Correio Braziliense
postado em 10/01/2020 04:15
O brasiliense que procura o Lago Paranoá para se refrescar no calor ou para praticar esportes deve saber que dividirá espaço com os “moradores” locais, como capivaras, tartarugas e pássaro-teteu. Mas, na manhã de ontem, um habitante chamou a atenção de quem passava por ali. Um jacaré-tinga foi flagrado em meio à água, próximo ao Deck Sul, com um peixe na boca.
O réptil é a espécie mais comum no Distrito Federal, pode chegar a 2,5 metros de comprimento e se alimenta de peixes, pássaros e mamíferos. O animal tem hábitos noturnos e costuma colocar de 14 a 40 ovos a cada ano. Apesar de o jacaré impor medo, o biólogo Roberto Cabral Borges destacou que ele só atacaria caso se sentisse ameaçado. “Não se deve aproximar ou tentar capturá-los, porque isso aciona o instinto de defesa do animal. Inclusive, não estamos no radar de presas dos jacarés. Por isso, dificilmente o animal nos atacaria. Pelo contrário, caso houvesse um encontro, o réptil iria se afastar. As pessoas não precisam ficar nervosas ou demonstrar preocupação durante um encontro com o réptil”, explicou.
De acordo com o Batalhão Ambiental da Polícia Militar, não há registros de ataques do animal em Brasília. Ainda, caso um banhista aviste o réptil, não é necessário acionar a corporação, pois o Lago Paranoá é o habitat dos jacarés, como esclareceu o major Souza Júnior. “Nesse caso, não é necessário resgate, a não ser que ele esteja ferido ou possa oferecer risco a alguém. Mas é importante destacar que não se deve alimentar o animal de forma alguma, assim como tocá-lo ou se aproximar. Isso é tanto para a segurança do bicho quanto da pessoa”, salientou.
Além do jacaré-tinga, outra espécie que aparece no Lago Paranoá é a de-papo-amarelo. Mas ambas são inofensivas. Para o biólogo Roberto Cabral, os brasilienses precisam respeitar o espaço desses animais. “O que mais ocorre em Brasília é que os moradores da área querem estar próximos à natureza, mas de uma forma seletiva. O desejo é de conviver com a beleza cênica, mas não com os bichos que moram ali. Por exemplo, com a tirada das cercas das invasões às margens do lago, houve reclamações, porque, às vezes, as capivaras aparecem nos ‘quintais’ dessas pessoas. Sendo que nós somos os convidados, não as espécies que estão no habitat delas”, frisou o especialista.
Roberto Cabral acrescentou que os brasilienses não precisam ter medo de conviver com os animais do cerrado como um todo, porque, “aqui na América do Sul, os humanos passaram a conviver com os bichos após as espécies delimitarem os grupos de presas”. “Isso é diferente na África, por exemplo, onde os humanos se desenvolveram com os animais do continente. Portanto, ali, não se anda em uma savana desacompanhado e, sobretudo, à noite. São ambientes diferentes. Claro que pode ocorrer um ataque por aqui, mas isso seria a exceção, não a regra.”
Colaborou Ed Alves
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