Correio Braziliense
postado em 08/02/2020 04:16
Marcas de tiros nas portas de vidro de uma boate do Setor Hoteleiro Sul denunciam o crime cometido na madrugada de ontem. Em 10 segundos, dois homens armados executaram um dos funcionários, sem dar chance de defesa à vítima, de 37 anos. Após um dia de investigação, a polícia tem mais dúvidas do que certezas em relação ao assassinato de Anderson Soares da Silva. A apuração segue sob responsabilidade da 5ª Delegacia de Polícia (área central de Brasília), mas ninguém havia sido preso até o fechamento desta edição.
O Correio esteve ontem no local do crime, a boate Alfa Pub, no térreo do Hotel Bonaparte, na Quadra 2. Cerca de 10 metros separam a entrada da boate da recepção do hotel. Estabelecimentos comerciais e escritórios funcionam a poucos metros da casa noturna. No entanto, um salão de beleza é a única loja entre o ponto onde Anderson Soares foi assassinado e o acesso ao Bonaparte, um complexo hoteleiro com 267 unidades comerciais e residenciais. A fachada com vidros escuros impede a vista da parte interna da casa noturna. E são os mesmos destruídos pelos tiros da madrugada.
Dono da boate, o empresário Nemias Semesato, 38, não sabe o que poderia ter motivado o assassinato do funcionário. “A gente está sem entender. É muito estranha uma execução destas. O Anderson era um cara bom. Conheço-o há 20 anos. Servimos ao Exército até 2005, quando eu saí. Ele permaneceu como cabo até 2008, quando veio trabalhar comigo no bar”, conta. Nemias não acredita que o crime tenha relação com o trabalho de Anderson na Alfa Pub. “O problema não foi com o bar. Espero que isso seja solucionado logo. A gente não sabe a causa dessa morte. Sabemos que foi uma execução, de alguém que veio de fora”, disse.
Tiros
Câmeras de segurança gravaram o homicídio. As imagens mostram dois homens vestidos com casacos e encapuzados, que chegaram correndo ao local à 1h51. Anderson estava distraído, sentado em um banco. Rapidamente, um dos criminosos sacou a arma, enquanto o comparsa puxou outras duas. Ao perceber a movimentação, um outro homem, que estava na recepção, ao lado da boate, correu para dentro do hotel. Em seguida, um dos suspeitos atirou diversas vezes contra Anderson, enquanto o outro disparou contra a porta do estabelecimento.
Após descarregar a arma na vítima, um dos criminosos sacou uma segunda arma e continuou a atirar no funcionário, já caído ao chão. Os criminosos, então, fugiram em direção ao Setor Comercial Sul. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado para prestar socorro, mas os médicos constataram a morte no local.
Denúncias
Alexandre Alarcão, advogado do complexo Bonaparte, onde funcionam o hotel e a boate, afirma ter notificado a polícia e o dono do estabelecimento onde ocorreu o crime sobre supostas irregularidades que aconteceriam no local. “Cabe à polícia investigar se está acontecendo exploração sexual e tráfico de drogas. O nosso papel é notificar para que as autoridades tomem as medidas necessárias”, explicou.
De acordo com o advogado, o Alfa Pub funcionava em horário não permitido. “Tem uma coisa que a gente entende ser muito relevante. O estabelecimento tem licenciamento para funcionar até as 23h. Eles não cumprem. Ou seja, no horário em que aconteceu o crime, eles deveriam estar fechados. O condomínio tem notificado a boate sobre essa questão. Se eles tivessem cumprido o horário, poderia não ter acontecido isso”, completou.
Parte das 267 unidades do hotel é de apartamento residencial. “Tem famílias que moram aqui. E o condomínio é uma vítima de um crime que aconteceu no térreo, em uma boate que funciona aqui. As pessoas estão assustadas. Os tiros, como vemos nas imagens de segurança, foram dados para o lado, também. Poderia ter acertado alguém que estava vindo para casa”, reclama Alexandre. O advogado adiantou que o condomínio estuda medidas a serem tomadas contra o estabelecimento.
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