Cidades

Visto, lido e ouvido

Turismo sexual ainda é uma realidade brasileira

Correio Braziliense
postado em 24/01/2020 04:42
Um senhor de meia-idade, com a pele castigada pelo sol tropical, se fazia acompanhar por uma adolescente. Na viagem pelas praias da Bahia, com o barco lotado, a jovem  seguia sentada no colo do homem, trocando carícias, sob o olhar indiferente dos demais passageiros. Pelo que pode ouvir do diálogo entre eles, outra galega logo identificou o sujeito como sendo um conterrâneo seu, possivelmente a turismo por aquelas bandas. 

Só que um tipo muito específico de turismo, em que o visitante é brindado pela agência de viagens com mimos extras, como acompanhantes nativas, dispostas a realizar todos os desejos que o dólar cobiçado pode comprar. Evidentemente, ali estava em sua frente o exemplo típico do chamado turismo sexual, ainda muito divulgado lá fora por agências especializadas neste ramo lucrativo de negócios.

De tudo, o que a galega pode observar naquelas cenas bizarras, o que mais a deixou perplexa e mesmo com certa indignação, foi a indiferença dos demais passageiros, muitos deles também nativos, com o flagrante crime de pedofilia que corria diante dos olhos de todo mundo. Decepcionada com aquela situação, a americana conta que nem percebeu a paisagem ao redor, com mar cristalino e peixes voadores que acompanhavam a embarcação. Situações como a flagrada pela visitante, ainda são comuns na maioria do litoral do Nordeste.

Mesmo em São Paulo, há pouco mais de um mês, no estacionamento Ceagesp, maior mercado atacadista da América do Sul, a prostituição infantil, envolvendo principalmente meninas negras e pobres e caminhoneiros, era um fato tão corriqueiro que não despertava a indignação de ninguém. Em troca de algumas moedas, comida ou drogas, as menores mantinham um intenso movimento naquela área de comércio, que só foi quebrado, depois que uma série de reportagens feitas pela Rádio CBN chamou a atenção das autoridades para o triste fato.

Expulsas daquela localidade, para não prejudicar os negócios do mercado atacadista, as meninas, obviamente, foram para outras regiões continuar a vida. Exemplos como esses demonstram o que alguns sempre souberam: não há Estatuto da Criança e do Adolescente capaz de inibir esse crime horrendo.

Desde sempre foi assim. Não surpreende, pois, que o Brasil agora seja apontado pela ONG internacional Save de Children, como um dos piores países do mundo para ser menina. Neste ranking vexatório, o Brasil aparece na 102ª posição entre 144 países pesquisados. 

O estudo leva em conta problemas como o desenvolvimento e independência das meninas, casamentos na infância e adolescência, gravidez precoce, mortalidade materna, além de representatividade feminina no parlamento e acesso à educação básica. Na avaliação da ONG, o Brasil apresenta índices elevados em cada um desses problemas. Para um país que busca inserção no clube das nações desenvolvidas, o caminho é longo, uma vez que terá de resolver problemas que parecem pertencer ainda à Idade Média.


A frase que foi pronunciada:
“ Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem.”
Santo Agostinho, teólogo e filósofo nos primeiros séculos do cristianismo
 

Brasil
» A comandante Leorgia conduziu a aeronave da Latam de Brasília a Florianópolis. O número de mulheres pilotos de aviões comerciais, com rotas nacionais e internacionais, aumenta significativamente.


Boa ideia
» Um projeto da Universidade do Estado do Amazonas, em parceria com a Ecoforte, objetiva colher resíduos domésticos como plástico, metal, papel e papelão. Os produtos são cotados como moeda e transformados em tíquetes para pagar lanches na própria lanchonete da universidade ou trocar por sacolas recicladas.


Como funciona
» Na prática, um aplicativo foi desenvolvido pela Agência de Inovação. Os empreendedores da Ecoforte, Paulo César Pontes Filho e Laís Anne de Castro Lima, criaram o Trashback. O sistema realiza a contagem dos resíduos doados para convertê-los em pontos e a partir daí a moeda de troca vem em forma de tíquete.


Por quê?
» “Queremos conscientizar a comunidade que resíduo não é lixo. Lixo vai para o aterro e resíduo é dinheiro e pode ser revertido em benefícios. Hoje são geradas, em média, 72 mil toneladas de resíduos domésticos por mês. Com esse projeto, vamos mostrar que plástico vira saco de lixo, papelão vira lixeira ecológica e latinha vira copo. Tudo é reaproveitado e transformado”, declara Paulo César Pontes Filho. 


História de Brasília
As professoras de Brasília estão fazendo um movimento de estabilidade. Nada mais injusto para com o plano educacional de Brasília, em que uma das principais vantagens é o contrato pela Legislação Trabalhista, evitando, assim, os “medalhões”, que infestam o ensino nos outros Estados. (Publicado em 14/12/1961)

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