Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 04:44
A Polícia Civil do Distrito Federal e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) investigam se mais servidores da Companhia Energética de Brasília (CEB) participaram de uma organização criminosa que aplicava golpes e desviou, pelo menos, R$ 20 milhões da empresa. De acordo com a apuração policial, o grupo atuava há cerca de 10 anos no DF. Na manhã de ontem, três funcionários do órgão foram presos temporariamente. Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas casas de dois deles, em Taguatinga e no Novo Gama (GO), e na sede do Na Hora do Gama, onde uma servidora era lotada.
As investigações indicam a ocorrência de corrupção, falsidade ideológica, estelionato contra a administração pública, lavagem de dinheiro e peculato. Dois suspeitos — presos ontem — agiam de dentro da sede da CEB, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), e ocupavam funções fundamentais para o funcionamento do esquema. Um deles era responsável pelo centro de operações da companhia, e o outro é acusado de desviar materiais, como medidores de energia elétrica, lacres e uniformes, do almoxarifado.
Segundo o diretor do Departamento de Repressão ao Crime Organizado da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Cecor), Adriano Valente, ontem a operação alcançou os integrantes de patamar superior da organização criminosa. “Eram servidores com acesso ao sistema da CEB, o que dava aparência de legalidade ao crime. Eles não ocupavam cargos de direção ou gestão, mas tinham acesso aos dados da empresa, senha para conseguir transferir titularidade, por exemplo”, disse o delegado.
A organização criminosa é composta por, pelo menos, seis núcleos. Os ganhos do grupo eram por meio de vários serviços fornecidos pela companhia. Entre as ações estão a prestação do serviço solicitado a um valor mais baixo, como se fosse particular, apesar de formalmente executado pela CEB, e a realização de serviços ilegais, que vão desde adulteração nos medidores de energia elétrica até o fornecimento de energia em obras embargadas, mediante pagamento de propina.
Além disso, faziam a transferência de titularidade do ponto de energia sem o necessário pagamento de dívida acumulada para aquele cliente. Essa modalidade era feita para empresas de grande porte. O valor do prejuízo da companhia ainda não foi calculado. Como a suspeita é de que o esquema funcione há 10 anos, o rombo soma centenas de milhões de reais. Parte dos 25 investigados até agora estão na CEB há cerca de uma década.
“As pessoas presas hoje (ontem) não foram alvo da primeira fase (Ver Memória). Ainda vamos investigar os beneficiados das fraudes para alcançar mais gente”, disse o delegado da Draco/Cecor Jean Felipe Mendes.
Cooperação
Em nota oficial, a CEB informa que coopera com o trabalho da Polícia Civil e do MPDFT e aguarda o decorrer das investigações. A companhia reforça que o valor de R$ 600 milhões mencionado em alguns meios de comunicação refere-se ao montante histórico de dívidas registradas e vencidas de clientes junto à CEB, e não ao total desviado pelos supostos criminosos investigados.
“A atual gestão segue firme na recuperação da CEB-Distribuição, seja para evitar fraudes como essas, praticadas por empregados e consumidores que agem em conluio, como também para reduzir o índice de inadimplência, ligações irregulares ou outras formas de lesão à saúde econômico-financeira da companhia”, diz o texto.
O Na Hora, por meio da Secretaria de Justiça, informa que desconhece o envolvimento de qualquer servidor dos seus quadros no suposto esquema criminoso. Em nota, a pasta ressalta que todos os postos de atendimento dentro das unidades do Na Hora são de gestão exclusiva da empresa. Portanto, a Sejus não tem poder para interferir nos processos e sistemas de trabalho. “Da mesma forma, todos os empregados são da empresa pública, não tendo ligação formal com a Sejus”, completa.
Memória
» Em outubro de 2019, a Polícia Civil deflagrou a primeira fase da operação. À época, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa dos envolvidos, em regiões do DF e no Entorno — Ceilândia, Gama, Estrutural, Recanto das Emas, Santa Maria, Sobradinho, Taguatinga, Águas Lindas (GO) e Novo Gama (GO) —, além da sede da CEB, no SIA. Entre os presos estavam oito funcionários da companhia, um ex-funcionário demitido, cinco terceirizados e nove eletricistas autônomos.
Memória
» Em outubro de 2019, a Polícia Civil deflagrou a primeira fase da operação. À época, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa dos envolvidos, em regiões do DF e no Entorno — Ceilândia, Gama, Estrutural, Recanto das Emas, Santa Maria, Sobradinho, Taguatinga, Águas Lindas (GO) e Novo Gama (GO) —, além da sede da CEB, no SIA. Entre os presos estavam oito funcionários da companhia, um ex-funcionário demitido, cinco terceirizados e nove eletricistas autônomos.
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