Correio Braziliense
postado em 18/02/2020 04:08
Há uns dois anos, passei por Curitiba, a terra do implacável Dalton Trevisan, e, ao caminhar pelo centro da cidade, divisei um enorme pastel na vitrine de salgadinhos de uma lanchonete. Gosto muito de pastel de palmito, embora saiba que costumam ser encharcados de óleo e não fazem bem à saúde. Entrei na lanchonete, pedi um e experimentei. Estava muito bom, não era só de vento, tinha a massa delicada e o recheio de sustança.
Era quase um almoço. Depois de terminar de comer, perguntei à moça da lanchonete qual era o preço. Ela me informou, mas não acreditei no que ouvia e insisti: “R$ 13?” A moça reiterou: “Não, R$ 3”. Com certeza, em Brasília seriam 13 surreais. É impressionante como tudo em Brasília é mais caro do que em outras capitais. E, muitas vezes, com qualidade inferior.
Brasília tornou-se a terceira metrópole brasileira, com mais de 3 milhões de habitantes. Parece que as pessoas pensam que todos são milionários ou marajás. Vejam o caso do jogo do Flamengo contra o Atlhetico-PR na decisão da Supercopa, no último domingo. Cobraram R$ 200 para arquibancada superior e R$ 300 para a inferior. É um preço abusivo para quem pode pagar e proibitivo para os flamenguistas mais pobres. O time rubro-negro sempre foi popular, mas caminha para se tornar um clube de elite econômica.
Além disso, quem foi assistir ao jogo pagou R$ 25 para entrar no estacionamento do Mané Garrincha. Lá dentro da arena, a situação não melhorou. Um copo de água custava R$ 5; o refrigerante, R$ 6; um churro ou cerveja mais barata, R$ 10. É muito salgado. Gosto muito de assistir a jogos no Mané, mas não fui por causa dos preços estratosféricos. Não ganho em surreais.
A localização do estádio é excelente e deve ser uma das melhores arenas das capitais no país. Se alguém fica em um hotel, caminha cinco minutos e está no Mané. A saída também é tranquila. O ponto de ônibus para as cidades da periferia fica em frente ao estádio. No entanto, imagine que você vá e leve mais duas pessoas da família, com ingresso a R$ 200, mesmo considerando que dois paguem meia-entrada.
São R$ 400. Não é um jogo da Seleção Brasileira. Mesmo assim, a arena atraiu 50 mil pessoas. Os organizadores do jogo devem avaliar que está tudo bem, que foi um sucesso. Mas me permito ao menos expressar o meu espanto com os preços extorsivos. E continuo indignado com a maneira que a diretoria do Flamengo trata as famílias dos meninos que morreram no incêndio no Ninho do Urubu. Aquilo foi uma irresponsabilidade. Empurrar o caso com a barriga é uma vergonha para a diretoria do time mais popular do Brasil.
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