Correio Braziliense
postado em 01/02/2020 04:14
Em 1980, o projeto Sarah foi concretizado e, com uma nova estrutura, projetada pelo arquiteto Lelé, foi inaugurado o Hospital Sarah, em 12 de setembro. Além da funcionalidade, o prédio é agraciado por obras de Athos Bulcão. O arquiteto Haroldo Villar fez parte da equipe e acompanhou de perto o crescimento do hospital. “Aloysio era um médico com um olhar muito amplo e um administrador visionário. Ele tinha essa percepção de realizar uma obra que fosse referencial no Brasil. Eu destaco três pessoas fundamentais para o sucesso do Sarah: o Aloysio, o Lelé na arquitetura, e o Eduardo Kertész, um economista com uma visão avançada”, comenta.
De acordo com Haroldo, o trabalho multidisciplinar na construção desses projetos foi fundamental para a funcionalidade dos espaços. As equipes médicas e os arquitetos trabalhavam em sintonia. Outro ponto de destaque para ele é a boa conservação e a continuidade da equipe que abraça a rede Sarah. “Aloysio comandou o hospital até a morte. Ele cuidava de tudo. Até questões de higiene. Ele não permitia que o chão ficasse 10 minutos sujo, com marca de sapato, não deixava uma lâmpada queimada. Ele tinha esse espírito, de que ali devia ser um lugar de excelência”, ressalta Haroldo.
Uma vida
Um exemplo de continuidade da equipe é a atual presidente da rede, a Dra. Lúcia Willadino Braga. A neurocientista ingressou no Sarah em 1977, quando tinha apenas 19 anos. O objetivo era implementar um tratamento de lesão cerebral usando música. “Quando cheguei com o projeto no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), falaram que eu era muito novinha. Eu fui ao Hospital de Base deixar o projeto, vim aqui, mostrei para o Paz e ele me chamou”, conta.
Andando pelos corredores do Sarinha, ela lembra os primeiros anos, antes da inauguração do novo prédio. “Eu guardava os instrumentos musicais dentro de um ar-condicionado. Para fazer as atividades com as crianças internadas, eu descia elas na cama pela rampa da reabilitação infantil, colocava um tapete no chão e atendia lá fora”, lembra. Assim como o ortopedista Álvaro Massao Nomura, Lúcia acompanhou o crescimento do Sarah e recebeu grandes responsabilidades dentro do hospital. Ela recorda detalhes da nova fase que nascia com a ampliação. “Lembro-me da transferência dos pacientes do Sarinha para o novo prédio. Trazendo o arquivo, varrendo o chão”, relata.
O trabalho era o início de uma carreira vitoriosa. Na rede, ela foi reconhecida internacionalmente pelos tratamentos de lesão cerebral, envolvendo não só a música, mas também a família. Entre as homenagens, o título de doutora honoris causa, pela Universidade de Reims, na França, e o prêmio Distinguished Career Award, da Sociedade Internacional de Neuropsicologia. Em 1994, assumiu a diretoria da rede. “A minha história se mistura com a do Sarah. Eu vim para cá menina e estou aqui até hoje e satisfeita. Trabalhei na abertura das outras unidades, levei pessoas, as formei. Para mim, as unidades são como filhos: criou, tem que cuidar”, destaca.
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