Jornal Correio Braziliense

Cidades

Passageiros reclamam da falta de abrigo e sinalização em paradas de ônibus

Brasilienses de várias regiões administrativas reclamam da falta de paradas de ônibus com abrigo e sinalização. Secretaria de Transporte e Mobilidade afirma estar elaborando projeto para a construção de novas estruturas



O clima instável do Distrito Federal costuma pegar os brasilienses de surpresa. Em um mesmo dia, pode chover, fazer sol e muito frio. Aqueles que usam carro diariamente conseguem escapar dessas mudanças repentinas. No entanto, quem precisa do transporte público acaba padecendo com a falta de estrutura, abrigos e sinalização das paradas de ônibus. A reportagem percorreu algumas regiões da capital federal e encontrou pessoas que enfrentam dificuldades durante a espera do coletivo. Há quem procure cobertura em comércios. Outros arriscam ficar debaixo de chuva ou sol para não perder a condução.

A autônoma Rose Ferreira, 36 anos, mora na Candangolândia há três anos e pega ônibus todos os dias para ir ao trabalho, no Plano Piloto. A parada fica na Quadra 4 da Avenida Contorno e tem apenas um banco de concreto, sem cobertura. ;Desde que vim morar aqui a situação é a mesma. Já fizemos até abaixo-assinado para ver se resolvemos isso, mas até agora nada. Em dias de chuva forte, tem que se proteger com sombrinha, é o jeito. Fora a sujeira e bagunça que fica. Tem gente que nem considera parada de ônibus;, disse.

Em Ceilândia não é diferente. A costureira Terezinha de Jesus, 61, enfrenta, além da falta de estrutura, a ausência de sinalização. O ponto em que costuma pegar ônibus, na QNN 24, fica junto a uma placa de quebra-molas, em frente a uma oficina mecânica. ;A gente sofre com a falta de sinalização. Corremos o risco de perder o coletivo por causa disso. Muitos motoristas acham que é apenas um quebra-molas e passam direto. Ou seja, além da demora dos ônibus, temos que estar atentos se ele para ou não nesse lugar;, contou.

Do outro lado da pista, a cabeleireira Maria Aloncia da Silva, 40, procurava abrigo nos tetos dos comércios para se proteger do sol forte. No entanto, o medo maior é perder o ônibus. Ela afirma que muitos coletivos costumam passar rápido pela avenida da QNN, 6, também em Ceilândia. ;São 10 anos morando aqui e nada é resolvido. É um grande constrangimento, porque temos que correr atrás do ônibus. É chato, mas a gente precisa e acaba tendo que passar por isso.;

Rachaduras

Algumas paradas, especialmente as de concreto, se desgastaram ao longo dos anos. Muitas apresentam rachaduras, infiltrações e desnivelamento. A degradação assusta quem precisa pegar o coletivo nesses abrigos, como o motorista Frank José Nascimento, 53. Em dias de chuva, ele sai de casa, em Ceilândia, para ir ao trabalho, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), de ônibus. Ao chegar nas paradas, costuma observar se está seguro. ;Infelizmente, muitas delas estão em péssimo estado. A gente sente medo até mesmo de ficar embaixo. Como só pego ônibus em dias de chuva, para evitar congestionamento, eu preciso escolher ficar me molhando, ou arriscar ficar embaixo da parada. É bastante difícil;, narrou.

Frank lembra que, certo dia, estava em uma parada durante uma chuva e, ao olhar para o teto do abrigo, havia uma rachadura e várias infiltrações. ;Deu medo, porque a gente sabe que, quando a água entra, vários problemas podem acontecer nas estruturas. Além desses problemas, começou a pingar no pessoal. Ou seja, já está na hora de olhar isso. Precisa mesmo de manutenção;, avaliou.

Morador do Gama, o marceneiro Venturini da Silva, 69, acredita que as chuvas constantes podem aumentar os riscos para quem usa o transporte público. ;Vemos tanta coisa ruim acontecendo e nunca esperamos que chegue até nós, mas pode acontecer. O certo seria agir de forma preventiva, para que desastres não aconteçam.;



Planejamento

O DF tem 5.471 paradas de ônibus, entre abrigos e placas de sinalização. De acordo com a Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), neste ano, foram construídos 162 abrigos em toda a capital federal. Taguatinga (34), Samambaia (33), Recanto das Emas (31) e Riacho Fundo 2 (30) foram as regiões mais beneficiadas com as construções. Cada uma custou, em média, R$ 14 mil aos cofres públicos.

Em nota, a Semob informou que está elaborando um termo aditivo do contrato para a construção de 107 novas estruturas. Além disso, está desenvolvendo um projeto de revitalização das paradas de ônibus de concreto. ;O projeto envolve um levantamento de todos os abrigos que precisam passar por recuperação;, detalhou a secretaria.

A pasta afirma ainda que os novos abrigos instalados são acompanhados de piso, piso tátil, calçada, acessibilidade, meios fios, impermeabilização e pintura: ;A manutenção do piso será feita juntamente com a manutenção dos abrigos, quando o projeto de revitalização for concluído;.

Chuva

Enquanto nem todas as paradas têm abrigos, os brasilienses terão que continuar enfrentando as chuvas, sem proteção nos pontos. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as precipitações continuam nos próximos dias. Hoje, a temperatura mínima será de 16;C. A máxima pode chegar a 31;C. A umidade relativa do ar varia entre 95% e 40%.

O volume de chuva ultrapassou a média esperada para dezembro. Estava previsto 241,5 milímetros (mm) durante todo o mês. Até ontem, havia chovido mais de 300 mm. As áreas onde mais foram registradas precipitações foram no Paranoá e em Águas Emendadas, em Planaltina.

Balanço

O DF tem 5.471 paradas de ônibus, entre abrigos e placas de sinalização

Em 2019, foram construídos 162 abrigos em todo o DF


Onde reclamar

; Reclamações ou sugestões sobre as paradas de ônibus devem ser feitas por meio da Ouvidoria do GDF, pelo telefone 162 ou no site ouv.df.gov.br