Correio Braziliense
postado em 17/02/2020 04:35
Voltei. E apesar dos esforços monumentais para encontrar assuntos, motivos e inspirações distantes do óbvio, farei aquilo que o coração manda. Agora é assim, ninguém cala o que bate mais forte no peito, domina os pensamentos e os sentimentos. Ninguém para essa força visceral.
Sou mãe. Anos de sonho, meses de expectativa, dias de mergulho no desconhecido mais emocionante que já vivi. Eu sabia que deveria esperar por algo assim. Mas não fazia ideia do que isso significava. Ignorava o peso da maternidade. Apenas com aquela criança nos braços, pude perceber o quanto subestimava esse papel.
Veja, essa sempre foi a prioridade absoluta nos meus planos de vida. Ao ponto de ser o único elemento que me faria cogitar deixar a carreira em segundo plano ou até mesmo abandoná-la. Ainda assim, só foi possível entender a potência de um nascimento quando senti o calor da pele aveludada tocando minha face.
Tive medo, sim, de demorar a amar aquele bebê frágil, inchado, ainda com o rostinho genérico das crias que nascem dos nossos ventres. Mas me apavorei, foi no momento em que senti, instantaneamente, o maior amor do mundo. As lágrimas de emoção correram sem pudor e acordei para viver um sonho inimaginável.
Num instante, eu era passado, perdido em conversas de gente grande que faziam pouco sentido. No outro, virei uma mistura de presente e futuro, e entendi todos os sentidos. Mudei. Para sempre. Por ela. Por nós três.
Essa conexão louca, desvairada, fez as noites em claro parecerem suspiros do vento que uiva ao passar debaixo da porta. Voltei a assistir a novela, passei a gostar de textos de autoajuda, admirei outras poesias, atualizei a playlist e inclui rotas nos planos de férias.
A maternidade me transformou em um ser humano assim, com menos receio da pieguice e do clichê. Ensinou a respeitar as escolhas de todas as mulheres e a defender os direitos delas (os nossos) a qualquer preço. Permitiu amar além. Meus dias agora têm nome, cor, cheiro e gostinho de quero mais: Alice.
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