Correio Braziliense
postado em 14/01/2020 04:18
“Eu me aposentei da Secretaria de Educação, mas continuo atuando na vida de crianças. É tudo por amor a elas. Não por profissão, mas por dedicação. Voluntariado é um ato de amor.” A fala é da professora Yara Alves, 52 anos, à frente da Associação Anjalhaços há um ano. O grupo completou 10 anos em outubro passado e tem mais de 200 voluntários que ajudam famílias de baixa renda das áreas rurais do Distrito Federal. A cada época do ano, uma campanha é lançada. Em janeiro, o projeto Quem Gosta de Estudar Vai com a Anjalhaços Passear arrecada materiais escolares que serão distribuídos para meninos e meninas carentes.
O projeto ajuda cerca de 200 crianças. Até o ano passado, as doações eram feitas às que moram no bairro Baia dos Carroceiros, em Santa Maria, e aos alunos da Escola Darci Ribeiro, no Novo Gama (GO). Desta vez, o intuito é contemplar moradores do bairro Porto Rico, também em Santa Maria. “É uma comunidade muito carente. As crianças ficam brincando no esgoto. A situação é realmente triste. Nossa vontade, neste ano, é alcançar essas crianças. Fazemos algumas ações lá em outras épocas, agora, queremos completar as doações com material escolar”, disse Yara.
Os voluntários devem doar os utensílios até 20 de fevereiro. As entregas ocorrerão em três datas, antes da volta às aulas. A primeira será em 26 de fevereiro. As demais ainda serão definidas. Além da entrega, as crianças recebem aplicação de flúor no dia e participam de outras atividades desenvolvidas pelos integrantes da associação. Mas o trabalho não termina aí. A equipe acompanha o ano letivo, e os alunos que se destacam vão para um passeio no fim do semestre. Em junho, será no Parque da Cidade; em dezembro, ao cinema.
“Esse é um dos grandes diferenciais. A gente não só doa o material, mas acompanha o desenvolvimento do aluno e da família. A gente vê o progresso da criança. As que vão para o passeio são indicadas pelos professores. Ficamos muito tristes quando uma não pode ir, mas a gente incentiva a ser melhor no próximo semestre, e eles se esforçam. Conseguimos ver o resultado”, conta Yara.
A campanha começou quando os voluntários perceberam que, nas comunidades rurais, as crianças faltavam aula com frequência. Um dos motivos é a vergonha por não ter material escolar. “Isso não pode acontecer. Enquanto a gente puder cuidar da educação, cuidaremos. A gente tem que olhar com carinho para o futuro das crianças com o mesmo carinho que olhamos para nossos filhos. Nosso sonho é que elas possam realizar seus sonhos. Dar um material escolar hoje é investir no futuro”, afirma a presidente da Anjalhaços.
As doações podem ser feitas por depósito bancário ou entrega do kit completo, com caderno, lápis, borracha, tesoura, entre outros objetos (veja Para ajudar).
Desempenho escolar
Antes de conhecer o projeto, a estudante de psicologia Liliane Areda de Morais, 40 anos, aproveitava promoções e comprava os materiais básicos para os dois filhos, Marcos Paulo Areda de Morais, 16, e João Luiz Areda de Morais, 9. Hoje, com o apoio dos Anjalhaços, percebe que o desenvolvimento dos meninos na escola melhorou. “Eles vão para a escola mais felizes e animados e se sentem iguais aos outros. Sem os materiais, a autoestima fica baixa e interfere nos estudos”, diz.
Para João Luiz, até as notas melhoraram. Apaixonado por matemática, ele faz questão de estar em todas as aulas e fazer as atividades para se sair bem na disciplina. “O material que ganhei no ano passado ajudou muito. E quero muito receber neste ano de novo. Eu consegui até tirar nota máxima na prova. É bom ter todo o material”, conta o menino.
Mãe de três filhos em idade escolar, a dona de casa Lucineide Maria dos Santos, 39, afirma que nunca teve condições financeiras para proporcionar o básico para os filhos. Com as doações, percebeu que os meninos tomaram gosto pela escola. “Ajuda muito, porque eles ganharam coisas que nunca tiveram antes, como mochila, caderno. Não tenho condições. Só Deus para retribuir tudo o que fazem por nós.”
