Cidades

R$ 0,05 não foram suficientes

Mesmo depois de o GDF retirar parte do aumento das passagens, estudantes reuniram-se ontem em Taguatinga para protestar contra os valores cobrados. Foi a terceira manifestação desde que o governo anunciou o reajuste

Correio Braziliense
postado em 22/01/2020 04:17
Protesto começou na Praça do Relógio, de onde os participantes saíram em romaria


A terceira manifestação contra o aumento das tarifas do transporte público no Distrito Federal ocorreu na noite de ontem na Praça do Relógio. Manifestantes caminharam pelo centro de Taguatinga em romaria. A performance, em formato de procissão, foi chamada pelos organizadores de “pagador de tarifas”, em referência ao filme O pagador de promessas. Para o Movimento Passe Livre (MPL), que liderou o protesto, o brasiliense carrega uma catraca (cruz) para pagar os altos preços cobrados pelo governo.

“O aumento é abusivo dentro da realidade do Distrito Federal”, protesta Manuel Paiva Lins, 19 anos, estudante de engenharia florestal na Universidade de Brasília (UnB) e integrante do MPL. Manuel conta que pega quatro ônibus por dia e afirma que “apesar de o Passe Livre funcionar, não é suficiente”. Para o estudante, mobilidade é um direito social e, por isso, nenhuma passagem deveria ser cobrada.

A moradora de Vicente Pires Yasmin Rodrigues, 22, compareceu à procissão por ser contra o aumento das tarifas de ônibus e metrô e depender do transporte público para se locomover. “Eu moro em um lugar quase inacessível quando se fala de transporte público. Além de o governo não oferecer mobilidade de qualidade, o aumento é abusivo”, desabafa.

O reajuste do preço das passagens foi comunicado em 9 de janeiro e oficializado no dia seguinte. De acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), a decisão foi tomada para arcar com os custos da manutenção do setor. A medida começou a valer em 13 de janeiro. A Câmara Legislativa do DF (CLDF) pediu, em ofício, a suspensão imediata do aumento para o governador Ibaneis Rocha (MDB), a fim de propor um novo reajuste.

Além do pedido da CLDF, ocorreu uma manifestação convocada pelo Movimento Passe Livre em 14 de janeiro, na W3 Sul. Os manifestantes chegaram até a Rodoviária do Plano Piloto. A redução de R$ 0,05 no preço das passagens de circular interna e ligações curtas foi anunciada em 16 de janeiro. Na última sexta-feira, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) negou o pedido da ação popular dos deputados Chico Vigilante (PT), Arlete Sampaio (PT), Fábio Félix (PSol) e Reginaldo Veras (PDT) a respeito da suspensão do reajuste das tarifas de ônibus e metrô no DF.

Transparência dos dados

Para os deputados distritais, a Secretaria de Transporte e Mobilidade precisa ser mais transparente com os dados que justificam o aumento. Ontem, os deputados e o secretário Valter Casimiro Silveira reuniram-se para discutir possíveis alternativas para o reajuste.

“Faltou tecnicidade do governo na hora de estabelecer as tarifas. Inclusive, dizendo que o problema da passagem era um repasse de 16%. Como que chegou a esse número? Para nós, esse reajuste foi uma decisão política. Existe uma maioria na Casa que acha esse aumento abusivo e quer buscar soluções”, afirmou Fábio Felix, autor do projeto de decreto legislativo (PDL) que pretende sustar o aumento nas passagens.

Chico Vigilante disse que os deputados precisam de “dados reais” para conseguir julgar a validade do reajuste. “O secretário comprometeu-se a disponibilizar todos os dados que eles têm até amanhã, para que possamos encontrar alguma solução para esses aumentos”, afirmou o parlamentar.

Participaram da reunião com o secretário de Mobilidade Arlete Sampaio (PT), Chico Vigilante (PT), Erika Kokay (PT), Fábio Felix (Psol), Júlia Lucy (Novo), Leandro Grass (Rede), Rodrigo Delmasso (Republicanos) e Valdelino Barcelos (PP). Eles esperam os próximos movimentos do governo para decidir se votam o PDL em sessão extraordinária ou se o projeto será apreciado em 3 de fevereiro, quando o Plenário da Câmara volta do recesso de fim de ano.

Os deputados distritais pretendem entrar hoje com um recurso contra a decisão judicial de manter o aumento. A assessoria da Secretaria de Transporte e Mobilidade informou por e-mail que todas as informações solicitadas pela Câmara Legislativa foram repassadas ontem. Disse também que a CLDF vai avaliar os documentos apresentados e convocar uma nova reunião, caso necessário.

* Estagiários sob supervisão de Marina Mercante
 
 

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