Cidades

Suspeito de assassinar transexual já tinha sido denunciado por estupro

O homem, de 51 anos, matou a vítima, Ana Clara Lima, com uma facada no abdômen. Ele foi acusado de abusar sexualmente de uma garota de programa

Correio Braziliense
postado em 18/01/2020 09:32
Fachada da 2ª Delegacia de Policial - Asa Norte.A 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte) investiga o assassinato de uma garota de programa transexual, de 36 anos. A vítima, Ana Clara Lima, conhecida como Júlia, morreu após levar uma facada no abdômen, na madrugada de sexta-feira (17/1), na 509 Norte. Uma amiga dela, de 29, também ficou ferida, após ser golpeada no braço. O suspeito, identificado pelo apelido Coruja, 51, é procurado pelo homicídio. Ele já tinha sido denunciado por estupro, cometido contra uma outra garota de programa.

Segundo o delegado Bruno Santos, adjunto da 2ª DP, o acusado mora na Asa Norte e é cliente de garotas de programas. “Ele circula frequentemente pelo local e contrata as mulheres. Quando está sem dinheiro e elas não aceitam realizar o trabalho de graça, ou fiado, o suspeito reage com agressões verbais. Trata-se de uma pessoa problemática, que se envolve em confusões”, afirmou.

Coruja e Júlia se conheciam, pois a vítima também trabalha na região. Inclusive haviam se envolvido em uma briga anterior. “Testemunhas nos informaram que eles tinham esse desentendimento. Na ocasião, o homem chegou a jogar pedras no carro da mulher. Portanto, a situação entre eles é antiga, não surgiu no dia do crime. Agora, estamos trabalhando para identificar o motivo dos desentendimentos”, destacou Bruno.

Na madrugada do crime, Júlia trabalhava na 709. Quando ela se arrumava para ir embora, viu o acusado, a pé, na 509. A mulher, acompanhada da amiga, atravessou a W3 Norte, como registrado em câmeras de segurança da região. O material foi recolhido pela 2ª DP e passa por análise. Os equipamentos, porém, não filmaram o momento do assassinato. “Acreditamos que a vítima foi tirar satisfações com o suspeito por causa desse outro desentendimento. Eles entraram em luta corporal, mas o acusado estava com uma faca e a golpeou. Isso não ficou registrado em vídeo. Só é possível ver as mulheres retornando do local do crime, feridas”, detalhou o investigador.
 

Estupro


As vítimas foram socorridas ao Hospital de Base, mas Júlia não resistiu. A amiga dela, após receber atendimento médico, prestou esclarecimentos sobre o caso à 2ª DP. A unidade representará pela prisão temporária do acusado na Justiça. “Precisamos elucidar algumas nuances do crime, como a motivação. Ainda há peças que precisam ser encaixadas”, acrescentou Bruno.

Coruja tem passagem na polícia por furto e estelionato. Também consta na ficha dele ocorrência por falsidade ideológica e pelo estupro de uma garota de programa. “São inquéritos que estão espalhados pelo Distrito Federal. No caso do abuso sexual, por exemplo, ele argumentou que não poderia cometer o crime contra a vítima por causa da profissão dela”, disse o investigador.

Questionado se o crime poderia se encaixar no crime de feminicídio, o delegado ressaltou que “uma mulher trans pode, sim, ser vítima por preconceito de gênero. Porém este caso não se enquadra na hipótese, pois o assassinato ocorreu em decorrência de uma briga entre vítima e autor anterior”.
 

Perseguição e assassinato

 

Em 26 de janeiro de 2017, Agatha Lios, 22 anos, foi morta a facadas, chutes e socos na Agência de Distribuição dos Correios de Taguatinga. Conforme apuração da Delegacia de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual, Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), o crime foi motivado por uma disputa de ponto de prostituição e porque a vítima chamava a atenção de possíveis clientes por causa da beleza. Câmeras de segurança dos Correios (foto) filmaram o momento em que Agatha sofreu o ataque. Ela apareceu correndo, sendo perseguida por quatro transexuais. Após o homicídio, as acusadas deixaram o Distrito Federal. Carol e Lohanny foram presas em 18 de julho de 2017 no bairro Colônia Terra Nova, em Manaus. Bruna acabou detida na Freguesia do Ó, em São Paulo, em 3 de maio de 2018. Em 19 de julho do ano passado, a polícia deteve a última suspeita, Samira, em Goiânia (GO). Todas respondem por homicídio qualificado, pela impossibilidade de defesa da vítima. Se condenadas, podem cumprir pena de 12 a 30 anos de prisão. 

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