Correio Braziliense
postado em 07/02/2020 04:07
O Governo do Distrito Federal corre contra o tempo para evitar uma escalada maior dos casos de dengue no Distrito Federal. Após decretar estado de emergência há duas semanas, o governador Ibaneis Rocha (MDB) quer aumentar o número de agentes comunitários de saúde e de vigilância ambiental em saúde para combater a doença. O chefe do Executivo local pretende ampliar o pedido por contratações de 600 para 1 mil profissionais, via processo seletivo do Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (Iges/DF). Ele fez o anúncio na manhã de ontem, durante a inauguração do trecho conhecido como Pista do Jockey, na Estrada Parque Vale (EPVL), entre a Estrada Parque Taguatinga e a Via Estrutural.
Na ocasião, o governador também divulgou ações conjuntas com o Corpo de Bombeiros. De acordo com Ibaneis, a partir da próxima segunda-feira, os estudantes serão prioridade. “Vamos mobilizar as crianças das regiões onde os focos de dengue são maiores e instalar tendas para facilitar o tratamento. Estamos montando um programa, porque as crianças também têm o poder de cobrar dos pais a limpeza dentro das suas casas”, disse o governador. O chefe do Executivo local também pediu ajuda à população no combate aos criadouros do mosquito Aedes aegypti.
A procura de pacientes com suspeita de dengue nos hospitais do DF fez a Secretaria de Saúde adotar estratégias, como a instalação de salas de hidratação oral. De acordo com o GDF, o serviço tem o objetivo de intensificar o combate à doença. No local, profissionais de enfermagem prestam os primeiros atendimentos à população antes de serem avaliados por um médico. Exames preliminares também são realizados.
Segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, 1.419 pessoas contraíram dengue no DF, em janeiro de 2020. O número é 84,1% maior em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda de acordo com o levantamento, do total de infectados, 1.296 são moradores do DF. Sobradinho 2 e Sobradinho aparecem como as regiões com maior incidência da doença, com 113 e 109 casos, respectivamente.
O morador de Planaltina José Feitoza, 64 anos, teve dengue. Segundo o técnico em administração, ele contraiu a doença há seis meses. “Quase morri. A minha filha pegou dengue e zika no ano passado também”, lamentou. Morador de Águas Lindas de Goiás, o vigia Valdir Lisboa, 47, trabalha no Setor Habitacional Taquari e acredita que a população poderia fazer mais para impedir a proliferação de mosquitos na área. “Atuo como vigia há seis meses lá e não vejo nenhuma manutenção ou varredura. Todos ignoram a situação”, denunciou.
Questionamento
Em representação da procuradora do Ministério Público de Contas do DF (MPC/DF) Cláudia Fernanda de Oliveira Pereira, o órgão questionou a publicação do Edital nº 7/20, do Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (Iges/DF), para a realização de processo de seleção para vigilantes ambientais em saúde. Nela, a procuradora chama a atenção para as “sucessivas contratações desses profissionais, seja por seleções temporárias, seja pelo aproveitamento de mão de obra via convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), sem que as respectivas carreiras sejam implementadas de forma perene, com mão de obra selecionada por concurso público”.
A procuradora Cláudia Fernanda também pediu explicações sobre o fato de o Iges/DF realizar a seleção, e não a Secretaria de Saúde. Procurado pelo Correio, o GDF solicitou que a reportagem entrasse em contato com representantes do instituto. Em nota, o Iges/DF informou que não recebeu nenhuma notificação referente à representação do Ministério Público de Contas do DF em relação à seleção de agentes comunitários de saúde e de vigilância ambiental. Segundo a entidade, o processo seletivo é feito “por cooperação técnica, sem fins lucrativos”. Ainda segundo o Iges, “a contratação dos profissionais é uma realização da Secretaria de Saúde do DF”.
De acordo com a instituição, a seletiva teve 52.438 candidatos, sendo 28.223 para a vaga de Agente Comunitário de Saúde (ACS) e 24.215 para Agente de Vigilância Ambiental em Saúde (AVA).
» Colaborou Ana Clara Avendaño (estagiária sob supervisão de Guilherme Goulart)
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