Correio Braziliense
postado em 23/01/2020 04:36
A casca é a proteção natural das frutas, mas, no caso da laranja, estudantes do Centro de Ensino Médio 2, no Gama, enxergaram além. Bárbara Wingler, 18 anos, Kazue Nishi, 17, Lucas Silva, 19, e o professor de química Alex Aragão, 29, criaram um método para transformar o material orgânico em plástico biodegradável. Trata-se de uma alternativa ao plástico comum a partir da casca da fruta. Por causa da inovação, a World International Fairs Association (Wifa) — Associação Mundial de Feiras Internacionais, em tradução livre — convidou o grupo para apresentar o projeto em uma feira de ciências na Malásia, no segundo semestre de 2020.
A ideia surgiu quando os alunos se sensibilizaram com o problema dos plásticos nos oceanos, especialmente de canudos, que provocam a morte de tartarugas. Os estudantes, com o apoio do professor Alex, pesquisaram fontes de matéria- prima disponíveis em grande quantidade no Brasil, além de artigos científicos. Com o estudo concluído, os estudantes testaram metodologias. Eles descobriram, por exemplo, que a casca de laranja, por reunir muitos compostos orgânicos, pode ser tóxica ao meio ambiente quando descartada de maneira incorreta na natureza. “A partir dessas questões, decidimos usar a laranja para produzir um material capaz de substituir o plástico e não poluir, mesmo descartado de forma errada”, descreve Kazue. “Estamos trabalhando em cima dessa tecnologia a fim de conseguir um material com propriedades mais resistentes”, detalha o educador.
O levantamento para tornar a iniciativa realidade durou alguns meses, até chegar à primeira membrana de bioplástico, em agosto de 2019. A primeira apresentação ocorreu na Feira Brasiliense de Tecnologia e Ciência de 2019. O grupo conquistou o terceiro lugar na modalidade Ciências Exatas da Terra. Após o resultado, os representantes do Centro de Ensino Médio 2 do Gama receberam o credenciamento da Wifa. A organização internacional apresentou o projeto dos jovens à World Invention Competition and Exhibition (Wice) — Competição e Exibição Mundial de Invenções, em tradução livre —, a ser realizada em Kuala Lumpur, na Malásia, de 2 a 6 de outubro de 2020, porém, os alunos não têm condições de arcar com os altos custos da viagem.
Dificuldades
Além dos custos da viagem à Malásia, o grupo precisa de uma estufa para secar as membranas na placa de Petri. Com a necessidade de dar continuidade ao projeto, os estudantes e o professor trabalharam no improviso, a partir de caixas de madeira e vidro de um aquário quebrado. “Com o nosso ‘equipamento’, as membranas demoram, em média, 10 dias para secar. Em uma estufa tradicional, demoraria uma semana, no máximo”, revela o professor Alex.
A escola também não tem recursos para proporcionar uma estrutura que atenda às demandas da produção científica do Clube de Ciências. “Tiramos dinheiro do nosso próprio bolso para comprar reagentes e outros equipamentos necessários para fazer o bioplástico”, explica o educador.
Os três alunos querem seguir carreira na área de ciências exatas. Lucas e Bárbara concluíram o ensino médio em 2019, e Kazue está no último ano. Kazue e Lucas querem cursar química; e Bárbara pretende seguir o caminho da biotecnologia.
* Estagiários sob supervisão de Guilherme Goulart
"A partir dessas questões, decidimos usar a laranja para produzir um material capaz
de substituir o plástico e não poluir, mesmo descartado de forma errada”
de substituir o plástico e não poluir, mesmo descartado de forma errada”
Kazue Nishi,
17 anos
Com o nosso ‘equipamento’, as membranas demoram, em média, 10 dias para secar.
Em uma estufa tradicional, demoraria uma semana, no máximo”
Em uma estufa tradicional, demoraria uma semana, no máximo”
Alex Aragão,
professor
O evento
Sediada na Malásia, a feira pode ser uma grande oportunidade de atrair olhares para possíveis investidores no projeto. O WICE-World Innovation Competition and exhibition-Malaysia é um evento que pretende observar o desenvolvimento e o conhecimento de jovens sobre a invenção e a inovação, especialmente no campo da ciência, além de fomentar extensão das ideias, dos conhecimentos e das habilidades dos alunos na aplicação do dia a dia.
» O quê: World Invention Competition and Exhibition (WICE)
» Onde: Kuala Lumpur
» Quando: de 2 a 6 de outubro de 2020
Como ajudar
Na tentativa de arrecadar dinheiro para a viagem internacional, os alunos criaram uma vaquinha on-line, na qual é possível doar qualquer valor. O objetivo é arrecadar R$ 25 mil. Até o momento, eles conseguiram mais de R$ 5 mil. Para doar, basta acessar www.vakinha.com.br/vaquinha/ajudar-os-alunos-do-cem-02-do-gama-a-participaram-da-wica e colaborar. Outra ajuda bem-vinda seria a doação de uma estufa de laboratório. O equipamento que o grupo usa hoje é improvisado e leva cerca de 10 dias para secar uma membrana. A estufa em bom estado leva menos de uma semana. Para mais informações, entrar em contato com o professor Alex Aragão, pelo telefone (61) 99404-1014.
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