Correio Braziliense
postado em 26/01/2020 04:06
Os deputados distritais priorizaram investimentos em urbanismo, educação e saúde nas emendas ao Orçamento do Distrito Federal de 2020. De acordo com os números mais recentes disponíveis na plataforma Dados Abertos da Câmara Legislativa, dos cerca de R$ 550 milhões previstos para ações apoiadas pelos parlamentares, mais da metade — aproximadamente R$ 281 milhões — é voltada para os três setores, considerados prioritários também pelo Executivo local. Porém, transporte e segurança, outras áreas sensíveis da capital, ficaram para trás na destinação dos recursos.
Com relação ao urbanismo, setor a que os parlamentares destinaram o maior valor, foram apresentadas 186 emendas. Ao todo, o montante previsto para a área é de cerca de R$ 160 milhões. Esses recursos devem ser usados para bancar investimentos em obras e infraestrutura em todas as regiões administrativas do Distrito Federal.
Em alguns casos, as emendas especificam para qual local devem ser usadas, mas há também valores em que essa definição inexiste e pode haver flexibilidade ao longo da execução. É o caso de uma emenda de R$ 3,5 milhões — de autoria do presidente da Casa, Rafael Prudente (MDB) —, que é voltada para ampliação da iluminação de cidades do DF. Valor igual foi separado por Júlia Lucy (Novo) para a construção de creches.
A educação é o segundo setor em que os distritais previram mais recursos. São 52 emendas, que contabilizam R$ 83 milhões. Boa parte dos investimentos são destinados para o Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (PDaf), por meio do qual os valores são repassados, depois, para escolas e coordenações regionais de ensino.
Além da verba transferida para o PDaf, há emendas reservadas para construções de unidades de ensino e outras obras ligadas à área, como a edificação do Museu da Educação do DF. Reginaldo Veras (PDT) previu R$ 300 mil para a implementação da iniciativa.
Uma das áreas mais sensíveis do Distrito Federal, a saúde conta com 50 emendas. Ao todo, são estimados R$ 38,5 milhões. O petista Chico Vigilante reservou R$ 3 milhões para a construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) em todo o DF. Jorge Vianna (Podemos) separou R$ 1 milhão destinado a novas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Os parlamentares, além das construções, destinaram valores que priorizam reformas, ampliação da cobertura de atenção básica e compra de medicamentos e materiais para uso em hospitais.
Em quarto lugar na lista de prioridades das emendas parlamentares deste ano, está a cultura, com R$ 32 milhões. O setor é historicamente um dos que mais recebem recursos de apoio dos deputados. A maior parte desses valores, no entanto, é usada para bancar a realização de eventos de vários segmentos em diversas regiões do DF.
Transporte e segurança
Apesar de estar entre as áreas em que há mais reclamação do Executivo por falta de recursos, o transporte público ficou em nono lugar na destinação de emendas pelos deputados distritais. Ao todo, há R$ 19 milhões voltados para a mobilidade. O tema motivou polêmicas, recentemente, com o aumento de passagens de ônibus e metrô. A justificativa do GDF para o reajuste é de que a conta não fecha e que o orçamento da área não é suficiente para bancar o sistema com qualidade sem alteração do valor.
Para a segurança pública, na sexta posição, distritais reservaram R$ 27 milhões. O número é bastante superior ao previsto no Orçamento de 2019, quando havia R$ 5,3 milhões. Neste ano, os recursos devem ser usados com reformas, ampliações e projetos de monitoramento por câmeras.
Execução
A previsão feita pelos distritais não garante que as medidas sejam efetivadas. A execução das emendas depende da liberação do Executivo local. Historicamente, o valor efetivado é sempre menor do que o previsto. No ano passado, a demora na liberação dos recursos motivou reclamações.
Para saber mais
» Cada deputado distrital tem direito a cerca de R$ 19 milhões nas emendas ao orçamento de 2020. Ao valor total, no entanto, somam-se também outras iniciativas apoiadas pelo relator e pela mesa diretora.
Palavra de especialista
Instrumento democrático
“Muitas vezes critica-se essa possibilidade de parlamentares interferirem no orçamento. Esse questionamento já foi muito presente em âmbito federal, mas acredito que seja uma incompreensão. Elas são um instrumento democrático de participação direta, à medida que os parlamentares são mais sensíveis ao que atinge a população. Elas são uma expressão daqueles anseios muito localizados que dificilmente entrariam em uma proposta elaborada pelo Executivo, mais ligada à tecnocracia e às questões globais. Portanto, as emendas são um percentual pequeno do orçamento, que não deixa de contemplar parcelas do povo deixadas de lado. O que se tem é que aperfeiçoá-las para que talvez possam passar por algum crivo em que exista maior peso e mais responsabilidade dos parlamentares que são autores delas.”
Roberto Piscitelli,
economista e professor da Universidade de Brasília (UnB)
Valores por área
Confira quanto está previsto nas emendas da Câmara Legislativa por setor
Valores por área
Confira quanto está previsto nas emendas da Câmara Legislativa por setor
» Urbanismo - R$ 159.627.416
» Educação - R$ 83.134.272
» Saúde - R$ 38.577.636
» Cultura - R$ 32.077.544
» Esporte e lazer - R$ 28.174.272
» Segurança pública - R$ 27.794.636
» Direitos da cidadania - R$ 25.421.942
» Encargos especiais - R$ 23.716.213
» Transporte - R$ 19.334.636
» Trabalho - R$ 15.967.908
» Agricultura - R$ 13.863.966
» Justiça - R$ 12.389.170
» Ciência e tecnologia - R$ 11.630.000
» Energia - R$ 11.190.636
» Legislativa - R$ 10.800.000
» Gestão ambiental - R$ 10.058.636
» Comércio e serviços - R$ 8.820.000
» Administração - R$ 7.941.000
» Habitação - R$ 5.000.000
» Saneamento - R$ 2.100.000
» Assistência social - R$ 1.766.000
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