Cidades

A confiança voltou

Correio Braziliense
postado em 11/02/2020 04:18

 

Em entrevista ao CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, o superintendente do Sebrae/DF, Valdir Oliveira, disse que está otimista com a economia do Distrito Federal em 2020. Ele afirmou que o brasiliense se mostra confiante, principalmente para empreender. Entre os principais setores, ele destaca o de serviços e o comércio como os melhores para investimento na capital federal. Também deu dicas para quem pensa em abrir o próprio negócio. Além disso, Valdir conta que discorda do discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o servidor público é parasita e fez elogios ao governo de Ibaneis Rocha (MDB).

O que o Sebrae planeja para transformar Brasília em uma cidade mais empreendedora em 2020? 
Cada negócio foi feito para uma pessoa. Cada pessoa foi feita para um negócio. O que está dando certo para uns não necessariamente vai dar certo para todos. Duas coisas são importantes para quem quer montar um negócio. Primeiro, precisa ter identidade com aquela vocação, porque o pequeno empresário faz tudo: compra, vende, produz. Já imaginou não gostar de animais e montar uma pet shop? Você não vai aguentar aquilo. A segunda é conhecer o mercado em que está se inserindo. Se fizer essas duas coisas, as chances e dar certo são enormes.

Olhando para o mercado, quais são as áreas que hoje o senhor aconselharia as pessoas a apostarem mais?
Serviço tem tudo a ver com o DF. Porque o nosso mercado em Brasília tem um consumidor diferenciado. Nós temos uma renda per capita muito elevada. E ela nos garante um consumo diferenciado. Aquilo que é supérfluo em determinados mercados pode dar certo em Brasília. Se a gente olhar para o nosso modelo de mercado, para Brasília, a gente vai ver que comércio e serviço acabam dominando a nossa economia, principalmente serviço. Mas isso não pode ser o único indicativo para a sua opção de negócio. É importante dizer isso, porque estamos fazendo aqui utilidade pública e temos de ter cuidado para não direcionar a frustração de um sonho, porque ter um negócio é um sonho.

Quais são hoje as principais dificuldades e os problemas para resolver nesse setor, nas pequenas e médias empresas?
Se você fizer essa pergunta para o empresário, ele sempre vai dizer que ele não tem acesso a crédito, e ele paga imposto demais. Ele não consegue enxergar o próprio problema. Não é que esses dois problemas não existem, eles existem. A nossa carga tributária é bastante elevada, e o crédito é difícil ter acesso, principalmente em momento de crise. Ele se esquece de olhar para dentro do próprio negócio. Porque, às vezes, você tem uma determinada vocação para alguma coisa, de repente tem habilidade para cozinha, para costura, mas tocar um negócio é diferente. Tem coisas básicas de gestão que precisam ser observadas. Quando a gente junta esse perfis, o negócio tem uma grande chance de sucesso. Um bom exemplo é a franquia. Nela, o empreendedor fez o trabalho dele, desenvolveu o produto, o nicho de mercado, como vender. O que ele precisa? De um tocador, de um bom gestor. A gente sempre recomenda que esse dois perfis trabalhem juntos para aumentar a probabilidade de sucesso.

O que pode se esperar da reforma tributária que está sendo discutida no Congresso?
Acho que simplificação. Se eu pudesse resumir a necessidade dos nossos empresários, é isso.

A gente passou por crise econômica, estamos tentando sair dela. O senhor observa esses microempreendedores também saindo dessa crise ou não?
Eles estão dando sinais. O Sebrae é um bom termômetro tanto para a entrada quanto para a saída da crise. Em 2019, batemos o recorde de atendimento. Nunca na história do Sebrae/DF se atendeu a tantos empreendedores como no ano passado. Foram 78 mil empreendedores, CNPJs. Significa que a confiança voltou e que as pessoas estão voltando a empreender. Economia é muito em cima de confiança, expectativa. Acho que 2020 promete ser um ano muito bom.

Qual é o sentimento do senhor hoje?
É de otimismo. As pessoas estão acreditando. Tenho muita fé em 2020. Acho que será um ano muito bom para o DF. As pessoas estão voltando a acreditar, a investir. Os sinais que a gente está vendo são positivos.

Pensando na postura do governo federal, as declarações às vezes atrapalhadas do presidente Jair Bolsonaro, do ministro Paulo Guedes, como a dos parasitas, se referindo ao funcionalismo público, pode atrapalhar nesse momento de otimismo?
Atrapalha muito, porque você não dialoga com esse tipo de crítica, que tem a função de denegrir. A boa crítica é analítica. O ministro trouxe um debate liberal importante para o país. Não acredito que o Brasil vai virar liberal, porque a nossa cultura não é essa.

Como estão trabalhando com o corte do governo no sistema S?
Já teve o corte no Sebrae a partir de janeiro. Tiraram o montante de R$ 654 milhões do orçamento total de todo o sistema. Aqui no DF foram retirados R$ 8,7 milhões. É uma pena. Eles retiraram recurso do Sebrae para poder fazer uma atuação de venda do destino Brasil lá fora. É como se eu tirasse dinheiro da arrumação da casa para convidar pessoas para vir para casa. Fica confuso compreender, nesse caso, a prioridade.



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