Correio Braziliense
postado em 27/01/2020 04:35
Com o uso do telefone celular cada vez mais incorporado aos hábitos das pessoas, também aumentam os riscos de acidentes no trânsito ocasionados em função da utilização do aparelho. De acordo com o Departamento de Trânsito (Detran), 77.084 condutores foram notificados por manusear o celular enquanto dirigiam, em 2019 — uma média de 207 flagrantes por dia. Em 2018, a autarquia distribuiu 72.600 infrações do tipo, 6% a menos do que no ano passado.
Em novembro de 2016, a penalidade passou a ser considerada gravíssima, mas os números de infratores continuaram a subir. À época, a multa prevista aumentou de R$ 85,13 para R$ 293,47, além dos sete pontos na CNH. No entanto, a punição não impediu os acidentes. O Detran não tem levantamento sobre o número de mortes no trânsito causadas pelo uso do aparelho. Segundo o órgão, há dificuldade para flagrar o desrespeito antes de eventuais batidas. “Às vezes, a gente tem a informação do agente, mas não confirma, porque o agente chega, e o acidente já aconteceu”, explica o diretor de Policiamento e Fiscalização do Detran, Francisco Saraiva.
Segundo Saraiva, colisões menores provocadas pelo celular ao volante são mais frequentes. “No horário de rush, o maior número de acidentes são pequenas batidas causadas por de cidadão falando ao celular. Normalmente, ele não vê e bate. Isso provoca de três a quatro horas de congestionamento”, comenta. De acordo com o diretor, avanço de semáforo também é infração comum para quem está distraído em uma ligação.
Após passar por um trauma, a secretária Iasmin de Lima Rocha, 27 anos, evita utilizar o celular no trânsito. “Tenho medo de pegar no celular e dirigir. Não pelo fato de levar multa, mas pela possibilidade de ferir ou de matar alguém. Bateram em mim por usarem o aparelho e me machucaram. Eu estava parada na Esplanada dos Ministérios, e o rapaz foi mexer no celular e acertou meu carro por trás. Fui encaixotada entre dois veículos. Fiquei toda dolorida e assustada. Tenho mais consciência em função disso”, conta.
Bons exemplos
Pesquisador na área de transportes pela Universidade de Brasília (UnB), o professor Pastor Willy González Taco avalia que a fiscalização e as campanhas são fundamentais. No entanto, o especialista ressalva que precisa haver uma renovação no conceito do trabalho educativo. “A fiscalização precisa trabalhar pontualmente, em camadas específicas da população”, reforça.
Para o Pastor Willy, o celular ao volante não é um privilégio do brasileiro, mas é preciso incorporar bons exemplos para melhorar os índices. “Alguns países têm trabalhado em educação onde há muitas pessoas, como no cinema. Antes de iniciar o filme, apresenta-se um vídeo curtíssimo sobre os riscos do uso do celular”, destaca.
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