Cidades

Moradores da Candangolândia pedem justiça para o caso de Larissa Maciel

A comunidade organizou uma caminhada pelas ruas da cidade em protesto ao caso que pode ser o primeiro feminicídio do DF em 2020. Até o momento ninguém foi preso

Moradores da Candangolândia caminharam na tarde de hoje (12/01) pelas ruas da região administrativa como ato e pedido de justiça para o caso de Larissa Maciel, 23 anos, encontrada em um templo religioso, na manhã de segunda-feira (7/01). A passeata marcou os sete dias após a morte da jovem. O caso é  investigado como feminicídio pela Polícia Civil e caso confirmado será o primeiro de 2020.  

O grupo se reuniu em frente a Igreja evangélica Templo Liberdade onde Larissa foi encontrada e seguiu pela Av. dos Transportes convidando a comunidade para participar do ato. 

A bancária Elen Regina Camelo, 46 anos, foi uma das organizadoras. Ela não conhecia Larissa, mas tem familiares que moram próximos ao local do crime. “Eu fiquei estarrecida com essa situação porque foi um crime brutal. Resolvi me unir a outras mulheres da comunidade e fazer esse ato para tentar conscientizar a população para dar um basta nisso. Nós mulheres merecemos viver! Nós temos esse direito”, protestou. 

O filho de Elen, o cabelereiro Daniel Camelo, 25 anos também caminhou ao lado da mãe. Foi ele quem soube do acontecido em frente a casa da avó, e levou a notícia para a bancária. “Eu nunca vi um crime como esse aqui na Candangolândia, tanto que surpreendeu pela brutalidade. Foi uma atrocidade. Pelo o que soubemos tudo começou a partir de uma discussão sobre um relacionamento que terminou nisso. E pelo visto é muito fácil você tirar a vida de uma pessoa e ficar impune, e nada acontecer”, lamentou. 

 O crime é investigado pela 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante). Até a última atualização, nenhum suspeito havia sido preso. A polícia justifica a linha de investigação como feminicídio também por acreditar que as características do crime enquadram-se nos padrões de mortes violentas de mulheres.

O personal trainer Marcos dos Prazeres, 46 anos, destacou a importância da presença masculina em lutas denominada das mulheres. “Eu moro no Núcleo Bandeirante, mas tenho vínculo com alguns amigos e conhecidos da Larissa. Eu não poderia deixar de participar desse ato solidário. Todo homem tem que pensar que ele tem vínculo afetivo com alguma mulher. Com a mãe, com a irmã, com a sobrinha, com a filha... Então essa não é só uma luta da mulher. É uma luta de todos. Nós temos que acabar com essa injustiça, essa covardia que fazem com as mulheres”, disse. 

Moradora da Candangolândia, a diarista Benilde  Maria Mota, 32 anos, também fez questão de marcar presença. Ela contou ao Correio que conhecia a vítima de vista, mas nunca tinham conversado. Mesmo assim, estava solidária com a família. “Isso que aconteceu com ela é muito triste e revoltante. A gente não merece passar por esse tipo de coisa e ser exposta como ela foi. É muito triste. Não só pelo fato de ela ser uma mulher, mas porque ela é um ser humano. Eu acho que ninguém merece passar pelo o que ela passou, pelo o que a mãe dela está passando agora”, afirmou. 
 
Na terça, o corpo de Larissa foi levado para Cabeceiras (MG) para ser enterrado no cemitério da cidade. Apesar de a jovem ser brasiliense, parte dos familiares dela vive no município mineiro. Em entrevista ao Correio, a mãe da vítima, de 38 anos, que preferiu não se identificar, disse que não consegue entender o que pode ter acontecido com a filha. “Estou em estado de choque. Precisei resolver toda a documentação para levar o corpo da minha filha para Minas e estou deixando tudo nas mãos da polícia. O que posso dizer é que não está fácil”, lamentou. A mulher também afirmou que não tem ideia de quem possa ter cometido o crime. “A gente, que é pai e mãe, não espera que isso possa ocorrer com os filhos, ainda mais quando são tão novos”, emocionou-se.