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Na Esplanada, 10 minutos de fogos



Faltando 10 segundos para o ano-novo, o público que tomava conta dos gramados da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Orixás, na Prainha, olharam fixamente para o céu da capital para acompanhar, por 10 minutos, o show de luzes e fogos de artifício. Durante a comemoração na área central da cidade, brasilienses e turistas divertiram-se ao som de artistas, como Luan Santana, Dudu Nobre, Dhi Ribeiro, Grupo Coisa Nossa, além de bandas locais, como o bloco carnavalesco Eduardo e Mônica.

A programação dos shows na Esplanada começou às 19h40, com a apresentação da cantora e prata da casa Dhi Ribeiro, seguida pelos artistas Bella Donna e Miguel Santos. O Eduardo e Mônica subiu ao palco às 21h50, quando reviveu clássicos da Legião Urbana. A contagem regressiva da virada de ano ficou com o sertanejo Luan Santana, a atração mais esperada da noite.

O gaúcho Cristiano Chagas, 35 anos, mudou-se de Pelotas para Valparaíso (GO) em 2019 e passou o primeiro ano-novo em Brasília. Ele e família levaram cadeiras para curtir a celebração na Esplanada. “Achei muito bacana. As atrações foram bem diversificadas”, disse Cristiano. Ele projeta para 2020 dedicação ao emprego. “É continuar trabalhando bastante para, em 2021, estar aqui, novamente, curtindo e com saúde”, afirmou.


Érica Mello, 45, também passou a virada na Esplanada com a família. A advogada estava acompanhada do marido, do filho e do sobrinho. Moradores do Grande Colorado, eles mudaram os planos de passagem de ano, prevista originalmente para o Rio de Janeiro, e escolheram a região central de Brasília para esperar 2020. “A gente sempre passa na praia. Neste ano, tive de ficar trabalhando. Pela primeira vez, a gente veio ver como é a queima de fogos aqui. E não ficamos decepcionados. Valeu”, contou a advogada.

Casados há 10 anos, a advogada Camila Frazão, 39 anos, e o administrador de empresas Leonardo Frazão, 46, moram em São Paulo e escolheram a sacada de um hotel, no Setor Hoteleiro Norte, para assistir à queima de fogos. “Estamos viajando pelo Brasil, e Brasília entrou no roteiro. Acredito, realmente, que teremos um ano bacana e positivo. Melhor do que 2019”, disse Camila, confiante.


Orixás

Conhecida como reduto das religiões de matriz africana, a Prainha foi a escolha do público para oferendas aos orixás. Na faixa de areia, às margens do Lago Paranoá, muitos dobravam as barras das calças para, em seguida, alçar os balaios e as flores carregados de agradecimentos à Iemanjá, a Rainha das Águas. Pai de santo e do candomblé, Marcelo de Badé, 51, celebra o réveillon no local há mais de 10 anos. Para ele, a comunhão encontrada ali é um ato de resistência e fé. “Venho comungar com as pessoas. Somos todos um só. A gente luta pela vida, pela prosperidade e pela harmonia. E nós não temos muita liberdade de expressão em relação à nossa religião, seja da Umbanda, seja do Candomblé. Aqui é uma concepção de união dos povos de tradição e de matriz africanas”, conta o morador do Riacho Fundo 1.

O casal Eduardo Albuquerque e Marina Castilho, ambos de 26 anos, também celebrou a chegada de 2020 ao som dos tambores da Prainha. “Viemos agradecer aos santos por todas as conquistas que tivemos em 2019. Esperamos entrar com o pé direito em 2020”, disse Eduardo, que frequenta o local desde criança. Estreante no réveillon da Prainha, Marina reforçou a fé do casal na força dos orixás e em um 2020 de vitórias. “Foi um ano de muita batalha e aprendizado também. Mas, o que não é benção, é lição. Por isso, viemos agradecer aos orixás. Eles estão sempre do nosso lado, zelando por nós.