Cidades

Mais do que uma praça: espaços são palcos de grande memórias de gerações

Espaços públicos de convivência recebem atuação constante da população e se transformam em palcos de muitas memórias na vida dos brasilienses

Correio Braziliense
postado em 02/02/2020 08:00
Gilvaldar, Maria Helena e Priscila Rodrigues na Praça Colibri: parceria de todos para a qualidade de vida da comunidade Praça, pracinha, local de convivência, ponto de encontro. São tantos nomes e histórias em torno desses espaços públicos tão presentes no Distrito Federal. Para os mais novos, é um local de brincadeiras, jogos de futebol e de reunião da galera da quadra. Aos mais velhos, esses espaços trazem muitas memórias e carregam grandes encontros e amizades pelo caminho. O sentimento de pertencimento é tão grande que, em alguns pontos a própria população tomou como uma extensão de casa, fazendo benfeitorias.
 
Em Águas Claras, a Praça Colibri, localizada entre as ruas 30 e 31 Sul, tem até uma associação responsável pelo cuidado com o espaço. Morador da região e presidente da associação, Gilvaldar Monteiro, 75 anos, conta que o movimento em torno da praça foi ganhando adeptos com o tempo. “Atualmente a gente tem uma moradora voluntária que varre a praça todos os dias pela manhã. Outras duas reutilizam a água da máquina de lavar para aguar as plantas que ornamentam o espaço. Todo o trabalho é feito em conjunto”, explica.
 
Além do trabalho de manutenção, a comunidade promove oficinas de artesanato para as ornamentações temáticas. No Natal, o espaço ganhou gorros e botas de Papai Noel, bolinhas e enfeites coloridos feitos com material reciclado. A perspectiva é  de que a atividade se repita para a decoração do carnaval. Ao todo, 33 pessoas cuidam do lugar, que se tornou um ponto de encontro dos moradores. “Para nós, a praça é como a sala de visita. Queremos torná-la um ambiente agradável”, ressalta Gilvaldar.
 
A Associação de Moradores do Entorno da Praça Colibri existe há dois anos. O movimento iniciou com um grupo chamado “peludinho”, criado para a interação entre os donos de animais de estimação e para a arrecadação financeira para a confecção dos suportes de sacolas plásticas que seriam utilizadas na coleta das fezes dos bichinhos. Com o tempo, uma moradora sugeriu a implementação de plantas na praça com jardineiras coloridas. Logo a ideia ganhou o apoio de mais pessoas e a associação se transformou em algo maior. Atualmente o espaço conta com uma horta comunitária.

Conversa


A estudante Priscila Rodrigues, 39, afirma que a praça trouxe muitos amigos. “Minha família é toda do Sul, a maioria das pessoas que eu conheço e amigos são daqui”, conta Priscila, que mora em Águas Claras há 7 anos com o marido. Todos os dias, ela desce para passear com a cachorrinha e acaba ficando mais um pouco para conversar com outros moradores. A aposentada Maria Helena, 54, faz parte desse grupo. “O maior movimento é de pessoas que vêm com os animais de estimação. E, por ter algo em comum, o contato é maior”, relata. Mas o local não contempla apenas histórias positivas. Maria conta que há problemas com drogas no local. “Até queimaram uma das palmeiras aqui em frente”, revela.
 
Na região, assim como a Colibri, há outras praças que foram adotadas pela população. Entre elas, estão Condor (em frente a estação do metrô Arniqueira), Jandaia (205 Sul) e a praça em frente ao Condomínio Calliandra (rua 19), que foi contemplada pelo projeto Adote Uma Praça proposto pelo Governo do Distrito Federal em parceria com iniciativa privada ou popular.
De acordo com levantamento feito pela Secretaria Executiva das Cidades, o Distrito Federal tem ao menos 600 praças distribuídas pelas cidades. A manutenção, em sua maioria, fica a cargo das administrações regionais, em parceria com outros órgãos como o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), que realiza a limpeza, e a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) para a poda.
 

Churrasco


No Guará, a aposentada Cida Maria da Rocha, 53, conta que adora ficar sentada nos bancos da praça. “Hoje estou aqui esperando a minha filha sair de um compromisso. Mas lá no Cruzeiro, onde eu moro, é muito comum os moradores se reunirem, aos finais de semana, com churrasco. Fiz muitas amizades assim. É uma forma de entrosar, com a rotina do dia a dia, a gente acaba não conhecendo o próprio vizinho”, relata Cida que já transitou por várias praças do DF. “Isso aqui é novo, eu lembro quando era tudo cerrado. Foi um grande ganho para a população”, afirma.
 
Para o feirante Alan Rodrigues, 43, é uma forma de garantir o próprio sustento da família. Há 20 anos ele expõe frutas e verduras na praça da QE 30, no Guará II. “Essa é uma das melhores praças aqui do Guará. As pessoas são gente boa. Tenho cliente assíduo que vem todos os dias comprar aqui comigo”, ressalta. Nos primeiros 10 anos do negócio, Alan saia de casa cedo no Riacho Fundo para vender os produtos orgânicos no Guará, às 8h. Atualmente ele mora na região.
 

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