Cidades

Chuvas deixam estragos

As Ruas 3 e 7 de Vicente Pires ficaram completamente alagadas no sábado e no domingo. A lama tomou conta da cidade e buracos se formaram ao longo do asfalto. Segundo o Inmet, as precipitações devem ficar mais intensas durante a semana

Correio Braziliense
postado em 27/01/2020 04:35
Pollianna  reclama dos empoçamentos em frente ao restaurante  que administra
Em 26 dias, as chuvas no Distrito Federal ultrapassaram 64% da quantidade prevista para janeiro. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a expectativa de volume para este mês era de 209,4 milímetros. Entretanto, até ontem, as precipitações na capital haviam atingido uma média de 344 milímetros. Apesar de ter superado o esperado, o tempo chuvoso promete continuar a fazer parte do cenário brasiliense nos próximos dias .

Durante o fim de semana, as chuvas deixaram um rastro de estragos na capital. Em Vicente Pires, uma das cidades  mais afetadas, ruas ficaram completamente alagadas, impactando a rotina dos moradores (leia Calvário). Na manhã de ontem, na 314/315 Norte, uma mulher de 52 anos ficou presa dentro do carro após uma árvore despencar sobre o veículo. Pessoas que estavam na rua precisaram ajudá-la a sair do automóvel. 


O Corpo de Bombeiros foi acionado para socorrer a vítima, que ficou abalada com a situação. Após o atendimento, os militares  cortaram a árvore, que obstruiu completamente a via, localizada na entrada da quadra comercial. Durante o atendimento, o tráfego foi desviado. No sábado, acidentes de trânsito causados pela chuva também foram registrados, entretanto, não houve nenhum grave. 

Calvário
Moradores de Vicente Pires sofrem com a falta de infraestrutura da região administrativa. As Ruas 3 e 7, principalmente, ficaram completamente alagadas durante o fim de semana. Carros e pedestres encontravam dificuldades para se locomover pelo lugar. Após as intensas chuvas, a lama tomou conta da cidade e buracos se formaram ao longo do asfalto. Poucos se arriscavam a circular por lá. 

A gerente financeira de um restaurante na Rua 3, Pollianna Rosário Marinho, 37 anos, relata que o estabelecimento existe há oito anos e sofre cada vez mais com os problemas da cidade, principalmente a falta de reforma nas ruas. “Ao longo do tempo, tivemos que mandar oito funcionários embora. Tudo isso porque o movimento de clientes caiu, justamente porque as pistas não recebem reforma”, reclama. 

Em frente ao restaurante, a avenida está tomada pela lama, não há calçadas ou estacionamentos. “O governo precisa agir. A gente vive disso e muitas outras famílias também. Além de trabalhar, moro aqui”, conta. A mulher ainda frisa que vários comércios vizinhos fecharam as portas por causa das dificuldades que os clientes têm para acessar os estabelecimentos. “A gente investiu aqui. Não temos condições financeiras de reabrir em outro lugar. Ainda estamos abertos por causa da fidelidade das pessoas com o restaurante”, lamenta. 

O feirante Valdir Figueiredo da Silva, 55, reforça que a cidade precisa de atenção do Executivo. “Vi que tiveram iniciativas para melhorar a situação de Vicente Pires, porém, ainda tem muita coisa para ser feita”, comenta. O homem afirma que já teve a casa invadida pelas águas e que precisou, por conta própria, instalar barreiras para impedir que a enxurrada invada a residência. “Meu carro já atolou várias vezes. E, quando chamamos um carro particular em algum aplicativo, precisamos andar até a EPTG (Estrada Parque Taguatinga), porque nenhum motorista quer entrar e sujar o veículo”, diz. 

Por meio de nota oficial, a Secretaria de Obras e Infraestrutura informou que equipes do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) trabalham na pavimentação asfáltica de 600 metros da Rua 3, no trecho que vai da Rua 10 a 8. “Por lá, o serviço de pavimentação asfáltica somente será executado após o término do período chuvoso”, destaca o texto. Além disso, a pasta esclarece que o prazo de conclusão de todas as obras previstas nos contratos em vigor termina em dezembro deste ano. 

Saúde
Mudanças de tempo também podem trazer problemas à saúde. A otorrinolaringologista do Hospital Santa Lúcia Larissa Macedo de Camargo ressalta ,que durante períodos de temperatura estável, a tendência é de que as pessoas fiquem menos doentes. “Na seca extrema e quando as chuvas surgem, a proteção da via aérea diminui. Com essa redução, há facilidade para ficar mais doente”, explica. 

De acordo com a especialista, doenças como bronquite e pneumonia ficam mais comuns nesta época do ano e pessoas com alergias ou asma têm mais disposição a contraí-las. “O ideal é que sempre se faça a vacinação anual contra o vírus da gripe. Pacientes de grupos mais sensíveis também podem procurar um médico e fazer uma avaliação”, aconselha. 

Para evitar contrair alguma doença nesse período, Larissa indica que a população evite ar-condicionado, porque esse aparelho resseca o ambiente, faça lavagem nasal e tenha alimentação regular. “Outra dica é evitar ambientes aglomerados e fechados. Nesses locais, há maiores tendências de ficar doente”, diz.


Previsão
As chuvas no Distrito Federal devem ficar mais intensas esta semana. O Inmet indica que as precipitações, principalmente no período da tarde e da noite, devem ser marcadas por trovoadas. Hoje,  a temperatura mínima deve ser de 19°C e os termômetros podem registrar 24°C ao longo do dia. A umidade relativa do ar varia entre 95% e 70%. 



Cuidados durante o temporal

Confira dicas do Corpo de Bombeiros para evitar os danos causados pelo tempo chuvoso

»  Os pedestres devem evitar guarda-chuvas com
hastes metalizadas. O material pode atrair raios.
O mesmo acontece com pessoas em locais descampados, como campos de futebol; 

»  Evitar usar aparelhos ligados a tomadas,
como celulares e computadores; 

»  Em caso de pistas alagadas, os condutores precisam observar a altura da água. Caso ela seja superior à metade da roda do veículo, o recomendado é buscar um local elevado e estacionar. Porém, o ideal é evitar dirigir em locais alagados, porque a visibilidade de bueiros
e buracos na pista fica comprometida; 

»  Árvores mortas ou próximas a casas podem ter risco de desabamento. Caso alguma esteja nessa condição, o indicado é entrar em contato com as administrações regionais ou com a Companhia Urbanizadora
da Nova Capital (Novacap), que podem fazer
a poda e até a extração;
 
»  Em casos de acidentes, o Corpo de Bombeiros deve ser acionado pelo número de telefone 193.

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