Cidades

A lição de Anísio

Correio Braziliense
postado em 26/01/2020 04:07
Educadores e pesquisadores elogiam os planos de educação criados dentro do Caseb, nos anos 1960, por diversos motivos. Entre eles, está a interação dos estudantes com o mundo fora do limite das paredes escolares, como explica Maria Paula Vasconcelos Taunay, doutora em educação e tecnologia pela Universidade de Brasília (UnB). “O plano urbano de Lucio Costa era ousado e dava à escola pública um caráter polarizador da convivência social. Então, o planejamento elaborado por Anísio Teixeira, a pedido de JK, dialogava espaço, indivíduo e aprendizagem em um ideal de sociedade que visava oferecer à população interações e conhecimentos. Ou seja, nessa orientação, a cidade educa”, avalia. A ideia era que o espaço escolar se ampliasse à urbanidade das superquadras, permitindo conhecimentos além daqueles dos livros escolares.

Porém, a década da construção de Brasília também foi marcada pelo período obscuro da ditadura, que atacou os principais pensadores do país e impediu projetos sonhados para a capital. “Pensar em educação no Brasil é um ato revolucionário. É pilar da resistência acreditar na educação pública de qualidade. Mas esse idealismo que moveu Anísio Teixeira e outros envolvidos no projeto de educação para a sociedade brasileira fez com que eles fossem perseguidos e silenciados pela ditadura militar”, detalha Maria Paula.

Para a pesquisadora, essa descontinuidade das administrações públicas é uma das principais dificuldades na execução dos planos educacionais, mas é necessário continuar seguindo o ideal de educação pública de qualidade. “Essa é uma estrada segura para os árduos tempos em que vivemos”, avalia.
 
 

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