Correio Braziliense
postado em 11/01/2020 04:06
O motorista de transporte pirata Wellington de Sousa Lopes, 37 anos, foi preso na manhã de ontem, enquanto andava pelas ruas do Sudoeste. O homem era considerado foragido pelo feminicídio da mulher, Adriana Maria de Almeida, 29, cometido em 29 de setembro do ano passado. A vítima morreu após levar 32 facadas, na casa onde morava com o companheiro, no Conjunto 4 do Setor Placa da Mercedes, no Riacho Fundo 1. Eles tinham uma filha de 5 anos, que não presenciou o crime, pois estava com familiares.
Wellington passou quase quatro meses desaparecido. Policiais da Divisão de Capturas e Polícia Interestadual (DCPI), que compõe o Departamento de Atividades Especiais (Depate), encontraram o suspeito após receberem denúncias anônimas. O homem foi detido e encaminhado para o Departamento de Controle e Custódia de Presos (DCCP), no Complexo da Polícia Civil, no Parque da Cidade. Ele deve ser transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda na próxima semana, onde aguardará julgamento.
Em 28 de setembro, o casal havia saído para beber, à noite, e retornou para a residência na manhã seguinte. No local, passaram a discutir por causa do ciúme de Wellington. À época, vizinhos relataram a agentes da 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo 1) terem ouvido gritos vindos do apartamento, seguidos de silêncio. Os moradores do local não chegaram a estranhar a movimentação, pois o relacionamento era considerado conturbado.
Após matar Adriana, o motorista deixou a arma do crime no banheiro e trocou de roupa. Ele separou outras vestimentas e pertences pessoais. Todos os objetos foram colocados em uma mala, levada durante a fuga. Câmeras de segurança da região flagraram o acusado entrando no carro dele, um Fiat Palio prata, e saindo da cidade.
O corpo da vítima foi encontrado apenas 10 horas após o crime, por dois familiares que não conseguiam contato com ela. Ao chegarem ao apartamento, escutaram música alta e bateram na porta. Ao não serem atendidos, chamaram um chaveiro para abrir a residência. Ali, encontraram a mulher sem vida.
Ameaças
Adriana e Wellington estavam juntos havia sete anos. Durante o período, a vítima denunciou o companheiro duas vezes, em 2015 e em 2017. No primeiro caso, registrado na 21ª DP (Taguatinga Sul), o casal morava em um apartamento do Conjunto 7 da Área de Desenvolvimento Econômico (ADE) de Águas Claras. Em 21 maio daquele ano, a mulher denunciou o motorista de transporte pirata por ameaça e lesão corporal.
No relato aos investigadores, Adriana disse que tinha sido agredida pelo marido antes. No registro da ocorrência, ela relatou que Wellington ficou com ciúmes por causa de uma conversa telefônica com o cunhado dele. Após a discussão, ela se deitou na cama para dormir e passou a ser agredida com tapas no rosto e chutes nas pernas, enquanto ele dizia: “Eu vou te matar”. O acusado foi preso em flagrante e, após pagar fiança de R$ 3 mil, conseguiu responder ao processo em liberdade.
Em 16 de outubro de 2017, houve a segunda ocorrência de lesão corporal e ameaça, registrada na 30ª DP (São Sebastião). À época, Adriana e Wellington moravam na Rua 1 do bairro Zumbi dos Palmares, em São Sebastião. A discussão entre o casal começou porque a filha deles, então com 3 anos, estava doente. O homem queria sair com a menina, e a vítima pediu que ele trocasse a roupa da garota.
Em meio à discussão, o suspeito agrediu a mulher com tapas, socos e chutes, jogando-a no chão. Ele chegou a arrastar a vítima pelos cabelos e pegou uma faca para golpeá-la. No entanto, a filha do casal entrou no meio dos pais, impedindo a violência. Em ambos os casos, Adriana pediu medidas protetivas contra o agressor. No entanto, revogou os pedidos na Justiça por ter reatado o relacionamento.
Saiba onde procurar ajuda
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência
O serviço gratuito da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República serve como disque-denúncia em casos de violência contra a mulher
Telefone: 180
Centro de Atendimento à Mulher (Ceam)
Espaços de acolhimento e atendimento psicológico, social, orientação e encaminhamento jurídico
Funcionamento: de segunda a
sexta-feira, das 8h às 18h
Locais: 102 Sul (Estação do Metrô), Ceilândia, Planaltina
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)
Endereço: Entrequadra
204/205 – Asa Sul
Telefone: 3207-6172
Ministério da Mulher
O Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos recebe ligações gratuitas por telefone 24h para quem precisar fazer denúncias de violência que acabou de acontecer ou que está em curso
Telefone: 100
Núcleos de Atendimento à Família e aos Autores de Violência Doméstica (Nafavds)
Acompanhamento psicossocial às vítimas, familiares e autores
Locais: Brazlândia, Gama, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Samambaia, Santa Maria, Sobradinho e no Plano Piloto
Programa de Prevenção à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
O serviço de acompanhamento de famílias está disponível em todos os batalhões e conta com 22 equipes
Telefones: 3910-1349 / 3910-1350
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