Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 04:44
No segundo dia com passagens de ônibus e metrô reajustadas, os estudantes foram às ruas para protestar contra a medida. Organizada pelo Movimento Passe Livre (MBL), a manifestação teve início no fim da tarde de ontem na W3 Sul, na altura da Quadra 702, e terminou na Rodoviária do Plano Piloto. Ao fim do movimento, os líderes propuseram um “catracaço” (pular as catracas) para encerrar o ato, mas, em negociação com a Polícia Militar, eles desistiram, e o ato se encerrou pacificamente.
De acordo com a organização, o protesto reuniu cerca de 500 pessoas. Entre elas, a estudante de história da Universidade de Brasília (UnB) Ana Christian, 22 anos. De acordo com a jovem, é um absurdo a passagem ser tão cara. “Preciso pegar quatro transportes, porque não tem ônibus direto para a faculdade. Tem um ou outro. Então, não atende. Eles falam em renovar frota. É importante, mas precisa aumentar. E isso não acontece”, disse a moradora do Recanto das Emas. A PM não divulgou números.
Novos atos serão marcados em breve, segundo o MPL. “Com essa manifestação, queremos pressionar o governador (Ibaneis Rocha) e os empresários do transporte a reduzirem a tarifa, porque sabemos que a solução não é o aumento. É a tarifa zero, com um fundo distrital e nacional para financiar o transporte, com o poder da população mandando no sistema, não por quem não anda de ônibus”, disse um dos organizadores, que não quis se identificar.
Louise Oliveira, 23, está desempregada e se pergunta como fará para buscar emprego, diante do aumento da passagem. “Até para procurar emprego, fica difícil. E o aumento não condiz com o serviço oferecido. Os ônibus não funcionam nos horários que deveriam. Para a gente, que é da periferia, isso só serve para segregar”, criticou. Segundo a jovem, a medida afasta os moradores das periferias do DF da região central de Brasília. “É como se tratassem as pessoas que moram longe só como mão de obra. É como se esse lugar não nos pertencesse”, protestou.
Moradora do Riacho Fundo 2, Letícia dos Santos, 21, estuda no Instituto Federal de Brasília (IFB) em São Sebastião e pega cinco ônibus por dia. “Em menos de três anos, já tivemos outros reajustes. Eu, inclusive, tive que sair de um emprego porque teria que pagar mais do meu bolso pela passagem. O vale-transporte não era suficiente. Com esses 50 centavos a mais, todo meu orçamento é alterado”, reclamou.
O acréscimo nas passagens foi de 10%. De acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), o aumento é necessário e nem sequer é suficiente para suprir o deficit no setor. Para isso, seria necessário um aumento de 16,19%. “É um ajuste necessário e que está bem abaixo do que seria realmente devido, mas é o que nós precisamos para equilibrar as contas”, afirmou o governador Ibaneis Rocha (MDB) na tarde de ontem, durante cerimônia de assinatura da ordem de serviço para o túnel rodoviário de Taguatinga (leia abaixo).
Viagens de metrô e de ônibus de integração, que custavam R$ 5, passaram para R$ 5,50. As linhas com preço de R$ 3,50 agora custam R$ 3,85, e as passagens de R$ 2,50 foram para R$ 2,75. O aumento ocorre três anos após o último reajuste.
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