Correio Braziliense
postado em 17/01/2020 04:16
Meia hora antes do horário de almoço, os frequentadores do Deck Brasil, no Lago Sul, levaram um susto. Do lado de fora, no estacionamento público do shopping, na QI 25, um dos acusados de integrar quadrilha especializada em roubo de relógios de luxo levou um tiro de um policial momentos antes de praticar outro crime no Distrito Federal. O disparo atingiu a perna do criminoso, que era seguido por equipes da Divisão de Repressão ao Sequestro (DRS). “Chegamos a eles pelo padrão de atuação e pela análise de ocorrência. Além do que o motociclista era sempre o mesmo”, afirma o delegado Leandro Ritt, titular da unidade.
Algumas pessoas gravaram vídeos da movimentação policial no Deck Brasil. Neles, é possível ver que a abordagem assustou pessoas que faziam compras no shopping. As imagens também mostram dois suspeitos no chão do estacionamento, um deles, o motociclista atingido pelo agente da Polícia Civil. O bandido ferido estava armado e recebeu atendimento no Hospital de Base do Distrito Federal.
Segundo a investigação, os suspeitos fazem parte de uma quadrilha de São Paulo que vinha a Brasília aos fins de semana ou às vésperas de feriado para roubar relógios avaliados em R$ 180 mil. Esses objetos eram os principais alvos do grupo. A Operação Cronos, referência mitológica ao deus grego do tempo, se desenrolou ontem depois de um médico ter tido o relógio de R$ 50 mil levado pela quadrilha na quarta-feira, no estacionamento do Hospital Santa Lúcia, na Asa Sul. A DRS, no entanto, havia começado a investigação em agosto, quando ocorreram os primeiros roubos.
A hipótese é de que, no total, a quadrilha tenha praticado 10 assaltos, na Asa Sul, Asa Norte, no Sudoeste e Lago Sul. Os assaltos seguiam um padrão. Os criminosos atacavam em dupla. Um deles usava um veículo SUV, e outro, uma moto. “A ação se iniciava na procura de carros de luxo, contando que os motoristas também tinham relógios de luxo. Por telefone, alertavam ao motociclista, que fazia a abordagem em sinais de trânsito, às vezes, aproveitando janelas de carros abertas. Em outras, atacavam na entrada de garagens ou mesmo em estacionamento de shoppings”, detalhou Leandro.
Binóculo
O alvo, segundo a polícia, eram relógios da marca Rolex ou até mesmo mais caros, posteriormente revendidos a valores inferiores para receptadores, em São Paulo. Em um dos casos, porém, os assaltantes não tiveram sorte, pois a vítima, moradora do Sudoeste, utilizava um Rolex falsificado, no valor de R$ 600. No caso do último roubo, o relógio do médico abordado na Asa Sul seria repassado por R$ 7,5 mil.
De acordo com o delegado, a investigação aponta que esses objetos de luxo poderiam ser negociados fora do país. “A suspeita é de que saíam do Brasil via Paraguai, chegando aos Estados Unidos. Mas esses relógios têm numeração única, junto aos ponteiros, não tem como raspar”, alerta Leandro.
Com os suspeitos, a polícia apreendeu um carro alugado, uma moto adulterada e uma arma calibre 22. Dentro do SUV, havia um binóculo. Os suspeitos devem responder por roubo, com pena que varia de 8 a 10 anos de prisão. De acordo com o chefe da DRS, a prisão deve ser convertida para preventiva.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.