Cidades

Por dia, 60 são pegos na blitz

Número de autuações por alcoolemia no DF passa de 21.727 em 2018 para 22.379 em 2019, um crescimento de 3%. Detran-DF garante que fiscalização será intensificada neste ano. Especialista alerta para a importância das medidas educativas

Correio Braziliense
postado em 18/01/2020 04:15
Além de autuações na Lei Seca, número de mortos nas vias da capital cresceu em 1% de 2017 para 2018. Dados de 2019 ainda serão consolidados

O número de brasilienses flagrados dirigindo alcoolizados cresceu em 2019. Levantamento do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) mostra que ocorreram 22.379 autuações pela Lei Seca no ano passado. Comparado a igual período de 2018, quando houve 21.727 infrações, a quantidade de ocorrências cresceu cerca de 3%. Isso significa que, por dia, 61 moradores do Distrito Federal foram multados por alcoolemia. Com a proximidade do carnaval, os órgãos de fiscalização do trânsito da capital pretendem fechar ainda mais o cerco contra os motoristas irregulares.

O Detran atribui o crescimento das autuações à intensificação da fiscalização no DF. De acordo com o diretor de Policiamento e Fiscalização de Trânsito do departamento, Francisco Saraiva, a integração entre órgãos de fiscalização, como o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) e a Polícia Militar, também impactou no aumento de autuações. “Passamos a fazer operações estratégicas, que exigem maior planejamento. Descobrimos roteiros por onde esses condutores costumam passar, como em eventos que envolvem bebida alcoólica, e montamos blitze”, informa.

Saraiva também considera que, apesar do aumento das infrações, o motorista brasiliense está mais “educado”. “Se analisarmos o número de notificações em relação ao universo de motoristas ou da frota do Distrito Federal, é perceptível que esse número está baixo”, ressalta. Segundo o diretor, a fiscalização será intensificada no restante do ano, principalmente no carnaval. “Teremos blitze inteligentes, com locais e horários. Serão várias operações simultâneas em áreas em que haverá blocos carnavalescos”, frisa.

Durante a operação Carnaval de 2019, o Detran montou pontos de fiscalização estratégicos para coibir motoristas a conduzirem veículos após ingerir bebidas alcoólicas. A ação ocorreu de 2 a 5 de março, período em que a folia foi comemorada no ano passado, e o órgão autuou 266 motoristas na Lei Seca, cerca de 66 condutores por dia.

Acidentes fatais
Além das autuações na Lei Seca, o número de pessoas mortas no trânsito do Distrito Federal cresceu em 2019. Dados preliminares do Detran mostram que ocorreram 279 óbitos no ano passado. Em 2018, o número registrado foi de 277, um aumento de 1% na comparação entre os dois períodos. Além disso, os dados de dezembro estão sendo calculados pelo órgão, e, até o fim de janeiro, a quantidade pode subir.

Desde 2017, a capital passou a registrar aumento no número de casos de óbitos no trânsito. Naquele ano, 254 pessoas morreram nas vias brasilienses. Em comparação com 2018, a quantidade de registros cresceu quase 10%. Do total de vítimas de 2017, 44% (121) apresentaram resultado positivo para álcool ou drogas. Entre janeiro e novembro de 2018, 42% (110) das pessoas que perderam a vida em acidentes haviam ingerido entorpecentes. Os dados de 2019 ainda não foram consolidados pelo Detran.

O especialista em mobilidade de sistema e transporte da Estácio Brasília, Artur Carlos de Morais, destaca que a educação é a peça-chave para que o trânsito se mantenha seguro. De acordo com ele, o aumento de autuações está atrelado à intensificação da fiscalização, e a quantidade de mortes se mantém sem grande crescimento justamente por causa desse trabalho. “Com aumento de fiscalização, teremos impacto nas autuações e, consequentemente, redução de pessoas sofrendo e causando acidentes.”

O estudioso alerta que as campanhas educativas no DF precisam acontecer de forma interrupta e não apenas em épocas com alguma data comemorativa. “Os problemas no trânsito acontecem o ano inteiro, por isso, a educação é tão importante”, afirma. Sobre a Lei Seca, Artur comenta que ela atende à necessidade dos órgãos de trânsito brasileiros. “Hoje, a pessoa pode responder criminalmente ou administrativamente. Todas as regras estão muito bem especificadas para a população. Para reduzir as estatísticas de morte, o ideal é investir em fiscalização e campanhas”, reforça.





O que diz a lei
» O Código de Trânsito Brasileiro prevê que dirigir sob influência de álcool é considerado infração gravíssima. Quem for pego com níveis acima de 0,3 mg/litro pode ser preso, ter o veículo retido e a Carteira Nacional de Habilitação suspensa por um ano. A multa para os motoristas que cometerem a infração é de R$ 2.934,70. Em caso de reincidência em até 12 meses, a multa é dobrada e alcança o valor de R$ 5.869,40. Em 2019, a Lei nº 11.705, conhecida como Lei Seca, completou 11 anos.




Autuados por alcoolemia
2018 - 21.727
2019 - 22.379
Variação – 3%

Mortes no trânsito
2018 – 277
2019 - 279
Variação - 1%



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