Correio Braziliense
postado em 01/01/2020 04:17
O vigilante Alan Pinto de Jesus, 45 anos, contou à polícia que decidiu matar a ex-namorada Luciana de Melo Ferreira, 49, porque ela se recusou a reatar o namoro. Ele confessou o crime em depoimento dado aos investigadores da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro), no Hospital de Base do DF, onde segue internado. Ao finalizar o inquérito, a investigação concluiu que o suspeito premeditou o assassinato da funcionária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ainda tentou forjar um latrocínio (roubo com morte) ao levar os pertences da vítima. O feminicídio ocorreu na noite de 21 de dezembro, na QRSW 2, no Sudoeste. O corpo foi encontrado dois dias depois.
De acordo com o delegado Ricardo Viana, chefe da 3ª DP, o vigilante confessou parcialmente o crime e alegou não ter a intenção de matar a ex quando resolveu encontrá-la. “Ele relata que chegou ao prédio, viu que a vítima não estava em casa e aguardou-a nas escadas do quarto andar. Após duas horas, viu Luciana chegar e desceu as escadas. Ela tentou fechar a porta, mas ele bloqueou com a mão e forçou a entrada. Dentro do apartamento, Alan diz que conversou com a vítima, pedindo para reatar o namoro. Eles discutiram, e ela pegou uma tesoura, atacando-o. Alan a mobilizou e, nessa hora, ela mesma teria se esfaqueado”, relatou.
De acordo com Ricardo, o vigilante acrescentou que “tomou a tesoura da vítima e deu cinco facadas, no braço dela. A mulher ficou no chão, agonizando. Ele diz ter visto Luciana gemer e gesticular por 30 minutos. Depois, pegou a tesoura, colocou na bolsa dela, que tinha outros pertences, e deixou a casa. Alan ainda contou que seguiu para a casa da ex-mulher, no Riacho Fundo 2, e, no caminho, jogou as provas fora. A intenção dele ao levar esses objetos era tentar fazer parecer um latrocínio, e não um feminicídio.”
O vigilante não explicou por que deixou o local sem chamar o socorro, uma vez que Luciana não havia morrido. O laudo cadavérico indicou que a vítima levou 48 facadas na região das costas e morreu por choque hipovolêmico, ou seja, perda excessiva de sangue. A polícia acredita que, apesar da gravidade dos ferimentos, Luciana poderia estar viva se tivesse recebido atendimento médico.
Inquérito
O delegado Ricardo Viana acredita que a versão de Alan sobre o crime é verdadeira até o momento em que ele força a entrada no apartamento de Luciana. “Pelas imagens do circuito interno do prédio, era possível vê-lo aguardando a vítima. Na mão direita, ele segura um pequeno objeto, o qual acreditamos ser a verdadeira arma do crime. O relato de que a própria vítima se lesionou é praticamente impossível, até pela localidade dos ferimentos”, ressaltou.
O investigador concluiu o inquérito com a hipótese de que o vigilante, ao forçar a entrada na casa da ex-namorada, passou a esfaqueá-la. “Acreditamos que Luciana lutou pela própria vida. Entre as 48 facadas, cinco delas foram no antebraço, indicando que ela também tentou se defender. Claro que, pela quantidade de golpes, não resistiu ao ataque de Alan”, avaliou Ricardo.
Os ferimentos do vigilante, inclusive o traumatismo cranioencefálico, teriam sido decorrentes da luta corporal com a funcionária do TSE. O acusado segue internado no Hospital de Base sob escolta policial. Ele está preso preventivamente. Alan responderá por homicídio quadruplamente qualificado: feminicídio; motivo torpe; mediante emboscada; e asseguração a execução de outro crime (por tentar fingir um latrocínio).
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