Outras arrecadações
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também está arrecadando artigos escolares. Até 10 de fevereiro, o órgão recebe materiais novos ou usados, em bom estado, para doar a estudantes de baixa renda da rede pública do DF. As doações podem ser entregues na sede da instituição, no Eixo Monumental, ou nas promotorias das cidades (veja Onde Doar — MPDFT).
São arrecadados lápis de cor, giz de cera, canetinha, caderno, borracha, apontador, mochila, estojo, entre outros materiais. Além disso, podem ser doados livros de literatura — os didáticos não, pois são oferecidos pela Secretaria de Saúde —, material esportivo e brinquedos educativos.
Esta é a 10ª edição da campanha, que, em 2019, beneficiou 528 alunos de quatro escolas rurais que atendem crianças de 4 a 12 anos. Para a promotoria de Justiça de Defesa da Educação Márcia da Rocha, o projeto é importante para a população exercer a cidadania de forma diferente. “As pessoas percebem o quanto podemos fazer pela educação em uma sociedade solidária”, disse.
A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Distrito Federal (OAB-DF), por meio da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança, Adolescente e Juventude, promove a campanha Adote um Estudante. O intuito é ajudar instituições que acolhem crianças em idade escolar e sem condições de comprar material. “Dentro da nossa responsabilidade social e de defesa da cidadania, buscamos arrecadar um kit básico de material escolar para incentivar crianças a frequentarem a escola e enxergarem um bom futuro”, pontua o presidente da comissão, Charles Bicca.
Para ajudar, o doador deve entregar um kit com lápis preto, caixa de lápis de cor, borracha, apontador, caixa de giz e caneta hidrocor, caderno com ou sem pauta, cola e régua. Podem ser entregues os objetos avulsos também, na sede da OAB-DF, até 13 de março (veja Adote um estudante).
200
Quantidade de crianças que recebem a ajuda da Anjalhaços
Onde doar — MPDFT
200
Quantidade de crianças que recebem a ajuda da Anjalhaços
Onde doar — MPDFT
Até 10 de fevereiro
Das 12h às 19h, de segunda a sexta-feira
Mais informações: (61) 3348-9029 e (61) 3348-9009
Promotoria de Águas Claras
Taguatinga Shopping, QS 1, Lote 40, Torre B, 3° andar, Pistão Sul, Taguatinga-DF
Promotoria de Brazlândia
Fórum Desembargador Márcio Ribeiro, Área Especial 4, Rua 10, Lote 4, Setor Tradicional, Brazlândia-DF
Promotoria de Ceilândia
QNM 11, Lotes 1 e 2, Centro Urbano, Ceilândia-DF
Promotoria do Gama
Quadra 1, Lotes 860, 880 e 900, Setor Industrial Leste, Gama-DF
Promotoria do Paranoá
Quadra 4, Conjunto B, Lote 1, Grandes Áreas, Paranoá-DF
Promotoria de Planaltina
Área Especial Norte 10-A, Setor Administrativo, Planaltina-DF
Promotoria do Recanto das Emas
Quadra 2, Conjunto 1, Lote 3, Setor Urbano, Recanto das Emas-DF
Promotoria do Riacho Fundo
SMAS (Setor de Múltiplas Atividades Sul), Trecho 4, Lotes 6/8, Salas 109,110 e 11, Brasília-DF (ao lado do Fórum Desembargador José Júlio Leal Fagundes)
Promotoria de Samambaia
Quadra 302, Conjunto 1, Lote 2, Samambaia-DF
Promotoria de Santa Maria
QR 211, Conjunto A, Lote 14, Santa Maria-DF
Promotoria de São Sebastião
Centro de Múltiplas Atividades, Lote 3, São Sebastião-DF
Promotoria de Sobradinho
Quadra Central, Bloco 7, Edifício Sylvia, Térreo, 2° e 3° pavimentos, Sobradinho-DF
Promotoria de Taguatinga
Setor C Norte, Área Especial para Clínias, Lotes 14/15, Taguatinga Norte, Taguatinga-DF
Sede do MPDFT
Zona Cívico-Administrativa, Ed. Sede do MPDFT, Lote 2
Para ajudar
Depósito bancário
Banco do Brasil
Agência: 1239-4
Conta corrente: 56168-1
Associação Anjalhaços
Ou pelo telefone (61) 99977-4952 e
WhatsApp (61) 98134-6588 — Falar com Yara
Adote um estudante
Até 13 de março
Onde entregar: sede da OAB-DF (SEPN 516, Bloco B, Lote 7, Asa Norte)
Mais informações: eventos@oabdf.com
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