Cidades

Os desafios da Escola Parque

Há nove anos na direção da Escola Parque 308 Sul, Paulo César Valença explica que, apesar das dificuldades históricas, a instituição continua tendo como base os pensamentos pedagógicos modernos. “O que foi planejado por Anísio Teixeira enfrentou barreiras para prosperar, primeiro porque a demanda das escolas parque aumentou muito e, segundo, por causa do período do golpe militar. Mas nossa preocupação sempre foi construir o conhecimento, não que a aula seja só expositiva. A criança vai percebendo, assim, potenciais que não são reparados no dia a dia de um lugar que só preze os conhecimentos gerais”, detalha.

Para que isso seja feito, Paulo coloca como essencial a visão da criança como um ser humano de direitos. “A gente acredita que os alunos têm que encontrar, no convívio, um espaço para mediação de conflitos, para que eles possam exercer o direito de serem livres, manifestarem as impressões por meio da fala. Quanto mais cedo isso acontece, melhor para o processo educativo deles”.

O diretor se orgulha em dizer que foi esse processo que formou médicos, engenheiros, professores, artistas e diferentes brasilienses que encontraram diversos caminhos para a vida após essa base escolar. “Anísio Teixeira cumpriu a missão que tinha, propiciando uma educação de qualidade para muitas crianças e adolescentes, em Brasília e na Bahia, incluindo quem tinha menos privilégios. E nosso trabalho é continuar esse processo, que acontece até em pequenos detalhes. Desde o ‘bom dia’ que desejamos, estamos trabalhando para formar cidadãos. Falar para o aluno ‘que você tenha um fim de semana maravilhoso’ é ter cuidado com a educação dele, que acontece para a vida, não só na escola. Nosso corpo docente acredita nisso”, finaliza.

A estrutura da instituição favorece esse ensino. Na biblioteca, por exemplo, Amanda Callafange, 24, aprendeu a ter gosto pelos livros. “Cheguei a ler quase um livro por dia. Minha mãe era bibliotecária e eu, aluna lá (na Escola Parque da 308). Então, tinha esse incentivo dela de escolher as obras, levar para casa. Toda a experiência foi muito positiva, porque a gente tinha matérias diferentes da escola tradicional. Enquanto nas outras era matemática, física, na escola parque, era teatro, música, educação física”, lembra a estudante de psicologia.