eu morava com uma tia na mesma cidade, mas uma parente minha morreu e decidi procurar outro local para me sentir melhor;, afirmou. Samanta conta que, desde os 18 anos, tenta financiar um apartamento, mas o CPF é sempre rejeitado ; segundo ela, por causa da idade. ;Não tenho preferência de lugar, mas tem de ser na capital;, afirmou.


O casal Márcio Matos e Adriana Oliveira comprou uma casa maior no Condomínio Santos Dumont, em Santa Maria: cidade lidera o número de vendas no DF


Três perguntas para

Ciro Almeida, economista da G2W Investimentos

Qual é a melhor forma de financiamento para comprar um imóvel?
A orientação é fazer um financiamento não tão a longo prazo, porque você pode ser surpreendido com algum impacto no mercado imobiliário, e os reajustes de preço podem afetar o orçamento. O mais indicado é ajustar entre cinco e 10 anos, se possível. A taxa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais o percentual, é interessante, desde que seja uma taxa equalizada para o mercado. E o mais importante: no ano que vem, a expectativa é de retomada da economia, muito fundamentada na atividade de construção civil e imobiliária; então, a gente ainda espera a redução das taxas imobiliárias, como também novas ofertas de imóveis, pois existem muitos em estoque.

Vale a pena comprar ou alugar imóvel? Por quê?
Com a redução da Selic para 4,5% e a expectativa de redução para 4%, temos visto que os financiamentos imobiliários têm refletido o incentivo de crédito imobiliário pelos bancos para o mercado de maneira geral. Atualmente, o valor de aluguel está em torno de 0,3% a 0,5% do preço do imóvel. A gente teve épocas, em Brasília, que o aluguel chegou a ser 1% do valor do imóvel. Para quem tem um produto que pode ser vendido fácil e não deseja se descapitalizar, é interessante pesquisar o aluguel. Mas, se for projeção de imóvel de vida, da família, e tiver essa liquidez, uma boa parte para dar de entrada e tiver a renda orçamentária planejada pode ser interessante fazer a compra do imóvel. No entanto, só se for o imóvel da vida, porque, se for para investir, ainda não está valendo a pena.

Quais os cuidados que a pessoa precisa ter antes de assumir uma dívida?
O pilar é entender, a longo prazo, qual é o seu fluxo de receita para que não seja pego de surpresa pelos reajustes da parcela e para que não haja impacto no seu fluxo orçamentário por causa das parcelas do financiamento. Antes de mais nada, o principal é fazer uma projeção da expectativa de ganhos, receitas e gastos fixos e quanto será destinado para a prestação do financiamento.

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