Cidades

Coronel será investigado

Ministério Público abriu procedimento para apurar a conduta de um militar da reserva que, em áudio, disse que policiais que compartilharam foto beijando pessoas do mesmo sexo %u201Cdestruíram reputação%u201D da PMDF

Correio Braziliense
postado em 15/01/2020 04:44
Imagem teria sido registrada durante a festa de formatura de Praças da Turma VI, no último sábado



Um coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) será investigado por declarações consideradas homofóbicas, direcionadas a dois policiais militares — um homem e uma mulher — que aparecem em uma foto beijando pessoas do mesmo sexo. Em um áudio divulgado nas redes sociais, o coronel afirma que os dois PMs “conseguiram destruir a reputação” da corporação. O caso será apurado pelo Núcleo de Enfrentamento à Discriminação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) também pediu que a PMDF analise a situação.

A foto a que o coronel se refere teria sido registrada durante a festa de formatura de Praças da Turma VI, realizada no último sábado, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Na imagem, compartilhada em uma rede social, os dois policiais recém-formados beijam outras duas pessoas sem uniforme militar.

No áudio, que teria sido enviado em um grupo com policiais, o reservista critica a atitude dos novos militares. “Nos nossos regulamentos, nós temos... aprendemos sempre que se deve preservar a honra e o pudor do policial militar. Então, é isso que foi quebrado ali. Aquela avacalhação ali, aquela frescura ali poderia ser evitada”, diz.

O coronel prossegue, afirmando que os dois “não se criam na Polícia Militar”. “Nós conhecemos bem como é nosso ambiente e o que deve acontecer durante a trajetória deles. Nós vamos ver que vai existir aquele esfriamento, o isolamento deles dentro da corporação. Eles não se criam”, pontua. “Muito obrigado, senhores, os senhores conseguiram destruir a reputação da nossa Polícia Militar”, acrescenta.

Em nota oficial, a Polícia Militar informou que não compactua ou apregoa quaisquer tipos de preconceito e que as declarações do coronel reformado não condizem com o ponto de vista do comando da corporação. “Os áudios atribuídos ao coronel da reserva remunerada manifestam uma opinião pessoal dele e serão analisados. Nenhum integrante da corporação está autorizado a dar entrevista sobre o assunto, para tentar evitar maiores exposições e controvérsias.”

Câmara
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa, presidida pelo deputado distrital Fábio Felix (Psol), enviou à Polícia Militar um pedido de apuração dos fatos. A corregedoria da PM também foi acionada para que investigue possível prática do crime de LGBTIfobia por parte do policial. Segundo a comissão, o áudio do coronel pode configurar crime de homofobia, pois revela desprezo aos policiais pela circunstância de eles serem homossexuais.

“É de extrema gravidade, porque evidencia que o oficial acredita que o ambiente da PMDF é tão homofóbico que os policias serão isolados e, eventualmente, deixarão a corporação. A declaração é expressa: homossexuais ‘fora do armário’ envergonhariam a corporação. Trata-se de entendimento que precisa ser rechaçado fortemente pelo comando da corporação, sob pena de se permitir firmar tal entendimento”, afirma a comissão em documento.

* Estagiário sob supervisão de Vinicius Nader



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